Santíssima Trindade | Reflexão

 

=== TRINDADE: COMUNIDADE DE AMOR ===

Solenidade da Santíssima Trindade

Frequentemente traçamos sobre nós o sinal da cruz. Juntamente com este gesto, pronunciamos as palavras: “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Mas o que isso significa? Sobre isso trata a solenidade que a Igreja celebra neste domingo, 04 de junho de 2023.

Em nível de curiosidade, faremos, primeiramente, uma breve contextualização sobre esta celebração: no início da Igreja, nos primeiros séculos da era comum, houve muito conflito entre os cristãos acerca da divindade e humanidade de Jesus, bem como qual seria o papel do Espírito Santo. Das várias discussões teológicas, surgiu, enfim, o dogma da Igreja nos concílios de Niceia (325) e Constantinopla (381) que definem o que professamos até hoje no credo: A Trindade é una, ou seja, não são três deuses, mas um só Deus em três Pessoas, sendo cada uma das três Pessoas da mesma substância (consubstanciais). Desse modo, as pessoas divinas são distintas entre si. Portanto, é esta a nossa fé! A Solenidade da Santíssima Trindade foi inserida no domingo depois de Pentecostes pelo Papa João XXII (1316–1334)

Feita a devida e breve contextualização, podemos adentrar no mistério da Trindade. Sabemos que a iniciativa de revelar-se a nós é sempre de Deus. Ele se revela porque quer, porque nos ama. No entanto, esta é uma revelação progressiva, isto é, não agride a nossa pequenez humana. Sendo assim, foi se revelando aos poucos, de modo que, hoje a teologia tem uma compreensão mais clara da Trindade, diferente de tempos idos. Detalhe: isso não significa que tudo ficou mais claro e compreensível. Até porque a Trindade continua sendo um mistério. Ora, ela não é misteriosa, porque, trata-se de algo que não poderemos esgotar jamais, no entanto, não ficamos aquém dela porque experimentamos a ação trinitária ao longo de toda a nossa vida, seja nos acontecimentos, seja nos sacramentos.

No evangelho (Jo 3, 16-18) ouvimos a forma que o Pai quis salvar o mundo, isto é, enviando seu Filho por meio do Espírito Santo. Assim, já vemos a distinção de pessoas presentes na Trindade, bem como as diferentes funções que cada um exerce; todavia, um único e mesmo Deus. O Pai é o criador, o Filho é o redentor e o Espírito é o santificador. O mesmo Deus, mas em três pessoas distintas. Parece até difícil compreender racionalmente, e de fato o é! No entanto, quando nos faltam razões para crer, resta-nos a fé. Somente com os olhos da fé enxergamos o Deus uno e trino capaz de inundar o nosso ser e habitar a nossa vida.

Temos um Pai que ama, um Filho que é amado e o próprio amor que une os dois, o Espírito. Desse modo, permanece verdadeiro, mais que nunca, a afirmação joanina de que “Deus é amor” (1Jo 4, 8). De fato, a Trindade é uma comunidade de amor. E nisto consiste a grande provocação da vida cristã: já que fomos batizados em nome da Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo, a nossa vocação é sermos comunidade, isto é, sinais de comunhão, partilha, amor e misericórdia.

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Por fim, compartilho uma belíssima obra: refere-se à uma escultura que pode muito nos ajudar e rezar esta solenidade, chamada “Trindade Misericordiosa”, da Irmã Caritas Müller:

O impactante desta escultura é o homem no centro da Trindade. Mesmo que aparenta uma pessoa frágil e mísera, caída e sem forças, mas está circuncidada pela misericórdia e amor da Trindade. Ora, Jesus que ascendeu aos Céus levou consigo, ao seio da Trindade, a nossa humanidade. Por isso, estamos no centro da comunidade de amor; e assim sendo, precisamos assumir a nossa vida, nossa família e nossa paróquia como profundas comunidades de amor e ternura. Em Deus o ser humano está no centro, portanto, que tenhamos Deus, Uno e Trino, no centro da nossa vida.

 

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Para ler mais sobre a escultura da “Trindade Misericordiosa”, acessar o link: https://www.centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/espiritualidade/763-a-trindade-misericordiosa

Imagem da Trindade Misericordiosa disponível em: https://www.cnbb.org.br/wp-content/uploads/2020/03/trindade.jpg

Nota: porque os concílios definidores deste dogma foram de Niceia e Constantinopla é que nossa profissão de fé (na versão mais longa) chama-se “Credo Niceno-constantinopolitano”.

 

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