II Domingo da Quaresma | Reflexão

 

II DOMINGO DA QUARESMA | ANO A

05/03/2023


Amados irmãos e irmãs, neste Segundo Domingo da Quaresma, a liturgia nos propõe o Evangelho da Transfiguração (Mateus 17,1-9). Junto com Jesus, sobem à montanha, Pedro, Tiago e João. A realidade da transfiguração é necessária para que os apóstolos tenham ânimo para vivenciar as dificuldades do ministério que assumirão após a Ressurreição do Senhor.

 No entanto, não podemos viver só de glórias! Ora, na cena do Evangelho, em dado momento, Pedro diz: “Senhor, é bom ficarmos aqui [...]” (Mt 17, 4). Como, ainda hoje, somos homens e mulheres conformados com a realidade que nos agrada! Muitas vezes, a nossa oração é como a de Pedro no monte da Transfiguração: queremos permanecer na realidade que estamos porque está bom, está confortável. Mas o Senhor faz um convite mais exigente do que aquele de subir à montanha: o de descer dela!

Acontece que a realidade, tal qual vivemos, é toda desfigurada. Pelo pecado, pela injustiça, pela maldade, pela inveja, e tantas outras coisas. Mas é justamente nesta realidade que somos chamados a ser cristãos verdadeiros, pregando e vivendo os valores evangélicos.

Não podemos, no entanto, ser ingênuos, pois o medo e o susto - como foi os apóstolos -, fazem parte das situações novas da vida. Por isso, a segunda leitura de São Paulo nos recorda da existência do sofrimento ao seguir o Evangelho: também por meio desse sofrimento evangélico é que “Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça” (2Tm 1, 9).

 No Evangelho, “Jesus se aproximou, tocou neles e disse: ‘Levantai-vos, e não tenhais medo’” (Mt 17, 7). Nesta quaresma Ele quer falar ao nosso coração para tocá-lo e transfigurá-lo, isso é, curar as nossas desfigurações pessoais e sociais. Para isso, pede ainda que olhemos a realidade da fome, por exemplo, – para citar a Campanha da Fraternidade – e vençamos os flagelos causados por ela, isto é, sejamos causa de transfiguração na vida daqueles que pouco ou nada têm para comer.

Nós ouvimos no dia do nosso batismo o mesmo que Jesus: somos filhos amados do Pai, e justamente por isso devemos ser testemunhas desse amor aqui e agora para a construção do Reino. A aparição de Elias e Moisés não é à toa. Significa que, tanto a lei (Moisés), quanto a profecia (Elias) convergem para Jesus. Ou seja, Cristo plenifica toda lei e toda profecia, e deve, portanto, plenificar também a nossa vida!

Não tenhamos medo de nos lançarmos às coisas de Deus. Sejamos corajosos para viver a desfiguração da vida e, ao mesmo tempo, maduros o suficiente para apreciarmos a transfiguração da glória. Enfim, ao longo dessa quaresma, peçamos como o salmista: “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação”.

Assim seja.

Deus te abençoe!

Fraternalmente,

Luis Gustavo da Silva Joaquim.

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