Gestos na Liturgia

 O que é liturgia

A liturgia antecipa o futuro e atualiza (ou presentifica) o passado.

Cristo continua na Igreja, pela liturgia a obra de nossa redenção.

É obra da trindade, mas pertence a todo o povo de Deus.

Em suma, liturgia é serviço em favor do povo, para glorificação de Deus e santificação os homens.

 

Gestos e posições do corpo

 

Liturgia é ação. Toda a liturgia tem suas linguagens simbólica, pois pelos gestos e movimentos que toda a comunidade celebra em unidade.

Ex: Quando o garçom de um bar entrega ao cliente um café, é uma ação funcional, mecanizada. Diferente de quando um anfitrião serve uma xícara de café à visita, porque tem um símbolo, um sentido por detrás da ação.

De pé: respeito, para honrar. (Sobretudo no Maranatha do “eis o mistério da fé”)

Ajoelhado: atitude penitencial, sinal de humildade e arrependimento.

Sentado: escuta do mestre que ensina. Para meditar e fazer ação de graças.

Inclinado: Ou inclinar a cabeça é atitude anterior a bênçãos. Sinal de humildade. Feito também para orações em nomes divinos ou da Virgem Maria.

1. latria (grego: “latreuo”) quer dizer adorar. Deus.

2. dulia (grego: “douleuo”) quer dizer honra, venerar. Santos.

3. hiperdulia (grego: hyper, acima de; douleuo, honra) ou acima do culto de honra, sem atingir o culto de adoração. Virgem Maria.

 

A reverência ao altar

IGMR (significa: Instrução Geral do Missal Romano) 121: “Enquanto a procissão se dirige para o altar, canta-se o cântico de entrada”. A procissão é formada pelo presidente e ministros. O mesmo documento continua assim, no n. 122: “Ao chegarem ao altar, o sacerdote e os ministros fazem uma inclinação profunda” (vênia). A quem? Naturalmente ao altar, que vai ser o centro da celebração e junto do qual se encontram. Não há, portanto, nenhuma genuflexão a Cristo na cruz ou ao altar.

Havendo, porém, o Tabernáculo com o Santíssimo (Sacrário) se ao centro, no fundo do presbitério, por detrás do altar, presidente e ministros, em vez da inclinação profunda ao altar, genufletem ao Senhor, presente no sacrário.

Só depois da inclinação ao altar ou da genuflexão ao Santíssimo é que “O sacerdote se aproxima do altar e venera-o com um beijo”. Porquê? Porque o altar é símbolo de Cristo e também da mesa da última Ceia: “Quando chegou a hora, Jesus pôs-se à mesa e os Apóstolos com Ele” (Lc 22, 14).

 

Procissão

O principal objetivo da procissão é lembrar os fiéis de que todos são peregrinos neste mundo a caminho da Casa do Pai. Uma fila é formada e algumas pessoas vão caminhando até o altar. “Primeiro, nas missas solenes, a gente usa incenso, que vai à frente. Depois vem a cruz; em seguida, as velas; depois os leitores; os ministros extraordinários da comunhão; na sequência, o acólito com o livro do Evangeliário, ou, se estiver presente um diácono, é ele que carrega. Depois, vem o celebrante principal, o presidente, que é o padre, ou se estiver o bispo, vem dois acólitos atrás dele”.

 

O lavabo: antigamente, durante a celebração, o sacerdote tinha de lavar as mãos, pois recebia pessoalmente as ofertas trazidas pelo povo, que geralmente eram mantimentos e animais para sacrifício. Posteriormente, com as ofertas em dinheiro, o gesto passou a significar purificação interior.

 

As velas e tochas

“Segundo a Sagrada Escritura, antes da criação do mundo, tudo era uma grande confusão, o caos, a desordem. Até que Deus mandou que se fizesse a luz (Gn 1,1-3). Os primeiros cristãos chamavam o batismo de “iluminação”, quando o batizando recebia a luz de Cristo. Era também costume colocar uma vela benta nas mãos de uma pessoa que morria, como sinal de sua fé.

