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O portal da revista Forbes publicou, em agosto do corrente ano, uma pesquisa intitulada “A
ciência explica por que adolescentes usam moletom no calor?”. O texto, mui
interessante por sinal, parte de uma indagação cotidiana bem simples e que
pode ser facilmente percebida por nós: por que os adolescentes (e
pré-adolescentes) vestem blusa de moletom, mesmo no calor? O texto foi escrito a partir
da pesquisa do cientista Marshall Shepherd. A conclusão que o
cientista chega é a afirmação de que: “moletons fornecem mais do que apenas
conforto físico; eles também administram conforto emocional, semelhante ao de
um cobertor pesado”. Ora, talvez isso possa levar à aproximação da quentura do
útero materno.
Também podemos objetivar outra possível razão
para o frequente uso do moletom no verão (razão esta que o autor não apresenta
em seu texto, mas ouso acrescentar): uma preocupação com a imagem corporal.
Assim, o moletom se torna uma forma de esconder o corpo e se sentir melhor na
frente das outras pessoas, mediante pressões sociais.
O fato é que, são razões alarmantes para nós,
adultos, pais, catequistas e formadores. E por que digo que o fato é alarmante
para nós, e não [apenas] para os adolescentes e pré-adolescentes?
É claro: se algo acontece com aqueles cujos quais devemos cuidar, logo, a falha está em nós que não cuidamos corretamente. Desse
modo, o aluno é consequência do professor; o filho é consequência dos seus
pais; e assim por diante. Posto isto, percebemos que a insegurança emocional
dos jovens, em partes (digo “em partes” porque não podemos absolutizar esta
afirmação), se dá porque os adultos são omissos ou excessivos em alguns âmbitos.
Podemos elencar alguns desses aspectos:
·
Desvalorização da
progressividade formativa: alguns pais e formadores não conseguem acompanhar o
crescimento do seu filho ou formando no sentido de progressividade, isto é,
cada etapa seus problemas, seus questionamentos, suas preocupações e suas
tarefas. Não podemos queimar etapas.
·
Menosprezo para com
suas capacidades: pais e formadores superprotetores ou, pior ainda, os que
desmotivam dizendo frases do tipo “você não consegue isto”, é uma infelicidade
para a formação juvenil. Nunca sejamos pais e formadores deste tipo; sejamos
impulsionadores e não desmotivadores.
·
Comparações excessivas:
cada época é diferente. A pior coisa para a formação de um jovem é compará-lo
com gerações passadas. Isto, em certas ocasiões, gera sentimento de repulsa com
sua própria história. É importante levar em consideração para a formação dos
jovens a realidade social, geográfica, financeira, tecnológica, etc., tal como
de fato é, e não aquilo que se imagina ser.
·
Falta de perspectiva
de futuro: é perceptível o grande número de adolescentes que não possuem um
projeto de vida (que não seja definitivo, mas autêntico). Ao serem questionados sobre “o
que você quer ser na vida?”, muitos respondem: “não sei”. É preciso
incentivá-los a criar perspectiva de esperança, de futuro e de possibilidades.
Essa insegurança emocional gera, inclusive,
sentido de inferioridade no jovem. Contudo, muito é solucionado (ou amenizado)
com o sábio equilíbrio na formação desses adolescentes e pré-adolescentes. Não
se trata de “dar ao filho tudo aquilo que eu não tive”, mas sim dar ao filho
aquilo que ele precisa. E, se preciso for, um bom processo de autoconhecimento
por meio de boas terapias com bons profissionais. É preciso normalizar isso,
pois, o enfrentamento de si mesmo é parte necessária e formativa do jovem; não
é coisa de gente doida.
Enfim, parafraseando Freud: às vezes um moletom é só um moletom[1], isto é, não podemos absolutizar e achar que todo mundo que usa moletom é um inseguro emocionalmente; às vezes é só o frio mesmo. Todavia, o apoio emocional necessário para os adolescentes e pré-adolescentes devem provir dos seus pais, formadores e afins. Não do moletom!
Pensemos nisto. Sejamos mais
presentes de forma sadia e equilibrada na vida dos jovens.
Assim seja.
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Artigo
em questão disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/2022/08/a-ciencia-explica-por-que-adolescentes-usam-moletom-no-calor/”
[1] Frase original: “às vezes um charuto
é só um charuto”. Para saber mais sobre esta citação: https://super.abril.com.br/historia/sigmund-freud/
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