O que é Teologia?

 Uma simples busca em quaisquer Dicionários da Língua Portuguesa dirige-nos para a superficial definição de que a Teologia seja o estudo que se ocupa de Deus, bem como a sua natureza e seus atributos.

Buscando uma etimologia, ou seja, a raiz da palavra Teologia, encontramos dois termos gregos: theos (deus) e logos (palavra, estudo), portanto, a palavra teologia significa de um modo amplo um discurso ou estudo sobre Deus.

Todavia, precisamos ter um olhar amplo do significado desta rica e profunda Ciência. Teologia é um balbuciar de Deus, isto é, um diálogo entre o homem e Deus na comunidade eclesial, e, portanto, não se faz Teologia sem a Igreja em seu magistério (documentos oficiais e bispos).

Clodovis Boff[1] apresenta algumas regras de articulação da Teologia. São elas:

  • A Fé deve ter a primazia absoluta na Teologia;
  • A Bíblia é o primeiro testemunho a ser ouvido;
  • A Razão deve estar a serviço da compreensão do dado revelado;
  • A Prática é uma fonte de teologia, assim como uma de suas finalidades;
  • A Linguagem da teologia é a analogia, pois só ela se adequa ao Mistério;
  • O Magistério é critério de autenticidade

Quanto aos processos, a metodologia teológica diz que:

  • Antes de tudo, é preciso ouvir os testemunhos da fé;
  • Em seguida, deve esclarecer e aprofundar seu conteúdo interno;
  • Por fim, deve confrontá-los com a vida concreta.

Ademais, vale a pena ressaltar a reflexão de Libanio e Murad (1996):

Estudar teologia significa dois momentos antagônicos, cujo equilíbrio dinâmico instável deve submeter-se a contínua avaliação. Ora o estudante deve estar envolvido até o âmago do coração com a realidade angustiante e questionadora dos irmãos, captando-lhes as perguntas, as interrogações, as dúvidas, as incompreensões. Ora necessita do recôndido silencioso de seu quarto para ruminar o lido nos livros, ouvido nas aulas, rezado nas orações. Assim a teologia descerá às profundidades de sua vida, para daí sair em gestos e palavras, em símbolos e ritos, em falas e escritos, em direção àqueles com os quais vive a aventura da existência ameaçada.[2]

Ainda conforme Clodovis Boff (1998), a fé tem curiosidade, pois, “a pessoa de fé quer naturalmente saber o que é mesmo aquilo que acredita” (p. 25). Aqui, já precisamos tratar de um adágio da teologia dita por Santo Anselmo: fides quaerens intellectum, isto é, a fé que busca entender. Portanto, este é o impulso que temos para estudar a Teologia: temos uma vontade de verdade.

A Teologia é palavra da Palavra, pois, “é um falar a partir do falar mesmo de Deus. [...] Deus é o sujeito eterno da Teologia. A palavra teológica não passa de um eco humano da Palavra divina” (BOFF, 1998, p. 34).

Ademais, já percebemos que o objeto da Teologia é a fé. E por isto, é mister que tenhamos este olhar de uma fé clara, meditada, refletida e partilhada. E sobre isto, diz Boff (1998, p. 27), que a razão da fé é definida pelo Vaticano I como ratio fidei llustrata: a razão esclarecida pela fé (DS 3016). Por isso a teologia pode-se definir como ‘a fé de olhos abertos’”. Em suma, é improvável que haja fé sem qualquer tipo de reflexão dela.

Todavia, não basta a razão para assentir a verdade revelada, mas é necessário o dom da fé. É preciso da “ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo” (CIC, n. 153).

A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por ele (cf. Mt 16, 17). Por isto, podemos pensar, no estudo sistemático da teologia, em 3 conceitos mui importantes. São eles:

·    Fides quae: é a fé assentida, ou seja, a verdade revelada. Esta é guardada e transmitida pela Igreja.

·         Fides qua: é a fé do sujeito; uma decisão pessoal e íntima. Trata da experiência.

·         Fides informata: é a fé prática e encarnada.

Enfim, a fé é para a Teologia como o fermento é para o pão. Ademais, falaremos mais sobre a fé nos conteúdos adiante. Este, foi um breve momento de introdução, reflexão e considerações acerca do assunto, de modo que, tenhamos uma clareza de conceitos iniciais neste adorável universo dos estudos teológicos.



[1]BOFF, Clodovis. Teoria do método teológico. Petrópolis. Vozes, 1998, p. 15.

[2]LIBANIO, João – MURAD, Afonso. Introdução à teologia. Perfil, enfoques, tarefas. São Paulo, Loyola, 1996. p. 16.

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