PENTECOSTES
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Neste dia, 28 de maio de 2023, celebramos a
Solenidade de Pentecostes. Esta celebração remete aos 50 dias depois da Páscoa,
em que o Espírito Santo foi enviado no Cenáculo, em Jerusalém, sobre os
Apóstolos e a Virgem Maria. Eis o relato bíblico:
Quando chegou o dia de
Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente,
veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde
eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e
pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava. Moravam
em Jerusalém judeus devotos, de todas as nações do mundo. Quando ouviram o
barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os
discípulos falar em sua própria língua. Cheios de espanto e de admiração,
diziam: "Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que
nós os escutamos na nossa própria língua? Nós que somos partos, medos e
elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da
Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia, próxima de Cirene,
também romanos que aqui residem; judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos
nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria
língua!" (At 2, 1-11).
A palavra “Pentecostes” deriva do grego pentēkostḗ,
e significa “quinquagésimo”. Esta era uma celebração de agradecimento a Deus
pela colheita realizada pelos judeus cinquenta dias após a Páscoa. A data
também faz memória dos cinquenta dias depois do êxodo, em que os israelitas
chegaram ao monte Sinai. Ali, Deus lhes deu a Lei por intermédio de Moisés e
ordenou que observassem os seus mandamentos e comemorassem aquele dia também
anualmente.
Contudo, a festa de Pentecostes, tal como
celebramos hoje, significa a vinda Espírito Santo Paráclito que deu-nos uma
nova lei: não mais escrita em tábuas de pedras, mas, em corações humanos. Desse
modo, celebrar Pentecostes é celebrar a festa da presença do Espírito que nos
anima e dá forças para seguir a vida mediante todos os problemas e tentações do
inimigo.
Contudo, deixando de lado um pouco este fator
histórico, podemos dizer que Pentecostes é a festa do “nascimento oficial” da
Igreja no mundo, pois, mesmo que ela tenha nascido do lado aberto de Jesus na
cruz, é em Pentecostes que a Igreja se consolida como povo congregado em nome
de Cristo.
Embora o evangelho da liturgia deste dia não
trate, propriamente, do dia de Pentecostes, mas sim o dia da Páscoa, há algo de
importante no versículo 22 que pode nos ajudar e celebrar este dia: “Depois de
ter dito isso, soprou sobre eles e disse ‘recebei o Espírito Santo’”.
Ora, o sopro de Jesus indica o hálito de Deus
Pai na criação no livro de Gênesis. Assim, em Cristo, por meio do Espírito,
temos a nova criação. Assim, não há mais lugar para o medo, a insegurança ou a
amargura, pois, o Espírito da Verdade está conosco nos garantindo paz e alegria,
conforme ouvimos no evangelho, logo no primeiro versículo: Jesus nos diz “a paz
esteja convosco” (v. 19).
Desse modo, somos portadores da paz que vem de
Cristo com o Pai e o Espírito Santo. Isso significa dizer que, mesmo diante das
intempéries da vida somos homens e mulheres cheios de paz no coração; mas uma
paz que vem do alto, e por isso, nada e ninguém pode nos tirar. Portanto,
aquele que venceu a morte e subiu aos céus não nos abandona, mas permanece de
modo invisível, mas real.
Convém ainda ressaltar que em vários os relatos
da efusão do Espírito Santo sobre os apóstolos possui um caráter missionário:
a.
At 1, 8: “recebereis o
Espírito e sereis minhas testemunhas”.
b.
At 13, 4: “enviados pelo
Espírito Santo”.
c.
Jo 20, 21: “Como o Pai
me enviou, também eu vos envio”.
Somente quem faz uma profunda e verdadeira
experiência do Espírito Santo que pode testemunhá-lo. Verdadeiramente, a Igreja
sobrevive até hoje por obra e ação do Espírito. Mas ainda é preciso que abramos
espaço para ele habitar em nossa vida, em nosso coração, a fim de um sincero
anúncio do Reino de Deus para as pessoas que estão a nossa volta.
Enfim, irmãos, sem o Espírito Santo, Deus está
longe, ausente e reduzido a uma anedota; o evangelho se torna uma letra morta;
e a Igreja se torna um amontoado de ritos e leis arcaicos. O Espírito nos dá
vida e nos faz novos, portanto, sejamos dóceis ao Espírito que nos foi enviado
em Pentecostes, recebido no batismo e confirmado na crisma.
Assim seja.
========Para refletir:
"O Espírito ativa em nós a capacidade de crer, de
esperar, de continuar fiel ao próprio Amor. Cada cristão é uma consequência do
Espírito Santo. [...] Hoje nós somos aqueles que são chamados a viver com
alegria mesmo o sofrimento, a perseguição, a doença, o luto, a morte. Somos
chamados a viver com esperança todas as situações da vida. E por que? Porque o
Espírito Santo, a força de Deus, o vento, o sopro, o hálito e o alento estão em
nós. Somos, por vezes, uma Igreja a quem falta a vivacidade do Espírito, a
juventude do Espírito, a alegria deste Espírito que é sempre uma sementeira. O
Espírito Santo é que nos dá o sentido da plenitude, o sentido da missão, é que
nos torna uma Igreja em saída."
(Livro "Elogio da sede", de Dom José Tolentino
Mendonça, pp. 77-78.)
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