Sobre cobrir as imagens na Quaresma

 

SOBRE COBRIR AS IMAGENS NA QUARESMA

 

            Quanto ao velatio, isto é, o ato de cobrir as imagens e cruzes das Igrejas no tempo da quaresma, há muitos rumores: de um lado, afirma-se que ele ocorre durante toda a quaresma; ao passo que, de outro lado, afirma-se que ocorre apenas durante a semana santa.

Se buscamos uma resposta objetiva no que diz respeito a rubrica, o Missal Romano (p. 211), bem a Carta Circular “Paschalis Sollemnitatis: sobre a preparação e celebração das festas pascais”, de 16 de janeiro de 1988, afirma que:

O uso de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília. Pascal. (PS, n. 26).

Desse modo, podem-se observar duas coisas:

a.       Não se trata de uma obrigatoriedade, mas sim de um costume que pode ou não ser conservado em nossas Igrejas hoje;

b.      O costume deve ser observado somente a partir do “V Domingo da Quaresma” e nunca durante a quaresma toda.

Acredita-se que esta tradição remonta ao século IX, cujo principal motivo para o seja para que os fiéis não "se distraiam" com os santos e voltem o olhar para o Mistério Pascal de Cristo. Todavia, todo gesto exterior deve ser reflexo de uma atitude, antes de tudo, interior. Em outras palavras, o olhar fixo em Jesus (Hb 12, 2) deve estar presente em nossa vida cotidiana, pois, se assim não for, de nada adianta cobrir as imagens exteriores. Assim, os gestos internos precisam concordar com os gestos externos. Ademais, como zelo litúrgico, deve-se evitar retalhos, tecidos chamativos, ou quaisquer eventuais formas de extrapolação que pode surgir em nome de uma “criatividade litúrgica”. Sobriedade sempre: este é o tempo favorável!

É preciso, portanto, que conservemos a mística própria do Ano Litúrgico, isto é, que não inventemos modismos, mas sejamos fieis ao Sagrado Magistério e à Tradição, na certeza de que somos servos da Liturgia, e não donos dela.

Assim seja.

Luis Gustavo da Silva Joaquim.

 

REFERÊNCIAS

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Missal romano. 12 ed. São Paulo: Paulus, 1997, 1080p.

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Carta Circular Paschalis Sollemnitatis: a preparação e celebração das festas pascais. 16 de janeiro de 1988. Disponível em: <https://presbiteros.org.br/paschalis-sollemnitatis-a-preparacao-e-celebracao-das-festas-pascais/>.