1. O que é Liturgia
As respostas foram as seguintes:
Operário 1: “Estou carregando
pedras.”
Operário 2: “Estou ganhando o meu
pão de cada dia.”
Operário 3: “Estou construindo uma
catedral, onde muitas pessoas encontrarão a salvação. E aqui, eu e minha
família nos reuniremos para louvar a Deus.”
Estão vendo? Os três operários faziam
o mesmo serviço, e no entanto, com o espírito diferente. A liturgia também é
assim: e a mesma para todos, mas a maneira de cada um participar pode ser
diferente. Por isso é importante conhece-la e apaixonar-se pela liturgia. |
1.1
Cristo continua na Igreja,
pela liturgia, a obra de nossa redenção
A Liturgia é obra da Santíssima Trindade. O Pai nos enche
com suas bênçãos no Filho encarnado, morto e ressuscitado por nós, e ele
derrama em nossos corações o Espírito Santo. Celebrar a Liturgia é “presentificar”
toda a obra salvífica. Por isso o ápice da nossa fé é o mistério pascal de
nosso Senhor Jesus Cristo. Nesse sentido, na Liturgia encontramos sinais
sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por
meio dos quais nos é concedida a vida divina. Cristo anuncia na Igreja, por
meio de seus ministros, a distribuir a graça. Assim, a Liturgia da Igreja
anuncia, atualiza e comunica o mistério da salvação. Por isso, ela é a fonte
segura para a oração cristã.
2. Liturgia: um momento da história da salvação
A história da salvação é tudo aquilo que acontece fora de Deus, ou seja, são os atos de Deus e os atos da humanidade. Mas nos surge uma dúvida: A história da salvação terminou com a páscoa de Jesus ou ela continua?
Ela continua com o envio do Espírito Santo. Na morte de
Jesus nasceu a Igreja, que, conforme nos diz o documento do Concílio Vaticano
II sobre a liturgia, “no dia de pentecostes apareceu ao mundo” (SC 6). Por
isso, concluímos que, na Igreja, sobretudo nos seus sacramentos, a história da
salvação continua no sentido de que agora a obra salvífica é levada a efeito
naqueles que creem em Cristo, e em toda a humanidade. Assim, a liturgia é
momento atual da história da salvação. Cada vez que celebramos, nos transportamos,
ou ainda, “presentificamos” o mistério pascal pelo Espírito Santo.
Assim acontece a teologia
do intercâmbio, onde Deus desce e santifica a humanidade ao passo que o
louvor da humanidade, através dos cultos sagrados, glorifica a Deus. Esta é a
beleza da liturgia. Podemos, portanto, definir a liturgia como sendo a ação do povo, em favor do povo, para
glorificar Deus e santificar os homens (CIC §1069).
2.1
A liturgia antecipa
o futuro e revive o passado
Isso porque nos unimos com os anjos e santos pela liturgia.
Unimos a Igreja militante com a triunfante e a padecente. Participamos da
liturgia celeste e terrestre (CIC §1090). Por isso, aqui vai uma questão:
Quantas eucaristias aconteceram na história, desde que Jesus a instituiu?
Apenas uma eucaristia, desde Jesus, porque, nós atualizamos, ou presentificamos
aquela mesma ceia eucarística a cada Santa Missa celebrada. Assim sendo, a
liturgia não é nossa, mas de Deus, e não podemos modifica-la!
3. Celebração Eucarística
Celebração Eucarística ou Santa Missa: é o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Ela é composta de duas partes essenciais, que são a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística, que são inseparáveis!
São duas as dimensões litúrgicas da Missa: glorificação de
Deus e santificação do homem. Uma completa a outra, uma é consequência da
outra. Enquanto glorificamos a Deus, nós nos santificamos. A liturgia deve
sempre nos levar a uma maior aproximação com Deus, o que sempre nos levará a
uma atitude de conversão. Sendo a liturgia ação de Deus e de Seu povo, ela não
pode nunca ser ação de algumas pessoas ou de um determinado grupo ou movimento.
Quem celebra é sempre o povo de Deus, o Corpo de Cristo, uma comunidade reunida
por Cristo e em Cristo na unidade do Espírito Santo. Não se trata, aqui, de um
povo qualquer, mas de um povo formado por pessoas que, acolhendo o convite de
Deus pela escuta da Palavra, reúne-se em assembleia para celebrar.
3.1
Os graus das
celebrações
Podemos afirmar então que existem graus e precedência nas
celebrações, e se dizemos genericamente "festas", três na verdade são
os graus da celebração litúrgica: "solenidade", "festa" e
"memória", podendo esta última ser ainda obrigatória ou facultativa.
