Introdução à Sagrada Escritura

 

Introdução à Sagrada Escritura

 

 

“Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho!”

(Sl 119)

 

 

INTRODUÇÃO

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É impensável um cristão católico que não tenha contato com as Escrituras, isto é, a Bíblia. Assim, quem estuda e medita a Palavra, participa intimamente do plano de salvação. Que este material, portanto, auxilie todos os homens e mulheres de boa vontade que desejam aprofundar o seu contato com o Texto Sagrado.

 

BÍBLIA: O QUE É

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A palavra “Bíblia” vem do grego “βιβλίον”, e significa “livros”, pois, na verdade, ela é composta por vários livros, que foram escritos por cerca de 40 homens, inspirados por Deus, durante um período de aproximadamente 1600 anos. A eles, chamamos de hagiógrafos, isto é, “escritores sagrados”.

A Bíblia contém a Palavra de Deus, as leis sagradas e a história do povo de Israel. Por isso, a iniciativa foi de Deus em revelar-se por meio da linguagem humana, isto é, em circunstâncias históricas e culturais do seu povo. É o que nos diz a Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II, Dei Verbum: “Em virtude desta Revelação, Deus invisível (cf. Cl 1,15; 1Tm 1,17), no seu imenso amor, fala aos homens como a amigos (cf. Ex 33,11; Jo 15,14-15) e se entretém com eles (cf. Br 3,38), para os convidar e admitir a participarem da sua comunhão” (DV, n. 2).

Conforme Johan Konings (1941-2022), a Bíblia representa também uma tradição de orientação prática da vida para pessoas e comunidades. Para isso, ela foi escrita principalmente em papiro, isto é, feito do caule da planta chamada cyperus papyrus. Esta planta, depois de passar por um processo de corte de tranças e de secagem, era usado pelos egípcios desde o terceiro milênio antes de Cristo. Alguns textos também foram escritos em pergaminho, uma invenção posterior ao papiro e mais durável também.

 

LÍNGUAS BÍBLICAS

Os livros do Antigo Testamento foram escritos em hebraico, aramaico e, algumas partes, já em grego. O Novo Testamento, no entanto, foi escrito em grego popular, conhecido como “grego koiné”. Vale ressaltar que os livros [do Antigo Testamento] de Tobias, Judite, 1-2Macabeus, Eclesiástico, Sabedoria e Baruc foram preservados somente em grego pela tradução da Septuaginta.

 

FORMAÇÃO DO CANON

O termo “cânon” provém do grego “kanôn”. O caminho etimológico conduziu até chegar ao temos latino “canna”, que, no português, significa “cana ou bastãozinho”. No Antigo Oriente Próximo, o cânon era uma vara reta ou barra, próxima do que se chama de régua, que servia de critério, isto é, representava uma unidade de medida utilizada por pedreiros ou carpinteiros (cf. Ez 40,5.6.7.8).

Assim sendo, em sentido figurado, o cânon é uma regra, uma norma, um ou um critério com o qual se podia julgar se um juízo estava correto. Quando aplicamos essa definição aos textos bíblicos, o cânon está ligado com a aplicação da lista dos livros sagrados dos judeus e dos cristãos que podem ser julgados ou considerados correspondentes com a verdade.

Em sentido dogmático, o critério necessário para um livro ser considerado canônico é o reconhecimento de que ele foi inspirado por Deus e, por isso, contém a revelação da verdade que Deus quis transmitir ao seu povo. Estudiosos da Escritura dizem que o processo de verificação acerca da canonicidade dos atuais textos bíblicos durou cerca de 1000 anos para o Antigo Testamento e 150 anos para o Novo Testamento.

 Em suma, o termo “cânon” pode significar “norma, ideal, lista, catálogo ou medida fixa”. Poderíamos definir, finalmente, por “regra da fé cristã”, como aparece em Clemente de Alexandria, em sua carta (1Clem 7,2); e também em Irineu de Lion, em sua obra Adversus Haereses (III,2,1; 11,1). Assim, tratamos por canônico aqueles livros bíblicos aceitos pela Tradição como verdadeiros na regra de fé e chamamos de livros apócrifos aqueles que, mesmo contendo sua verdade, não foi considerado como pertencentes ao “cânon bíblico”.

 

LIVROS DEUTEROCANÔNICOS

São chamados de livros deuterocanônicos aqueles textos que em algum momento da história foi considerado não canônico, isto é, teve sua canonicidade duvidada. Trata-se, desse modo, dos sete livros rejeitados pelos critérios do cânon judaico, que foi assumido pelos protestantes. É os isso que a “bíblia evangélica” contém 7 livros a menos que a bíblica católica: porque o cânon católico assumiu 7 livros deuterocanônicos que não foram assumidos na bíblica hebraica e, por conseguinte, ao protestantismo.

Para os judeus, eram basicamente 4 critérios de canonicidade. A saber:

·         Quanto à língua: tinha que ter sido escrito em hebraico, considerado por eles a língua sagrada.

