25º Domingo do Tempo Comum| Reflexão

 

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano A

Is 55,6-9 | Sl 144(145),2-3.8-9.17-18 (R. 18a) | Fl 1,20c-24.27a | Mt 20,1-16a

 

A primeira leitura de hoje equivale ao final do chamado “livro das consolações”, de Isaias, pois, em dados contextuais, aproxima-se a libertação do povo exilado na Babilônia e, o profeta escreve para que, perto de voltarem à Terra Prometida, o povo de Israel perceba que o tempo de escravidão serviu para recuperarem o devido valor à promessa de Deus, isto é, a Aliança. Trata-se de um convite urgente de conversão e reencontro com o próprio Deus. Não adianta nada passarmos por determinadas situações de provação na vida, e no tempo da alegria não tivermos o coração grato a Deus.

É preciso que não nos esqueçamos de buscar sempre o Senhor enquanto é tempo (cf. Is 55, 6); porque, acontece que, muitas vezes, nos acostumamos tanto com a situação de exílio que, acomodados, não queremos mais a graça e o perdão de Deus. Por isso que o próprio Deus, pela boca do profeta, anuncia que seus pensamentos e seus caminhos são diferentes dos nossos (cf. Is 55, 7). Ora, embora nós sejamos homens e mulheres infiéis com o projeto de Deus, ele nunca deixa de cumprir sequer uma promessa feita a nós, filhos seus.

É aí que compreendemos o Evangelho deste fim de semana: a nossa justiça humana é falha e nós sabemos disto. A parábola dos trabalhadores da vinha reflete a nossa tendência de meritocracia, em que, quem trabalha mais, ganha mais; e quem trabalha menos, ganha menos.

Longe de ser um manual de leis trabalhistas, a parábola quer mostrar que, para o projeto de amor divino, não há mérito algum, mas que todos têm o seu valor para Deus. Ele é bom para com todos (cf. Sl 144, 9) e justo em seus caminhos (Sl 144, 17), como rezamos nos salmo responsorial. Independentemente da hora que fomos chamados, isto é, do dia em que fomos batizados, somos filhos e filhas amados igualmente por Deus. Em nossos grupos, pastorais e movimentos, somos tentados a achar que os que são mais experientes são os mais importantes; mas Jesus, com esta parábola, diz que não. Basta que aceitemos o convite dele para trabalhar em sua vinha, porque ele está perto de quem o invoca! Por isso, mais uma vez: busquemos o Senhor enquanto é tempo (cf. Is 55, 6).

Meus irmãos, as diferenças quem faz somos nós, pecadores. Jesus acolhia a todos. O reino dos céus é também para os marginalizados, excluídos, indignos etc. Compreender isto é saber que Deus não é um negociante, mas um Pai cheio de amor pelos seus filhos, e por isso, não podemos cultivar uma fé interesseira. O cristão não faz as coisas por uma recompensa, seja ela o céu, a sorte na vida, a cura de uma doença, ou o número sorteado da loteria, mas porque está convicto de que Deus nos mostra o caminho para a verdadeira vida.

O que acontece é justamente o contrário, ou seja, o Reino dos Céus, enquanto recompensa, vem até nós por causa de uma vida em Deus, na liberdade e no amor. É o que afirma Santo Inácio de Loyola no princípio e fundamento dos seus exercícios Espirituais: “o Ser Humano é criado para louvar, servir e reverenciar a Deus nosso Senhor e assim chegar à salvação” (EE, 23). Mais uma vez: não é mérito, mas é graça de Deus!

Nesse sentido, compreendeu muito bem o apóstolo Paulo na segunda leitura, ao afirmar que: “viver é Cristo e morrer é lucro” (Fl 20, 21). Neste trecho da carta aos Filipenses, Paulo fala de si próprio, isto é, de sua situação física e espiritual, das suas angústias e também de suas esperanças. O apóstolo está consciente de que corre sérios riscos de vida, e, mesmo assim, está em paz e confiante porque a única coisa que lhe interessa é Cristo e o seu Evangelho. Em outras palavras, Paulo, juntamente com o Evangelho e Isaias, nos ensinam que, independente do que aconteça em nossa vida, se estivermos com Cristo, por Cristo e em Cristo, nada temos de temer. Portanto, confiemos à misericórdia, ao amor e à justiça de Deus.

Assim seja!

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Em casa, com a família, faça a seguinte oração:

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 “Oração de Santo Inácio de Loyola”

Tomai, Senhor, e recebei

Toda a minha liberdade, a minha memória também.

O meu entendimento e toda a minha vontade

Tudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor.

Todos os dons que me destes, com gratidão vos devolvo

Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade.

Dai-me somente, o vosso amor, vossa graça

Isto me basta, nada mais quero pedir.

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Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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