Quinta-feira - 18/08/2022
20ª Semana do Tempo Comum (Ano Par)
Liturgia: Ez 36,23-28 | Sl 50(51),12-13.14-15.18-19 (R. Ez
36,25) | Mt 22,1-14
Felizes os convidados
para as núpcias do Cordeiro (cf. Ap 19, 9)
Nós sabemos que Deus é santo; e repetimos isto
constantemente. Mas já paramos para pensar no que isto significa? Conforme a primeira
leitura (profecia de Ezequiel), a santidade de Deus provém da sua iniciativa
e vontade de nos libertar das amarras do pecado. Ora, é ele quem purifica
radicalmente o seu povo, que somos nós, sobretudo, transformando-nos a partir
de dentro, fazendo de nós uma nova criatura: «arrancarei do vosso peito o
coração de pedra e vos darei um coração de carne» (Ez 36, 26). De nossas
imundices somos purificados, como garante-nos o salmista.
É interessante que, para os semitas, o coração
era considerado o lugar da sede do pensamento, da vontade, do sentimento, da
vida moral, da decisão, etc. O termo “coração de pedra” significa, portanto, a
dureza, insensibilidade; que precisa, urgentemente, ser substituído por um “coração
de carne”, isto é, um coração capaz de amar e de ser amado, de docilidade,
acolhimento, etc.
Agora, para isso, é preciso que estejamos de
coração aberto para acolher o Deus santo-libertador. É o que sugere o Evangelho
de hoje: na parábola, percebemos que o convite para o banquete das núpcias é universal,
isto é, para todos: «bons e maus» (Mt 22, 10). Mas nem todos aceitam o convite.
Em nossa vida somos interpelados a todo momento, mas nem sempre somos
modificados por esta interpelação.
Ainda que a entrada seja oferecida a todos,
exige dos participantes a veste nupcial e as disposições necessárias, o que
significa «revestir-se de Cristo» (Rm 13, 14; Gl 3, 27), que é o nosso caminho
de discipulado e configuração.
São Jerônimo comentou a respeito: «Os trajes da
festa são preceitos do Senhor e as obras cumpridas segundo a Lei e o Evangelho são as vestiduras do homem novo». Assim, essa veste é a mentalidade do
Evangelho, e não de ideologias, achismos, egoísmos ou quaisquer coisas do tipo.
Portanto, olhando nessa perspectiva para a
nossa vocação: supondo que a festa seja o seminário e a vocação – no hoje da
nossa história –; e nós, os convidados que já entramos na festa, precisamos
entender que ainda não basta. Urge que assumamos de coração o nosso lugar na
festa, e para isso, a todo instante o comensal nos questiona: quais vestes trajamos?
Peçamos um novo coração de carne para participar, dignamente, do banquete nupcial do Cordeiro. Trajemos as vestes para a festa!
Assim seja.
Comentários
Postar um comentário