V Domingo da Quaresma | Reflexão

 
5º Domingo da Quaresma | Ano A

26/03/2023

Ez 37,12-14 | Sl 129(130),1-2.3-4ab.5-6.7-8 (R. cf. 7) | Rm 8,8-11 | Jo 11,1-45

Neste domingo, a Igreja continua seu caminho catecumenal, ou seja, a liturgia vai de encontro com a proposta de catequese preparatória para aqueles que receberão os sacramentos da iniciação cristã no dia da Páscoa do Senhor. Em nível de recapitulação, o terceiro domingo, tratava da água do batismo como fonte de vida; no quarto, o batismo como iluminação às cegueiras do pecado; e agora, a realidade da vida nova batismal, prefigurado pela reanimação de Lázaro.

De várias coisas que podemos aprender com Jesus, destaco, de início, a capacidade de sentir. Ora, sabemos pela doutrina da “união hipostática” que Jesus é, ao mesmo tempo, Deus e homem. E uma condição não contradiz a outra, mas acompanha. Jesus, tendo amigos, sentiu a dor da perda a ponto de chorar pela morte de Lázaro. Mas o que deve nos chamar atenção é o fato de Jesus compreender a realidade, senti-la, viver o luto e tomar uma atitude de reanimação. Claro, ele sendo Deus, pôde reanimar aquele homem que estava morto há quatro dias.

A morte, como sabemos, é um dos maiores (se não o maior) enigma da sociedade. Todavia, o caminho da fé nos auxilia a, se não compreender, ao menos, lidar com esta realidade. Pela fé, sabemos que “Deus enxugará toda lágrima dos olhos. A morte não existirá mais e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, porque passou o que havia antes” (Ap 21, 4). Mas ainda assim, nesta terra, não somos isentos do choro, do sentir e do sofrer. Aliás, num mundo onde pais matam filhos, filhos matam pais, guerras, fome, sede, doença, suicídio etc., fica difícil não sentir.

Reanimar a vida é um ato divino e diário: alicerçados na fé, somos impelidos a levantar cedo e ir para o trabalho ou para a escola mesmo sabendo que as coisas não são como queríamos que fosse; ou quando celebramos datas festivas sabendo que parentes caros não estão presentes porque tiveram sua vida ceifada pela covid-19, pelas enchentes no litoral norte de São Paulo, ou quaisquer outros fatídicos de nossa recente existência. Trata-se de apreciar a vida, mesmo na realidade da morte!

Perceba que Jesus, mesmo sendo amigo dos irmãos do povoado de Betânia (Maria, Marta e Lázaro), não vai imediatamente “resolver” a situação de dor da família, mas deixa que a morte física do amigo aconteça naturalmente e somente depois de dias parte para a região. Com isso, ele nos mostra que não veio para alterar o ciclo normal da nossa vida física, e sim para dar um novo sentido à morte física e para oferecer a todos nós a vida eterna.

Irmãos, desde a profecia de Ezequiel, que ouvimos na primeira leitura, já temos a compreensão do que, de fato, se trata senhorio de Jesus: de ressurreição. Portanto, se morremos com ele, com ele também ressuscitaremos! Que esteja seja a nossa fé.

Enfim, como Lázaro, acolhamos o convite de Jesus: “VEM PARA FORA” (v. 43), e deixemos todas as realidades de morte que existem dentro de nós, a fim de acolhermos a vida Eterna. Assim, seremos despertados do sono da morte (pecado) e nos revestiremos da imortalidade divina (vida eterna) com a festa da Páscoa que se aproxima.

Assim seja.

Deus te abençoe!

Fraternalmente,

Luis Gustavo da Silva Joaquim.


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