Jesus é o caminho; o resto é atalho

Reflexão do 30º Domingo do Tempo Comum
(Jeremias 31,7-9; Hebreus 5,1-6; Marcos 10,46-52)

 

Na Liturgia deste fim de semana, a Igreja propõe o Evangelho do cego Bartimeu (Mc 10,46-52). Neste, percebemos que Bartimeu, estando à margem do Caminho, isto é, o próprio Jesus (cf. Jo 14, 6), tenta contato com ele, e, no entanto, uma multidão o impede. Para São Gregório Magno, já no século VI, esta multidão representa as nossas próprias misérias e paixões que nos levam para longe da misericórdia divina. 

Todavia, mesmo diante de impedimentos, Bartimeu não desiste; não abandona seu firme propósito de encontrar-se com Jesus e ser curado por ele, e por isso, gritou mais alto, assim como como Israel foi aconselhado a gritar no exílio da Babilônia: “Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel” (cf. Jr 31, 7) . O problema é que nós, hoje, somos homens e mulheres fracos na fé, pois, na primeira decepção ou dificuldade, abandonamos a fé, a família, o emprego, e até mesmo a graça divina. Perdemos os fôlego para gritar a Deus! E, na verdade, ele sabe do que precisamos antes mesmo de pedirmos. Contudo, enquanto formos autossuficientes e prepotentes, a porta continua a estreitar-se (cf. Mt 7, 13), desse modo, se faz necessária nossa total humildade a ponto de, reconhecer a nossa cegueira espiritual, e pedir ao Senhor: "Mestre, que eu veja" (cf. Mc 10, 51).  

Por isso mesmo podemos dizer que o cego Bartimeu é, na verdade, o símbolo do encontro do homem com Deus. Em nossa cegueira espiritual, bem como em nossa mendicância afetiva, o caminho de cura e libertação só pode ser Jesus Cristo, pois só ele "sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza" (cf. Hb 5, 2).

Enfim, o cego Bartimeu abandona seu manto e segue Jesus. Sabemos que a única coisa que ele tinha, sendo mendigo, era o manto para se proteger do mau tempo. Assim, entendemos que, na nossa caminhada de fé, somente entregando-nos à graça divina, é que seremos capazes de abandonar nossas falsas seguranças. Não podemos continuar sendo "filhos e filhas das honras", quando nossa maior honraria, é ser filho e filha de Deus.

Assumamos este projeto. Que o Espírito Santo nos ajude a entender e a viver estas palavras.

Amém.



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