III DOMINGO DA PÁSCOA| ANO A
23/04/2023
Queridos irmãos e irmãs, neste caminho
pascal que fazemos com Jesus ressuscitado, somos convidados a ouvir e meditar o
famoso evangelho que narra os dois discípulos no caminho de Emaús (Lc 24,13-35).
Este, é o relato único nos evangelhos, de modo que, nenhum dos outros três,
além de Lucas, narram o fato.
Neste caminho que os dois discípulos
fizeram, aproveitaram para partilharem das insatisfações, incompreensões e
tristezas, pois, aquele em quem depositaram toda sua confiança já havia morrido
no alto de uma cruz há três dias. Todo aquele projeto de instauração de um novo
reino era por eles entendido como um reino terreno. Nesse contexto, Jesus
coloca-se no meio deles.
Essas intervenções de Jesus mediante as
nossas incompreensões nem sempre acontecem de modo miraculoso ou esplêndido,
mas também em pequenos gestos, como nesta passagem. Acontece que,
espiritualmente, os discípulos estavam cegos porque não o reconheceram
fisicamente, mas também estavam surdos porque ouvindo Jesus explicar as
escrituras, ainda não o reconheceram.
Irmãos, nossas cegueiras e surdezes
espirituais nos privam de reconhecer a presença do Ressuscitado em nossa vida, isto
é, em nossos caminhos. Tantas vezes somos pessoas sem esperança, frustradas,
sem perspectivas de futuro porque as coisas simplesmente não aconteceram como
pensávamos que deveriam acontecer. Temos contato com a palavra, mas não colocamo-la
no coração; temos contato com os irmãos mas desprezamos a presença de Cristo
neles.
Os discípulos já sabiam da experiência das
mulheres de encontrarem, na manhã de domingo, o túmulo vazio. Mas, de fato, o
túmulo vazio não significa nada. O que verdadeiramente transforma a nossa vida
é uma profunda e autêntica experiência com o Senhor. Experiência essa que
ninguém pode fazer por nós, mas é pessoal e única. Aqui, nos lembramos do
evangelho da semana passada e apresenta a coragem de um Tomé que busca a
verdade do seu encontro com o Senhor para ser capaz de professar a sua fé.
Ao partir o Pão, gesto sacramental que
nos recorda a Eucaristia, os discípulos reconheceram Jesus. Pensemos: como têm
sido a nossa comunhão eucarística? Como têm sido a nossa comunhão eclesial?
Reconhecemos Jesus presente, verdadeiramente, nas espécies do Pão e do Vinho?
Ora, reconhecer Jesus em nossa vida é ato de coragem e humildade: coragem
porque a sociedade, hoje, propõe vários deuses para serem idolatrados e
servidos; humildade porque reconhecemos nossa pequenez humana e nos sujeitamos
a um projeto salvífico maior que nós. Desse modo, a experiência de Emaús é,
para nós, modelo de vida e experiência cristã. É preciso que ressuscitemos com
o Ressuscitado, isto é, que tenhamos novas esperanças e, sobretudo, novas atitudes
de vida.
Assim como no final do evangelho, em que os discípulos voltaram para Jerusalém a fim de anunciar aos demais, nós, depois de fazermos a experiência de encontro
com Jesus vivo e ressuscitado, somos convidados a voltar para a estrada
ordinária da vida, de modo que caminhemos ao encontro também dos irmãos testemunhando
o querigma (anúncio): Cristo viveu, morreu e ressuscitou por nós. Por isso, Emaús
é aqui!
Enfim, “quem comunga Cristo, comunga também
o irmão”: nesta certeza, sejamos impelidos pelo Espírito Santo, a fim de
acolher, experienciar e testemunhar a graça do Ressuscitado em nossa vida e na
vida dos outros. Peçamos: “Fica conosco, Senhor”.
Assim seja!
Deus
te abençoe!
Fraternalmente,
Luis Gustavo da Silva Joaquim.
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