I DOMINGO DA QUARESMA | ANO A
26/02/2023
Queridos irmãos e irmãs, demos início, na
última quarta-feira (de cinzas), a um tempo forte, chamado Quaresma, em nossa
Igreja. Este período está dentro, liturgicamente, do ciclo da Páscoa. Trata-se
de um tempo profundo de arrependimento, conversão, oração, caridade, jejum e
preparação. Feita a devida contextualização, vamos às leituras proposta na
Liturgia deste I Domingo da Quaresma, no ciclo do ano A:
O Evangelho (Mt 4,1-11) coloca em
evidencia as tentações de Jesus no deserto. De antemão, já sabemos que Jesus
não se deixa levar pela “conversa fiada” do diabo. Com isso, aprendemos que com
o tentador não se tem diálogo. Nesse tempo quaresmal – e também ao longo de
toda a vida –, seremos muito tentados se estivermos dispostos a uma vida reta
em Deus. Tanto é que na primeira leitura proclamada (Gn 2,7-9; 3,1-7) os nossos
pais, Adão e Eva, ao estabelecerem um dialogo com a serpente, concedem
automaticamente uma brecha para o pecado.
Voltando ao Evangelho, na primeira
tentação, o diabo sugere a Cristo o pecado da gula (cf. Mt 4, 3). Na segunda, o
pecado do orgulho (cf. Mt 4, 6). E, na terceira, o pecado do poder e da vaidade
(cf. Mt 4, 9). As três tentações que o diabo dirige a Jesus são exatos opostos
das virtudes necessárias para bem viver a Quaresma. Portanto, contra a gula,
vivemos o jejum; contra o orgulho, vivemos a oração; contra o poder, vivemos a
caridade.
Um modo muito claro e concreto de viver
esses propósitos é a Campanha da Fraternidade. Nesse ano, como tema:
“Fraternidade e Fome” e lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14, 16). É
triste saber que 33 milhões de brasileiros não tem o que comer, todavia, é mais
triste ainda saber que cristãos, católicos, religiosos e consagrados, esbanjam
comida, não ajudam os menos favorecidos, ou, sequer olham para os mais pobres.
Isso não é fraternidade! Não é quaresma! Muito menos é cristianismo!
É preciso que rezemos e vivamos sempre
mais como o salmista “criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um
espírito decidido” (Sl 50, 12). Tenhamos espírito decidido a agir como
verdadeiros cristãos, que olham para os irmãos como filhos do mesmo Deus.
Este é o tempo favorável: não para olhar
nossas misérias e desacreditar na humanidade, mas ao contrário: olhar para
nossas fraquezas e perceber que, se “pela desobediência de um só homem a
humanidade toda foi estabelecida numa situação de pecado, assim também, pela
obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça” (Rm
5, 18). Cristo já nos salvou vencendo as tentações e seguindo firmemente a
vontade do Pai. Façamos nós o mesmo!
Assim, a guerra da Ucrânia, os desastres
naturais no litoral do estado de São Paulo, as famílias que passam fome, e
todas as demais tragédias hodiernas deixarão de ser preocupações pessoais e
serão preocupações sociais. Vencendo as tentações diabólicas da indiferença, da
injustiça, do conformismo e comodismo, seremos impulsionados ao comprometimento
com Deus (oração), conosco (jejum) e com os irmãos (caridade). Que esta
Quaresma nos renove e nos transforme para a vida toda.
Assim seja!
Deus
te abençoe!
Fraternalmente,
Luis Gustavo da Silva Joaquim.
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