28º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano A
Is 25,6-10a | Sl 22(23),1-3a.3b-4.5-6 (R. 6cd) | Fl 4,12-14.19-20 | Mt 22,1-14
Desde a criação do mundo Deus prepara uma grande
festa para nós! Por isso que a figura do banquete é recorrente na Sagrada
Escritura: é uma imagem para dizer do Reino de Deus. Trata-se de um estado
permanente de felicidade, de amor e de alegria que Deus quer oferecer a todos
os seus filhos amados.
Nesse sentido, a primeira leitura nos coloca no fim
da vida de Isaías (por volta do final do séc. VIII a.C.). Nesta ocasião, o
profeta está tão desiludido com a política e com os reis de Judá, a ponto de sonhar
com um tempo de felicidade e de paz para o povo. Por isso ele fala do banquete que
um dia Deus, na sua própria casa, isto é, no monte, vai oferecer a todos os povos;
banquete este que é sinal da comunhão com Deus. Tem, sem duvidas, bastante
semelhança à parábola contada por Mateus no Evangelho.
A primeira parte da parábola fala do convite feito,
em primeiro lugar, aos mais dignos; que significa os judeus, isto é, a raça de
Israel com seus mestres e doutores da Lei. Contudo, estes não aceitaram o
convite porque preferiram ir para os seus campos e cuidar dos seus negócios
(cf. Mt 22,5).
Ora, o convite é feito a todos nós. Somos filhos
amados do Pai. Contudo, cada vez que preferimos cuidar “dos nossos negócios”
vamos deixando “os negócios” de Deus para trás, ou seja, rejeitamos a grande
festa do Reino preparada para nós. Não é Deus quem rejeita, mas somos nós quem
nos auto-privamos da comunhão com ele.
Mas Deus não desiste e muda os convidados. Na figura
do rei, dono da festa, manda chamar os que estão nas “encruzilhadas dos
caminhos” (Mt 22,8). Estes são surpreendidos com o convite, porque não tinham
negócios para cuidar, pois viviam às margens. Ora, desde sempre, Jesus faz uma
opção preferencial (e não exclusiva) aos pobres, excluídos e marginalizados da
sociedade. E nós, cristãos, devemos seguir este exemplo.
O fato é que, muitas vezes, nós também nos
enquadramos neste grupo dos que foram convidados depois, nos becos e periferias.
Na Igreja, não há só santos, mas há “maus e bons” (Mt 22,10). Por isso que é
preciso, constantemente olhar o traje que vestimos. Os Padres da Igreja
interpretaram este traje como sendo a fé ou o batismo. Em outras palavras, não
basta ir à missa, é preciso crer no que se reza, professa e comunga. Mais que
isso, é preciso viver o que se crê, reza, professa e comunga.
Nesse sentido, São Gregório Magno, além da fé e do
batismo, definiu o traje de festa como sendo a “caridade”. Meus irmãos, a cada
vez que viemos nesta grande festa, neste banquete, nos alimentamos da
Eucaristia a fim que tenhamos forças de viver a caridade do evangelho, isto é,
de vestir a cada dia o traje da festa que será cobrado nos Céus: A CARIDADE.
Prova de que a caridade pode mudar a vida dos irmãos
é a segunda leitura: Paulo, estando preso, escreve à comunidade grega dos
filipenses agradecendo pela solidariedade prestada pela comunidade ao apóstolo
por meio de uma ajuda financeira. E a gratidão não está no fato de ser uma
ajuda financeira, mas no fato de a comunidade ter se reunido, percebido a
necessidade do seu fundador (o apóstolo Paulo) e tomado a livre iniciativa de
ajudá-lo, sem mesmo ele pedir. Dessa atitude, só pode gerar mesmo gratidão.
Quando agimos por caridade, podemos mudar a vida das pessoas; isto é o Reino
dos Céus: um banquete onde há partilha, alegria e gratidão.
Enfim, a parábola do Evangelho deste fim de semana é
uma chamada a abrir o coração e as portas das nossas comunidades, sobretudo aos
pobres, aos abandonados, a quem é recusado pela sociedade. “São muitos os
convidados, poucos os escolhidos” (Mt 22,14): nós sabemos que somos convidados,
porque Deus convida a todos, mas precisamos nos perguntar a cada dia se somos
os escolhidos, no sentido de que não basta o convite, mas é preciso o preparo,
a mudança de vida, o esforço humano. O Senhor nos chama como somos, mas pede
que mudemos algumas atitudes, diariamente, para que sejamos dignos de pertencer
à festa, ao banquete.
Já dizia Santo Agostinho que o “Deus, que nos criou
sem nós, não pode nos salvar sem nós”. Em outras palavras, hoje, aqui estamos,
e felizes somos nós, convidados para o banquete do Senhor, que é a Eucaristia.
Contudo, pensemos: que tipo de traje (caridade) vestimos para este banquete?
Que, impulsionados pelo desejo do banquete, vistamos
o devido traje para habitar a casa do Senhor eternamente, como cantamos no
salmo responsorial. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim.
Seminarista na Diocese de
Jaboticabal/SP.

Magistral essa reflexão!!
ResponderExcluirMuito obrigada! Deus o abençoe! 🙏🏼🌹