27º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano A
Is 5,1-7 | Sl
79(80),9.12.13-14.15-16.19-20 (R. Is 5,7a) | Fl 4,6-9 | Mt 21,33-43
Todo profeta fala ao povo de sua época a fim de anunciar
a Palavra de Deus e denunciar as práticas contrárias a esta Palavra. Não é diferente
com Isaias no trecho de sua profecia que ouvimos hoje. O profeta, no seu “canto
da vinha” – isto é, uma parábola –, coloca o povo de Israel na condição de povo
que só produz frutos amargos da injustiça e da iniquidade. A vinha é sinônimo
da Aliança de amor feita por Deus com o seu povo eleito. Contudo, o profeta
denuncia que, mesmo diante da fidelidade de Deus, seus concidadãos são ingratos
e não praticam o direito e a justiça.
Deus é o "vinhateiro" e Israel é a
"vinha". Foi ele quem trouxe de longe, isto é, do Egito, essas
videiras escolhidas; plantou-as numa terra fértil, que é Terra Prometida; tirou
dessa terra as pedras, ou seja, os outros povos que lá habitavam; e, no
entanto, não vê a fecundidade da sua vinha, do seu povo.
Perguntemo-nos: somos fecundos em nossa vida mediante
a fidelidade de Deus em suas promessas? Quantas vezes abandonamos os desígnios de
Deus em nossa vida, cultivando frutos amargos, isto é, a inimizade, o ódio, o
rancor e a maldade?
Irmãos, este “canto da vinha” proferido por Isaias é
um canto de amor, isto é, um Deus que tão apaixonado pelo teu povo a ponto de
libertá-lo da escravidão e levá-lo a uma terra onde brota leite e mel. Deus nos
ama frequentemente! Nós participamos desta história de amor divina. É preciso,
pois, que tomemos consciência disto.
Juntamente com esta temática da vinha, o Evangelho
apresenta outra parábola, desta vez, contada pelo próprio Jesus. A vinha é o
povo de Deus; o dono da vinha é o próprio Deus; e os vinhateiros que trabalham
são os religiosos, doutores da lei e fariseus. Os servos enviados são os
profetas que, tantas vezes, foram perseguidos e mortos. O filho morto "fora
da vinha" é o próprio Jesus, crucificado fora dos muros de Jerusalém.
Ora, aqui já fica claro o que esta parábola quer
dizer a nós: a rejeição de Jesus. Deus já enviou os profetas para anunciar e
denunciar; e enviou até mesmo seu Filho Único a esta Terra. No entanto, o
pregaram numa cruz. Por causa da dureza do nosso coração que vivemos o
descompromisso com a verdadeira vinha do Senhor, isto é, com o teu Reino de Amor.
Mateus transcreve esta parábola em seu evangelho
porque sua comunidade, no primeiro século da Igreja, (por volta dos anos 80
d.C.) vivia um comodismo na vida cristã. Os cristãos já não produziam mais os
frutos plantados e regados com o sangue derramado de Cristo na cruz.
Não podemos nos acomodar em nossa caminhada de fé.
Aliás, o próprio Jesus diz que “o Reino de Deus vos será tirado e será entregue
a um povo que produzirá frutos” (Mt 21, 43). Isso significa que nós podemos
perder o Reino simplesmente porque não produzimos os frutos necessários na vinha.
Precisamos hoje, mais que nunca, produzir nesta sociedade doente, frutos de
amor, paciência e perdão. Expressar no cotidiano da vida a ternura de Deus com
tantos irmãos e irmãs que sofrem os males do corpo e da alma.
A vinha definitiva que participaremos no fim dos
tempos depende diretamente do fruto que cultivamos na vinha cotidiana da vida
hoje, aqui e agora! Foi o que nos ensinou o apóstolo Paulo em sua carta aos
Filipenses que ouvimos hoje: é preciso que cultivemos tudo “o que é verdadeiro,
respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer
modo mereça louvor” (Fl 4, 8). Somente assim atingiremos a paz de Deus (Fl 4, 9).
Esta tão sonhada paz deve atingir as nossas famílias,
nossos lares, nossos trabalhos, nossas comunidades e em nosso mundo. Mas isso
só será possível quando todos nós trabalharmos na mesma vinha, isto é, na vinha
do Senhor. Quando em vez de praticar a injustiça e o desamor, praticarmos a
ternura e a equidade.
Que o Espírito Santo nos ajude a entender e viver
estas palavras hoje e sempre. Assim seja!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
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