Espiritualidade para MESCE's

 

 

TEXTO ILUMINADOR: Mt 14, 1-21

Do Evangelho de São Mateus.

14Vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes. 15Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: “Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia”. 16Jesus, porém, respondeu: “Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer”. 17“Mas” – disseram eles – “nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes.” – 18“Trazei-mos” – disse-lhes ele. 19Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo. 20Todos comeram e ficaram fartos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios. 21Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças.

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DINÂMICA

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Ouvir a música o Hino da Campanha da Fraternidade 2023 (link: https://www.youtube.com/watch?v=dThBPlxWBJw).

Pode ser o amplificado áudio na caixa de som ou entoada por um grupo de canto presente.

Depois de ouvir, exercitar, em breve momento, a contemplação da cena com o auxilio da canção.

Breve instante de silêncio.

 

REFLEXÃO E MEDITAÇÃO:

 

1.     Ser ministro extraordinário da comunhão

Antes de tudo, para que entremos no processo de interiorização e conscientização do que é serviço de MESCE, pensemos em uma escada. A cada tópico aqui tratado, subiremos um degrau a fim de atingir a meta. Trata-se da escada da nossa espiritualidade. Desse modo, no primeiro degrau temos que delimitar o que é ser ministro extraordinário da comunhão:

Ora, ministro, na linguagem litúrgica, deriva do termo grego diakonía e significa todo aquele que realiza um serviço eclesial[1]. Isto é, portanto, um fato. Todos os que servem, são ministros. No entanto, cada qual possui sua função.

Os ministros extraordinários, por sua vez, são aqueles cuja função não são ordinárias, isto é, fazem o que fazem para auxiliar o pároco mediante as necessidades pastorais. É o caso dos MESCE’s que, estão aptos para distribuírem a Sagrada Eucaristia por um tempo determinado, o que chamamos de provisão. Esse tempo de provisão é necessário para não dar um ar de ministério perpétuo, mas sim, extraordinário. Portanto, o ministro ordinário da Eucaristia é o ministro ordenado: Diácono, Padre e Bispo.

Agora, o nosso foco deve estar voltado para outra questão: precisamos compreender o que é ser “comunhão”. Comunhão é ser de “comum união” com os irmãos. Ora, não podemos falar de comunhão quando em nossa comunidade há fofoca, intriga, inveja, disputa e tantos outros sentimentos que ferem a vivencia do Evangelho.

Para ser ministro da comunhão é preciso estar em harmonia pessoal (consigo mesmo), na profunda obediência eclesial (com o papa, o bispo e o pároco), e também com os irmãos da própria comunidade (paroquial e familiar).

 

2.   Ser ministro da comunhão eucarística

Somente depois de ter a consciência necessária para saber o que é ser “ministro”, “extraordinário” e “da comunhão”, agora podemos avançar mais um degrau da nossa escada espiritual. Em outras palavras, somente sendo ministros que sabem fazer comunhão é que poderemos ser os ministros da Eucaristia, porque a Eucaristia é comunhão.

 

O que é a Eucaristia:

Tanto os Evangelistas São Mateus, São Marcos, São Lucas, quanto o Apóstolo Paulo nos dizem que na última ceia Jesus tomou o Pão e o Vinho em suas mãos e “deu graças”. Daí, temos a palavra grega “eucharistia”, que significa “ação de graças”. Esta, por sua vez, resultou o nome do sacramento: EUCARISTIA.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que a Eucaristia é, ao mesmo tempo, sacrifício e sacramento (CCE, 1322; 1362)[2]:

a.      Como sacrifício, a Eucaristia é a ação divina em que Jesus, por meio de um sacerdote, transforma o pão e o vinho no seu próprio Corpo e Sangue. Faz-se, no tempo presente, o oferecimento de Si próprio (aquele mesmo do Calvário, porém incruento, isto é, sem sangue) em favor dos homens.

b.      Como sacramento, a Eucaristia adquire o Ser de Cristo, isto é, o milagre da transubstanciação. Por isso, Jesus torna-se presente sob as aparências do pão e do vinho. E enquanto essas aparências permanecerem, Jesus continua a estar presente e o sacramento da Sagrada Eucaristia continua a existir nelas.

