Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

 

A IMPORTÂNCIA DE MARIA NA VIDA CRISTÃ

Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria.

 
“À vossa direita se encontra a rainha,

com veste esplendente de ouro de Ofir.”

(Sl 44, 10b)

=================

 

No dia 15 de agosto, celebramos com toda a Igreja, a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora (nominada também de Nossa Senhora da Glória). No Brasil, esta solenidade é transferida para o domingo seguinte, por isso, celebramos, neste ano, no dia 20.

Existem, na Igreja, 4 dogmas relacionados a Maria[1]. São eles: Imaculada Conceição, isto é, concebida sem pecado original; Mãe de Deus, isto é, a finalidade pela qual foi concebida imaculada; Virgindade Perpétua, isto é, se manteve virgem antes, durante e depois do nascimento de Jesus; Assunção, isto é, subiu ao céu de corpo e alma.

O que nos interessa, neste artigo, é o dogma da Assunção, como já sabemos. Este foi declarado no dia 1º de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus (Deus munificentíssimo). Abaixo, um trecho correspondente da constituição:

Pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e em nossa própria autoridade, pronunciamos, declaramos e definimos como sendo um dogma revelado por Deus: que a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, tendo completado o curso de sua vida terrena, foi assumida, corpo e alma, na glória celeste.

Esta é a razão pela qual precisamos refletir, de modo teológico-catequético, sobre a importância de Maria na vida cristã.

***

Quando observamos o sumário da Lumen Gentium, constituição dogmática sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II, nos damos conta de que há um precioso capítulo (VIII) dedicado a Nossa Senhora com o seguinte título: “A bem-aventurada Virgem Maria, mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja”. Trata-se de um aspecto bastante importante para a nossa fé, porque Maria tem um espaço privilegiado em nossa vida de cristãos.

Sabemos que Maria é filha predileta do Pai e sacrário do Espírito Santo (LG 53). Isso porque, pela anunciação do anjo e aceitação do projeto salvífico, Maria deu à luz o filho de Deus, Jesus Cristo. Por isso mesmo, “ultrapassa de longe todas as outras criaturas celestes e terrestres” (idem). Ela ocupa, desse modo, “o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós” (LG 54), conforme escreveu São Paulo VI, na alocução do concílio, em 1963.

“Quis, porém, o Pai das misericórdias que a encarnação fosse precedida da aceitação por parte da Mãe predestinada, a fim de que, assim como uma mulher tinha contribuído para a morte, também uma mulher contribuísse para a vida.” (LG 55)

Assim, para tão preciosa função maternal, Maria foi preservada do pecado, como já garantiam os santos Padres. Ela foi preservada do pecado original pelos méritos futuros da redenção obtida por Jesus, de modo que, a ação salvífica de Cristo atingiu também ela, porém de modo antecipado em vistas do fato redentor da cruz. “Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e com inteira obediência” (LG 56).

Esta foi a principal diferença entre Eva e Maria: a obediência. Aceitar o projeto divino de amor para cada um de nós foi o maior exemplo de Nossa Senhora para a Igreja de Cristo. Para tanto, afirmava Santo Irineu de Lyon: “pela obediência, ela tornou-se causa de salvação para si mesma e para todo gênero humano”.

Ademais, foi ela a medianeira do primeiro milagre nas bodas de Caná da Galileia; guardava todas as palavras de Jesus no coração; permaneceu firme e de pé na cruz e foi entregue por mãe ao discípulo amado, João. Depois da ascensão, Maria este junto aos apóstolos no cenáculo, em Jerusalém até, tendo terminado “o curso de sua vida terrena, foi levada à glória celeste de corpo e alma” (LG 59), uma vez que era preservada de toda mancha e culpa do pecado original.

***

Pois bem, isto posto, voltemos ao dogma da assunção: trata-se de um feito próprio de Deus, isto é, Maria foi assunta aos Céus de corpo e alma mas não por forças próprias, e sim, por graça divina. Esta é a diferença entre ASSUNÇÃO de Maria e ASCENÇÃO de Jesus (porque, evidentemente, ele é Deus). Ademais, sendo Maria preservada do pecado ela também não poderia ficar sob o poder da morte, que é consequência do pecado (cf. Rm 5,12). Ora, este é uma preciosa “prova real” da veracidade do evento.

Por fim, o que aprendemos com a assunção?

a.      Que, na Assunção da Virgem Maria, podemos ver também a vontade divina de promover a mulher;

b.      Que a Virgem Maria ocupa espaço privilegiado para nossa fé e, consequentemente, muito nos ensina a viver o seguimento de Cristo;

c.       Que, tendo Maria ascendido aos Céus de corpo e alma, precisamos valorizar mais igualmente o nosso corpo e a nossa alma, isto é, não viver num dualismo cultural onde supervalorizamos um e desprezamos o outro. Somos uma unidade ontológica entre corpo, alma e espírito.

 

PARA REFLETIR

---------------

 

Qual a importância de Maria na vida da Igreja e em nossa vida, pessoalmente falando?

Como tenho vivido a espiritualidade mariana no dia-a-dia?

O que me falta para, a exemplo de Maria, guardar as palavras de Jesus e meditá-las no coração?

 



[1] Vale ressaltar que os DOGMAS DE FÉ são afirmações verdadeiras que o Magistério da Igreja proclama, depois de muita reflexão teológica. Portanto, a Igreja não inventa dogmas, mas os declara conforme são revelados pelo próprio Deus.

Comentários