MIOPIA DA ALMA

Raimundo passou.

Passou e não viu.

Feriu e não sentiu.

Cumprimentou e não sorriu.

Miopia da alma!

 

Era o ego inchado.

O amor acabado.

A sensibilidade afetada

numa alteridade ferida.

Era como o sacerdote e o levita.

 

Mas num mundo febril

um bom samaritano não se viu.

Isso é a miopia da alma!

Quando o coração fala:

“morreu para a dor do mundo”.

 

Um dia Raimundo passou.

Parou. Viu. Sentiu. Sorriu.

E não vive mais no profundo

do seu ego imundo.

Pois já não quer mais

ser o velho Raimundo.



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