Estamos na oitava da Páscoa. Isso
significa que terminamos, recentemente, de vivenciar a Semana Santa, em que
pudemos contemplar a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Durante a
sexta-feira da paixão, muitos de nós participamos do ato litúrgico da adoração
da santa cruz. Disto, podemos perguntar (como já ouvi pessoas perguntando):
Deus Pai quis que o seu Filho Jesus sofresse? Em outras palavras, Deus se
alegra com o sofrimento do seu Filho?
Se isto for verdade, ele é, sem dúvidas,
um Deus do terror, do ódio, do sofrimento e não tem nada de bondoso nisso. Se,
ao contrário, for mentira, então o que Jesus sofreu na cruz pela remissão dos
nossos pecados foi um teatro. E aí, o que a teologia católica diz sobre isso?
Em poucas palavras, é o que pretendo responder a seguir.
Para início de conversa, engana-se quem
diz por aí que Cristo foi morto pelos judeus. É fato que Jesus sofreu com a
oposição dos judeus e que foi também por eles julgado e condenado pelo sinédrio.
Todavia, não foram eles que o crucificaram, mas, na verdade, ele foi condenado
à morte de cruz pelos romanos, isto é, por Pôncio Pilatos e os seus soldados. Tanto
é que o rei Herodes, tendo interrogado Jesus, não encontrou nele nenhuma culpa.
Isto lemos nos evangelhos.
Mas o foco aqui é outro. De pronto, a
maior prova de adesão ao projeto salvífico do Pai, na vida de Cristo, pela
remissão dos nossos pecados está na atitude de Jesus que contrapõe a atitude de
Adão. Se por um lado, Adão pecou pela desobediência, Cristo, o novo Adão,
redime a humanidade por meio de sua obediência e fidelidade ao Pai. Aqui habita
o que, verdadeiramente, agrada a Deus. Afinal de contas, “visto que a morte
veio por um homem, também por um homem vem a ressurreição dos mortos” (1Cor 15,
21).
Desse modo, não é o sofrimento em si que
agrada o Pai, pois, se assim o fosse, estaríamos falando de um Deus sádico. Deus,
portanto, se alegra com a nossa fidelidade ao seu projeto. Jesus foi, sem
dúvidas, fiel e obediente ao seu projeto. Levou o amor até as últimas conseqüências,
até o fim, até a cruz. É preciso que pensemos além dos sofrimentos a ponto de
enxergarmos a graça de Deus.
A vida sempre vence! Porque mesmo diante
da maldade humana, que foi capaz até de crucificar o Mestre, isto é, mesmo
diante da não-aceitação do projeto de Deus por parte de um grupo; por parte de
Jesus, pela sua aceitação e obediência, fomos salvos.
Em síntese, Deus Pai se alegra com a obediência
do Filho, que por sua vez, comporta sofrer na cruz em vistas da sua gloriosa
ressurreição. Que esta verdade de fé seja também sustento para as nossas cruzes
diárias, na certeza de que podemos agradar a Deus até mesmo quando as coisas
não parecem boas: basta que não fujamos do seu projeto de amor.
Assim seja.
Fraternalmente,
Luis Gustavo da Silva Joaquim.
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