Um caminho sinodal: Proposta do Papa Francisco
«O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio»
1.
Introdução
A palavra Sínodo vem do grego Syn-hodos que significa “caminhar juntos”. Deste significado, que
parece simples na sua compreensão, mas comprometedor e difícil para se colocar
em prática, decorre o modo de ser da Igreja.
A sinodalidade na Igreja Povo de Deus, “manifesta e realiza
concretamente o ser comunhão no caminhar juntos, no reunir-se em assembleia e
no participar ativamente de todos os seus membros em sua missão evangelizadora”
(cf. Comissão Teológica Internacional, 2018).
A Nos dias 09 e 10 de outubro de 2021, deu-se em Roma a
abertura do caminho sinodal, com a finalidade de preparar e fazer acontecer
mais um Sínodo, que finalizará em outubro de 2023.
“Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
2.
Processo
O caminho sinodal acontecerá em três instâncias de
reflexão, até 2023. A primeira delas é a base de consulta com um grande
exercício de escuta, se dará nas Dioceses de todo o mundo.
Abertura: domingo (17/10);
Término: março de 2022.
2.1
Fase diocesana
As Dioceses são convidadas a realizar uma assembleia
pré-sinodal, momento de encontro com sua realidade eclesial e oferecer suas
contribuições às Conferências Episcopais de seu país. Estas são a segunda
instância, assim, num processo participativo, recolhidos os resultados, então,
as Conferências farão uma síntese e entregarão à Comissão Especial para o
Sínodo, a fim de que se prepare um Documento de trabalho.
Esta primeira etapa do processo sinodal fornece a base para
todas as outras fases que se seguem. Mais do que responder a um questionário, a
fase diocesana pretende oferecer ao maior número de pessoas uma experiência
verdadeiramente sinodal de escuta e caminhada juntos, guiados pelo Espírito
Santo.
2.2
Fase nacional (Conferência episcopal)
Assim tem início a segunda fase do caminho sinodal, o
caminho “continental”, programado para durar até março de 2023. O objetivo é
dialogar a nível continental sobre o texto do “Instrumentum laboris” e
realizar, em seguida, um ato ulterior de discernimento à luz das
particularidades culturais específicas de cada continente. Cada reunião
continental dos episcopados nomeará, por sua vez, antes de setembro de 2022, um
responsável que atuará como referência junto aos próprios episcopados e à
Secretaria do Sínodo. Nas Assembleias continentais será elaborado um documento
final, a ser enviado em março de 2023 para a Secretaria do Sínodo. Ao mesmo
tempo das reuniões continentais, também se deverão realizar assembleias
internacionais de especialistas, que poderão enviar suas contribuições. Por
fim, será elaborado um segundo Instrumentum laboris, cuja publicação está
prevista para junho de 2023.
2.3
Fase Universal
Este longo percurso, que quer configurar um exercício da
colegialidade dentro do exercício da sinodalidade, culminará em outubro de 2023
com a celebração do Sínodo em Roma, de acordo com os procedimentos
estabelecidos na Constituição promulgada em 2018 pelo Papa Francisco, chamada “Episcopalis
Communio”.
2.4
Documentos
Vademecum para o
Sínodo sobre a Sinodalidade;
Documento
preparatório para o Sínodo.
3.
Convite e Motivação
O Papa Francisco,
desde o início de seu pontificado, vem se esforçando para colocar a Igreja nos
trilhos da sinodalidade.
Não é um caminho
novo, contudo uma exigência atual de se retomar este caminho.
Ser uma Igreja
sinodal não é apenas um slogan ou uma metodologia de projeto a ser executado,
mas é a essência da Igreja.
4.
Questões
Este Sínodo coloca a
seguinte questão fundamental: Uma Igreja sinodal, ao anunciar o Evangelho,
“caminha junto”. Como esta “jornada juntos” está acontecendo hoje em sua Igreja
local? Que passos o Espírito nos convida a dar para crescer em nosso “caminhar juntos”?
( PD , 26)
Ao responder a esta pergunta,
somos convidados a:
- Relembre as nossas
experiências: Que experiências da nossa Igreja local esta pergunta traz à
mente?
- Releia essas experiências
com mais profundidade: Que alegrias elas trouxeram? Que dificuldades e
obstáculos eles encontraram? Que feridas eles revelaram? Que percepções eles
obtiveram?
- Recolher os frutos
para compartilhar: Onde nessas experiências ressoa a voz do Espírito Santo?
O que o Espírito está
pedindo de nós? Quais são os pontos a serem confirmados, as perspectivas de
mudança, os passos a serem dados? Onde registramos um consenso? Que caminhos se
abrem para nossa Igreja local?
4.1
Questões por temas
1. COMPANHEIROS NA
VIAGEM
Na Igreja e na
sociedade estamos lado a lado no mesmo caminho. Em nossa Igreja local, quem são
os que “caminham juntos”? Quem são aqueles que parecem mais distantes? Como
somos chamados a crescer como companheiros? Que grupos ou indivíduos ficam à margem?
2.
