III DOMINGO DA QUARESMA | ANO A
12/03/2023
Ex 17,3-7 | Sl 94(95),1-2.6-7.8-9 (R. 8) | Rm
5,1-2.5-8 | Jo 4,5-42
Queridos irmãos e irmãs, nesta liturgia,
somos chamados a olhar para nós mesmos naquilo que nos falta, isto é, para a
nossa sede. Ouvimos na primeira leitura que o povo estava sedento de água (Ex 17,
3) depois de caminhar no deserto a mando do próprio Deus por meio de Moisés. O
fato fez aquele povo provar do sentimento de angústia e arrependimento de terem
saído de sua terra. Moisés, ouvindo o apelo do povo fala com o Senhor, que, por
sua vez, resolve a situação e mata a sede do povo.
Em nossa vida, quando deixamos o Senhor
agir conforme a sua vontade, as coisas, verdadeiramente, acontecem. Isso é
esperar em Deus. Em outras palavras, é ter a virtude da ESPERANÇA. Ademais, o
que tanto precisamos em nossos dias sombrios é com esperança em dias melhores.
Irmãos, ter esperança em Deus não é
tempo perdido, como ouvimos na segunda leitura: “a esperança não decepciona, porque
o amor de Deus foi derramado em nossos corações” (Rm 5, 5). Acontece que, para
isso, é preciso que caminhemos ao encontro do Senhor com o coração sincero, sem
máscaras, afinal de contas, ele conhece e perscruta o nosso coração.
Acontece que, confiar e esperar em Deus
exige também assumir a vida como ela é, ou seja, reconhecer as nossas faltas, as
nossas fomes e nossas sedes. É o caso narrado no Evangelho de hoje: a
samaritana que confiou em Jesus porque ele, primeiramente, se aproximou dizendo
“Dá-me de beber”. O cardeal português José Tolentino Mendonça comenta esse
episódio que “A sua sede [de Jesus] não se materializa na água, porque não é de
água a sua sede. É uma sede maior. É a sede de tocar as nossas sedes, de
contatar com nossos desertos, com as nossas feridas” (Elogio da sede, p. 20).
Ora, o primeiro passo em nossa vida
sempre é de Deus. Ele se achega em nós. Ele entregou seu filho único para a
nossa salvação! “Não é só o homem que é
mendigo de Deus. Em Jesus, Deus também se apresenta como mendigo do
homem” (Elogio da sede, Tolentino
Mendonça, p. 17). Portanto, como colaboração humana ao amor divino, devemos reconhecer
que somos necessitados da graça e do perdão. Por isso cantamos no salmo
responsorial: “Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor!”.
Não tenhamos o coração fechado.
Às vezes, “estamos tão perto da fonte e
vamos tão longe, dispersos em lugares mais do que desertos, à procura da
torrente que nos saciaria, ignorando assim ‘o dom que Deus tem para nos dar’
(Jo 4, 10). [...] Como a mulher samaritana, a nossa conversa com Deus não passa
muitas vezes de um desconversar. Estamos, mas não estamos por inteiro” (Elogio da sede, Tolentino Mendonça, p.
28).
Só sabemos que temos sede porque
conhecemos a fonte de água viva, que é Cristo. Mas saber da existência de
nossas sedes, nossas faltas e nossas misérias, não é suficiente. Precisamos ter
coragem de assumir o quanto necessitamos da verdadeira água, que é capaz de
sanar nossa sede de Eternidade.
Assim seja.
Deus te abençoe!
Fraternalmente,
Luis Gustavo da
Silva Joaquim.
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