5º Domingo da Quaresma | Ano A
26/03/2023
Neste domingo, a Igreja continua seu caminho
catecumenal, ou seja, a liturgia vai de encontro com a proposta de catequese preparatória
para aqueles que receberão os sacramentos da iniciação cristã no dia da Páscoa
do Senhor. Em nível de recapitulação, o terceiro domingo, tratava da água do
batismo como fonte de vida; no quarto, o batismo como iluminação às cegueiras
do pecado; e agora, a realidade da vida nova batismal, prefigurado pela reanimação
de Lázaro.
De várias coisas que podemos aprender com Jesus,
destaco, de início, a capacidade de sentir. Ora, sabemos pela doutrina da “união
hipostática” que Jesus é, ao mesmo tempo, Deus e homem. E uma condição não contradiz
a outra, mas acompanha. Jesus, tendo amigos, sentiu a dor da perda a ponto de
chorar pela morte de Lázaro. Mas o que deve nos chamar atenção é o fato de
Jesus compreender a realidade, senti-la, viver o luto e tomar uma atitude de
reanimação. Claro, ele sendo Deus, pôde reanimar aquele homem que estava morto
há quatro dias.
A morte, como sabemos, é um dos maiores (se não o
maior) enigma da sociedade. Todavia, o caminho da fé nos auxilia a, se não
compreender, ao menos, lidar com esta realidade. Pela fé, sabemos que “Deus
enxugará toda lágrima dos olhos. A morte não existirá mais e não haverá mais
luto, nem choro, nem dor, porque passou o que havia antes” (Ap 21, 4). Mas ainda
assim, nesta terra, não somos isentos do choro, do sentir e do sofrer. Aliás, num
mundo onde pais matam filhos, filhos matam pais, guerras, fome, sede, doença,
suicídio etc., fica difícil não sentir.
Reanimar a vida é um ato divino e diário: alicerçados
na fé, somos impelidos a levantar cedo e ir para o trabalho ou para a escola
mesmo sabendo que as coisas não são como queríamos que fosse; ou quando
celebramos datas festivas sabendo que parentes caros não estão presentes porque
tiveram sua vida ceifada pela covid-19, pelas enchentes no litoral norte de São
Paulo, ou quaisquer outros fatídicos de nossa recente existência. Trata-se de apreciar
a vida, mesmo na realidade da morte!
Perceba que Jesus, mesmo sendo amigo dos irmãos do
povoado de Betânia (Maria, Marta e Lázaro), não vai imediatamente “resolver” a
situação de dor da família, mas deixa que a morte física do amigo aconteça naturalmente
e somente depois de dias parte para a região. Com isso, ele nos mostra que não
veio para alterar o ciclo normal da nossa vida física, e sim para dar um novo
sentido à morte física e para oferecer a todos nós a vida eterna.
Irmãos, desde a profecia de Ezequiel, que ouvimos na
primeira leitura, já temos a compreensão do que, de fato, se trata senhorio de
Jesus: de ressurreição. Portanto, se morremos com ele, com ele também
ressuscitaremos! Que esteja seja a nossa fé.
Enfim, como Lázaro, acolhamos o convite de Jesus: “VEM
PARA FORA” (v. 43), e deixemos todas as realidades de morte que existem dentro
de nós, a fim de acolhermos a vida Eterna. Assim, seremos despertados do sono
da morte (pecado) e nos revestiremos da imortalidade divina (vida eterna) com a
festa da Páscoa que se aproxima.
Assim seja.
Deus te abençoe!
Fraternalmente,
Luis Gustavo da Silva
Joaquim.
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