OUVINDO
Ouvir é o primeiro
passo, mas requer mente e coração abertos, sem preconceitos . Como Deus está
falando conosco por meio de vozes que às vezes ignoramos? Como são ouvidos os
leigos, especialmente as mulheres e os jovens? O que facilita ou inibe nossa
escuta? Como ouvimos bem os que estão nas periferias? Como se integra a
contribuição de homens e mulheres consagrados? Quais são algumas das limitações
em nossa capacidade de ouvir, especialmente aqueles que têm pontos de vista
diferentes dos nossos? Que espaço existe para a voz das minorias, especialmente
das pessoas que vivem em situação de pobreza, marginalização ou exclusão
social?
3. FALANDO
Todos são convidados
a falar com coragem e parrhesia, isto é, em liberdade, verdade e caridade. O
que permite ou impede falar com coragem, franqueza e responsabilidade em nossa
Igreja local e na sociedade? Quando e como conseguimos dizer o que é importante
para nós? Como funciona a relação com a mídia local (não apenas a mídia católica)?
Quem fala em nome da comunidade cristã e como são escolhidos?
4. CELEBRAÇÃO
O “caminhar juntos”
só é possível se for baseado na escuta comunitária da Palavra e na celebração
da Eucaristia. Como a oração e as celebrações litúrgicas realmente inspiram e guiam
nossa vida comum e missão em nossa comunidade? Como eles inspiram as decisões
mais importantes? Como promovemos a participação ativa de todos os fiéis na liturgia?
Que espaço é dado à participação nos ministérios do leitor e acólito?
5. COMPARTILHAR A
RESPONSABILIDADE PARA NOSSA MISSÃO COMUM
A sinodalidade está
ao serviço da missão da Igreja, da qual todos os membros são chamados a
participar. Sendo todos discípulos missionários, como todo batizado é chamado a
participar da missão da Igreja? O que impede os batizados de serem ativos na
missão? Que áreas da missão estamos negligenciando? Como a comunidade apoia seus
membros que servem a sociedade de várias maneiras (envolvimento social e
político, pesquisa científica, educação, promoção da justiça social, proteção
dos direitos humanos, cuidado com o meio ambiente, etc.)? Como a Igreja ajuda
esses membros a viverem seu serviço à sociedade de maneira missionária? Como é
feito o discernimento sobre as escolhas missionárias e por quem?
6. DIÁLOGO NA IGREJA
E NA SOCIEDADE
O diálogo requer
perseverança e paciência, mas também permite o entendimento mútuo. Até que
ponto os diversos povos de nossa comunidade se reúnem para o diálogo? Quais são
os lugares e os meios de diálogo na nossa Igreja local? Como promovemos a colaboração
com dioceses vizinhas, comunidades religiosas da região, associações e movimentos
leigos, etc.? Como as divergências de visão ou conflitos e dificuldades são resolvidos?
A que questões específicas da Igreja e da sociedade precisamos prestar mais atenção?
Que experiências de diálogo e colaboração temos com crentes de outras religiões
e com quem não tem afiliação religiosa? Como a Igreja dialoga e aprende com
outros setores da sociedade: nas esferas da política, da economia, da cultura,
da sociedade civil e das pessoas que vivem na pobreza?
7. ECUMENISMO
O diálogo entre
cristãos de diferentes confissões, unidos por um batismo, tem um lugar especial
no caminho sinodal. Que relacionamento a comunidade da nossa Igreja tem com membros
de outras tradições e denominações cristãs? O que compartilhamos e como caminhamos
juntos? Que frutos tiramos de caminhar juntos? Quais são as dificuldades? Como
podemos dar o próximo passo para caminharmos juntos?
8. AUTORIDADE E
PARTICIPAÇÃO
Uma igreja sinodal é
uma Igreja participativa e corresponsável. Como a comunidade da nossa Igreja
identifica os objetivos a serem perseguidos, a maneira de alcançá-los e os passos
a serem dados? Como a autoridade ou o governo são exercidos em nossa Igreja local?
Como o trabalho em equipe e a corresponsabilidade são colocados em prática? Como
as avaliações são conduzidas e por quem? Como os ministérios leigos e a responsabilidade
dos leigos são promovidos? Tivemos experiências frutíferas de sinodalidade em
nível local? Como funcionam os órgãos sinodais no nível da Igreja local (conselhos
pastorais nas paróquias e dioceses, conselho presbiteral, etc.)? Como podemos promover
uma abordagem mais sinodal em nossa participação e liderança?
9. DISCERNIR E
DECIDIR
Em um estilo sinodal,
tomamos decisões através do discernimento do que o Espírito Santo está dizendo
por meio de toda a nossa comunidade. Que métodos e processos usamos na tomada
de decisões? Como eles podem ser melhorados? Como promovemos a participação na
tomada de decisões dentro das estruturas hierárquicas? Nossos métodos de tomada
de decisão nos ajudam a ouvir todo o Povo de Deus? Qual é a relação entre consulta
e tomada de decisão, e como as colocamos em prática? Quais ferramentas e procedimentos
usamos para promover transparência e responsabilidade? Como podemos crescer no
discernimento espiritual comunitário?
10. FORMANDO-NOS EM
SINODALIDADE
Sinodalidade implica
receptividade à mudança, formação e aprendizagem contínua. Como a comunidade da
nossa igreja forma as pessoas para serem mais capazes de “caminhar juntas”,
ouvir umas às outras, participar na missão e se engajar no diálogo? Que
formação se oferece para favorecer o discernimento e o exercício da autoridade
sinodal?
(questões extraídas do Documento Preparatório, disponibilizado pela CNBB)
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