·         Quanto ao local: tinha que ter sido escrito na região da Palestina.

·         Quanto à época: tinha que ter sido escrito antes das reformas empreendidas por Esdras e Neemias, que deram origem ao judaísmo.

·         Quanto à conformidade: tinha que ser conforme a Torá de Moisés.

Não significa, portanto, que são textos que foram inseridos posteriormente pela Igreja Católica no cânon, mas que, mesmo sendo inserida, foi duvidada em algum momento pelos escritores cristãos da antiguidade.

Já os textos do Novo Testamento tiveram menos embaraço, nesse sentido. Os critérios utilizados para definir o cânon foram basicamente:

·         Autoridade dos autores, isto é, a relação coma Tradição.

·         O tempo privilegiado das origens, isto é, equivalente ao período apostólico.

·         Ortodoxia da doutrina contida nos escritos, isto é, o ensinamento genuíno de Jesus Cristo.

·         A utilização litúrgica, isto é, a língua pela qual os escritos eram proclamados publicamente numa reunião oficial da Igreja.

 

PRINCIPAIS TRADUÇÕES DA ESCRITURA

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Septuaginta: uma tradução da Bíblia Hebraica para a língua grega, feita por estudiosos judeus no Egito, entre os séculos III e II a.C.

Vulgata: uma tradução do grego e do hebraico para o latim, língua oficial do Império Romano, feita por São Jerônimo entre 380-420 d.C.
Gótico: o godo Ulfilas traduziu a Bíblia para a sua língua materna, o gótico, no século IV d.C.

Armênio: Segundo a Tradição, São Mesrob, um apaixonado linguista, traduziu a Bíblia para o armênio, dentro do mosteiro em que vivia, no século V.

Muito cedo, também, apareceram as traduções copta, latina (Vetus Latina), siríaca (Peshitta), etíope e georgiana.

As cópias da Bíblia judaica, que corresponde ao Antigo Testamento cristão, foram feitas por copiadores hebreus chamados massoretes. Eles eram encarregados de copiar as Escrituras Hebraicas entre os séculos VI e X.

As traduções e cópias da Bíblia foram realizadas por monges em mosteiros. Estes, também incorporaram ilustrações de grande valor artístico.

 

ESTRUTURA DA BÍBLIA

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Ao todo, são 73 livros, divididos em dois Testamentos: o Antigo, contendo 46 livros; e o Novo, contendo 27 livros. Ademais, podemos, para fins acadêmicos, separar todos os livros em gêneros literários. A saber:

Antigo Testamento:

·         Pentateuco (5): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.

·         Históricos (16): Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, I Macabeus, II Macabeus.

·         Sapienciais (8): Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico.

·         Proféticos (18): Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Novo Testamento:

·         Evangelhos e atos (5): Mateus, Marcos, Lucas e João; Atos dos apóstolos.

·         Cartas de Paulo (14): Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito, Filêmom, Hebreus.

·         Cartas universais (7): Tiago, I Pedro, II Pedro, I João, II João, III João,  Judas, Hebreus.

·         Apocalipse (1): Apocalipse de São João.

 

SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA

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Como sabemos, o mês de Setembro foi escolhido pelos Bispos do Brasil (CNBB) como o “Mês da Bíblia” por causa da memória litúrgica de São Jerônimo, celebrada no dia 30. Assim sendo, é um convite para conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la cada vez mais, criando assim o hábito da leitura orante.

 

CONCLUSÃO

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Como já citamos, o mês temático da Bíblia, no Brasil, serve como um incentivo para a leitura orante e estudo da Sagrada Escritura. Todavia, isso não pode acontecer somente no mês de setembro, mas tem que ser uma formação permanente durante toda a nossa peregrinação terrestre, ou seja, nunca estaremos prontos e acabados em nossa vida e em nossa fé. É preciso que alimentemos, diariamente, as bases bíblicas da nossa fé.

Para isso, algumas dicas são importantes neste itinerário:

1.      Antes de todo estudo e oração bíblica, pedir o auxílio do Espírito Santo, isto é, iniciar sempre com uma oração;

2.      Fazer uma leitura prévia, em casa, da liturgia do fim de semana, para participar ativamente da missa na comunidade.

3.      Nem tanto se preocupar com a quantidade de textos bíblicos estudados e rezados, mas sim com a qualidade;

4.      Buscar fontes, livros, textos e cursos compatíveis com o magistério da Igreja para aprofundamento pessoal da Escritura.

5.      Fazer anotações e grifos de versículos que chamam atenção.

 

BIBLIOGRAFIA

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ARTOLA, A. M; SANCHEZ CARO, J. M. Bíblia e Palavra de Deus. São Paulo: Ave Maria, 1996. 

TEOLOGIA BÍBLICA, verbete. Enciclopédia digital Theologica latinoamericana. Disponível em: < https://teologicalatinoamericana.com/?cat=42>.

STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins. CONHEÇA A BÍBLIA. São Paulo: Paulus, 1986.

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