Enfim, nas celebrações religiosas (seja a Santa Missa, os sacramentos ou qualquer ato de culto), as velas acesas significam a expressão da vida de fé daqueles que rezam e a presença de Deus entre nós. A vela também traz o sentido de velar, de vigilância, de tomar cuidado para não cair em pecados; o que é uma exigência de quem tem fé em Deus e quer viver segundo a Sua vontade.

Na chama da vela estão presentes as forças da natureza e da vida. Cada vela marca um ano de nossa vida no bolo de aniversário. Para nós cristãos, simboliza a fé, o amor e o trabalho realizado em prol do Reino de Deus. Velas são vidas que se imolam na liturgia do amor a Deus e ao próximo. Tudo isso foi levado para a liturgia do Advento. Com ramos de pinheiro, uma coroa com quatro velas prepara os corações para a chegada do Deus Menino.

 

O turíbulo com incenso

Incenso (do latim: Incendere, "queimar") é composto por materiais aromáticos chamados bióticos (originado por seres vivos - no caso, plantas) que liberam fumaça perfumada quando queimados.

O uso do incenso se originou no Antigo Egito, onde as resinas de goma e resinas oleosas de árvores aromáticas foram importadas das costas da Arábia e Somália para serem usadas em cerimônias religiosas.

Seu uso tem embasamento em passagens bíblicas como "Apresente-se a minha oração como incenso diante de ti..." (Sl 141, 2) e "Subiu o fumo do incenso com as orações dos santos da mão do anjo diante de Deus" (Ap 8, 4).

O propósito primigênio do uso do incenso na missa é simbolizar as orações dos fiéis se elevando a Deus. Ou seja, o uso do incenso é um símbolo de oração.

As formas e tamanhos do incensário, ou turíbulo (do grego tus – incenso) variam muito, mas, sem dúvida, o maior do mundo se encontra em Santiago de Compostela e é utilizado na Missa do peregrino. Chamado de Botafumeiro, pesa 53 quilos e mede 1,5 metro. Uma roldana o segura no alto da abóbada da catedral permitindo que, com ajuda de uma longa corda, seus movimentos alcancem quase toda a largura do transepto. Oito homens, os tiraboleiros, são necessários para pô-lo em funcionamento.

 

Água

A água é vista como sinal da vida, sinal da presença de Deus que transforma a existência humana.

Segundo ensino de Frei Alberto Beckhauser, OFM, o padre no momento em que derrama vinho e um pouco d’água no cálice, diz em voz baixa a seguinte fórmula: Pelo ministério desta água e deste vinho possamos participar da divindade do vosso filho, que se dignou assumir a nossa humanidade.

Este rito tem um significado profundo, pois relaciona Cristo e a Igreja, Cristo e a Humanidade. Os judeus não usavam vinho puro em suas refeições, mas, sempre misturado com um pouco de água; assim, provavelmente, Jesus Cristo na última Ceia deve ter utilizado vinho misturado com água também.

O vinho é considerado bebida nobre. Assim como a água se mistura ao vinho e toma gosto de vinho, é assumida pelo vinho, assim pela Eucaristia também nós somos assumidos por Cristo, somos transformados em Cristo. Nessa perspectiva importa que deixemos dignificar por Cristo e em Cristo (cf. A Liturgia da Missa, pág.58).

 

Cinzas

O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência.

Por exemplo:

·         No livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4,1).

·         Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6).

·         Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: “Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e me impondo o cilício e a cinza” (Dn 9,3).

 

Oração coleta

“O Sacerdote convida o povo a rezar, todos se conservam em silêncio com o sacerdote por alguns instantes, tomando consciência de que estão na presença de Deus e formulando interiormente os seus pedidos. Depois o sacerdote diz a oração que costumar chamar de coleta, pela qual exprime a índole da celebração” (IGMR, n.54).

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Montoro, Clodoaldo. Liturgia, vida para nossa vida. 4ª ed. Aparecida/SP. Editora Santuário, 2005.

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