3ª SEMANA DA PÁSCOA
At 8,26-40 | Sl 65(66),8-9.16-17.20 (R. 1) | Jo 6,44-51
A liturgia de domingo (III da Páscoa), por meio dos
discípulos de Emaús, evidenciou para nós a realidade da Palavra e do sacramento
(no caso, a Eucaristia). Hoje, na primeira leitura, ouvimos a conversão, pela
Palavra e pelo batismo, do etíope, que, depois disso, “cheio de alegria,
prossegue o seu caminho” (v. 39). Em suma, são as 3 etapas do caminho de
salvação: escuta da Palavra, batismo e alegria renovada. Como temos escutado a
Palavra? Como temos vivido nosso batismo? Que tipo de alegria temos vivido e
anunciado?
Algo semelhante se vê no evangelho de hoje: Jesus se auto-revela
dizendo ser o pão da vida descido do céu. Assim, mais uma vez, aparece a
realidade da Palavra e da Eucaristia.
Interessante perceber como a Igreja coloca muitas vezes,
nesse tempo pascal, a relação comensal de Jesus com seus discípulos. Tudo para
apontar à realidade sacramental da Eucaristia que é “fonte e ápice de toda vida
cristã”, conforme afirma o Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, 11.
Não raro, Santo
Irineu de Lyon, cujo texto aparece hoje no Ofício das Leituras, diz que “nossa
maneira de pensar concorda com a Eucaristia e a Eucaristia confirma a nossa
maneira de pensar” (Adversus haereses,
4, 18: SCh 100, 610 (PG 7, 1028)).
Esta é uma afirmação muito forte, porque, comungar é tomar
parte, é intimidade, é identificação, é modo de vida. Esta realidade comensal
apresentada por Jesus nos pede um compromisso de fidelidade, de amor e de
justiça.
Isso nos leva a refletir no modo como temos comungado! Sobretudo aqueles que têm o contato diário com a Eucaristia. Ora, assim como Jesus e o Pai são um só, também a humanidade deve ser uma só com Ele. Essa identificação se molda a cada eucaristia que comungamos.
Não à toa, a oração que será proferida sobre as oferendas, na liturgia de hoje, diz para que nós, participando deste sacrifício eucarístico, participemos também da única e suprema divindade de Deus e sejamos fieis a vida inteira.
Por fim, Pe. João batista Libânio, SJ, fala de dupla epiclese, isto é, nós pedimos, na oração eucarística, duas transformações:
1. que o pão e o vinho se transforme em corpo e sangue de Cristo;
2. que a assembleia reunida se transforme em corpo e sangue eclesial mediante a comunhão no corpo e sangue sacramental.
Acontece que a primeira transformação é mais fácil porque as espécies de pão e vinho não colocam resistência, ao passo que nós colocamos resistência à ação do Espírito... Aí que é mais difícil! Assim, sejamos sempre homens e mulheres eucarísticos: isso significa saber que, “quem comunga do corpo de Cristo, comunga também do corpo eclesial, isto é, dos irmãos”. Desse modo, sejamos atraídos pelo Pai, num profundo e verdadeiro encontro, a fim de acolher o pão da vida que se dá a nós em cada eucaristia e servindo à comunidade.
Assim seja.
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