O ato pelo qual se recebe a Sagrada Eucaristia chama-se Sagrada Comunhão: a mesma comunhão necessária para que sejamos todos irmãos. Podemos dizer, desse modo, que a Missa é a confecção da Sagrada Eucaristia e que a comunhão é a sua recepção.

Na Eucaristia, Cristo dá aquele mesmo corpo que entregou na cruz e aquele mesmo sangue que derramou pela multidão em remissão dos pecados (Mt 26, 28; CCE, 1365). Enfim, a comunhão eucarística do Corpo e do Sangue de Cristo nos concede alguns de frutos:

a.      aumenta a união do comungante com o Senhor;

b.      perdoa-lhe os pecados veniais;

c.       preserva dos pecados graves.

 

Celebrar a Eucaristia:

Celebrar significa dar importância, tornar célebre, festejar. É também realizar uma ação solene, honrar, exaltar, cercar de cuidado e de estima. O ser humano é essencialmente celebrativo. Não a toa, os povos de todos os tempos e culturas possuíam e possuem ritos festivos para celebrar momentos centrais da vida: aniversários, conquistas, promoções, aprovações, formatura etc.

Refletindo no que Jesus disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isso em memória de mim” (Lc 22, 19b); bem como: “Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18, 20), concluímos que celebrar significa também atualizar, ou seja, trazer para o hoje da nossa história. Todos nós celebramos a Eucaristia: cada um com sua função.

 

3.     O Compromisso: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)

Enfim, chegamos em nosso terceiro e último degrau, no entanto, o fato de ser o último não significa que seja mais fácil. Trata do compromisso com o ministério assumido. Ora, Celebrando e Eucaristia, que é alimento para a vida eterna, nós também nos tornamos alimento para os irmãos. Este é maior o desafio!

Lembremos que somos ministros da comunhão; e comunhão se faz na presença, na partilha (dos bens e da vida); e partilha se faz à mesa: colocando-se na companhia dos irmãos para uma refeição, para uma convivência, para um banquete. Todos esses elementos nos fazer recordar o compromisso de “dar nós mesmos de comer” àqueles que têm fome de justiça, de paz, de alegria e de afeto. Os MESCEs que levam comunhão eucarística aos doentes precisam responsabilizar-se em levar também a presença fraterna, além da presença sacramental da eucaristia.

É como uma verdadeira refeição: vários ingredientes diferentes que, unidos, trabalhados, picados e temperados, formam um delicioso prato: somos nós ingredientes na “cozinha de Deus” quando nos fazemos irmãos. Ademais, a cozinha é local de intimidade em nossa casa. O mesmo se diz na “cozinha de Deus”, pois, se nela estamos, é porque somos íntimos do Pai. Na intimidade, nos tornamos comunhão com Ele, n’Ele e para Ele.

 

CONCLUSÃO:

 

“Eucaristia não é prêmio para os bons, é remédio para os fracos.” (Papa Francisco)

 

Peçamos os dons do Espírito Santo para tomar consciência e viver tudo aquilo que somos chamados, por vocação, a ser e fazer. Na certeza de que não é sempre fácil, mas que o SIM dado ao convite para assumir o ministério extraordinário da comunhão eucarística, seja um SIM dado diariamente em nossas vidas.

Assim seja.

 

Termos importantes para fixar: COMUNHÃO, REFEIÇÃO, EUCARISTIA, ALIMENTO, COMPROMISSO.

 

                                                          

“Se alguém comer deste pão, viverá eternamente” (Jo 6, 51)

 

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PARA CONSULTAR E SABER MAIS:

Catecismo da Igreja Católica: parágrafos.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Guia Litúrgico-Pastoral. Edições CNBB, 2017.

 

Para a maior Glória de Deus,

Luis Gustavo da Silva Joaquim.



[1] Ver: verbete MINISTÉRIO no Dicionário Teológico Enciclopédico: Léxicon, p. 493-494.

[2] Nota: a devida abreviação de Catecismo da Igreja Católica é CCE.

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