A "memória" pode tornar-se "festa", quando
o Santo festejado for Padroeiro principal de um lugar ou cidade, Titular de uma
catedral, como também quando for Titular, Fundador ou Padroeiro principal de
uma Ordem ou Congregação. Também a "festa" pode tornar-se
"solenidade" nas circunstâncias litúrgicas aqui descritas,
estendendo-se esse entendimento às celebrações de aniversário de dedicação ou
consagração de igrejas.
3.2
O beijo do altar
Sobre o altar o Corpo e Sangue de Cristo, alimento e bebida
eucarísticos, são oferecidos. Portanto, o altar está intimamente ligado ao
acontecimento da Cruz, onde Jesus foi imolado. No antigo testamento, os animais
sacrificados eram colocados no altar para ser oferecido a Deus. O altar nos
mostra que, devemos ser altares vivos, fazendo da nossa vida um sacrifício espiritual
e agradável a Deus.
4. Rito Penitencial e seu valor sacramental
O apostolo Paulo aos Coríntios (11, 28) pede que se faça um exame antes de comer o pão e beber o cálice, pois quem come e bebe o Corpo do Senhor indignamente, come e bebe a própria condenação. Por isso é importante que haja o ato penitencial na Celebração da Santa Missa.
No entanto, a reflexão teológica atual reconhece que a
missa, enquanto renovação do sacrifício do Calvário, tem o poder de perdoar os
pecados, inclusive os graves, como afirma o Concílio de Trento. A Eucaristia,
no entanto, não se opões, muito menos invalida o sacramento da reconciliação.
Os dois sacramentos, cada qual ao seu modo, celebram o perdão. Portanto, sendo
o ato penitencial uma expressão de perdão próprio da eucaristia, não se pode
substituir o sacramento da reconciliação.
(Extraído do texto de Dom Manoel João Francisco)
5. Trabalhar a Liturgia após o Concíclio Vaticano II
O Concílio Vaticano II propôs uma volta às origens, redefinindo a liturgia como cume e fonte e como lugar privilegiado da experiência de salvação realizada pelo mistério pascal de Cristo Senhor, centro e mediador da história salvífica. Uma liturgia celebrada de forma ativa, plena, consciente e frutuosa por todo o povo de Deus, povo sacerdotal (sacerdócio comum e ordenado) que possui costumes, língua e riquezas culturais muito próprias (cf. SC 5-8; 10.14).
A pastoral litúrgica implica ainda cuidados com a
preparação, a realização e a avaliação das celebrações, com a formação do povo
e dos ministros e também com a organização da vida litúrgica nos vários níveis
eclesiais.
A partir daí, precisamos refletir sobre as nossas equipes
de liturgia. O papel dessa equipe é trabalhar em conjunto a fim de preparar as
celebrações: acolhimento, leituras, preces, comentários, músicas, cânticos e
serviços do altar, desde sua ornamentação até a arrumação imediata das alfaias,
livros, etc. Levar a assembleia a participar de forma ativa, consciente, plena
e frutuosa dos sagrados mistérios. Evitar individualismo pastoral.
6. Meses temáticos na Liturgia
Às vezes tem-se a impressão de que, não sabendo o que fazer com o domingo, particularmente, com os domingos do tempo comum, os padres e equipes de liturgia apelam para celebrações temáticos. Ora, a Igreja não celebra temas, mas sim mistérios! Os meses temáticos estão ligados ao Plano de Pastoral da CNBB. O que não pode acontecer é que esses temas definam e determinem a liturgia desses meses, nem os cantos, comentários, salmos e leituras próprios do domingo.
7. Canto litúrgico
O canto litúrgico não é apenas para embelezar a missa, mas para nos ajudar a rezar. Quem canta, reza duas vezes (Santo Agostinho). O canto litúrgico não é teatral, não é símbolo de vaidade nem exibição. Instrumentos servem para sustentar e não abafar as vozes. Não se deve elitizar a ponto de poucos saberem cantar, por isso, dar preferência em cantos conhecidos ao passo que tenha paciência para introduzir aos poucos os cantos desconhecidos.
Cada canto deve ter plena harmonia com o momento. Cantar
faz bem! Cantar é próprio de quem ama (Santo Agostinho) A equipe de liturgia
deve animar a assembleia a cantar. É trabalho conjunto.
MÚSICA PROFANA = música não sacra, não religiosa.
MÚSICA LITÚRGICA = música que a Igreja admite nas
Celebrações Litúrgicas, pois, manifesta a fé católica e respeita as regras e
orientações da liturgia.
MÚSICA RELIGIOSA = música que expressa sentimento
religioso, mas não tem lugar na liturgia, e sim, nos encontros, reuniões, etc.
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