29º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano A
Is 45,1.4-6 | Sl
95(96),1.2a.3.4-5.7-8.9-10a.c (R. 7ab) | 1Ts 1,1-5b | Mt 22,15-21
Queridas irmãs e irmãos, uma frase do evangelho de
hoje é muito repetida em nossa sociedade: “Dai a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21). Ora, trata-se de uma citação tão conhecida,
tão repetida e, no entanto, pouco compreendida. Para compreender, precisamos contextualizar
que, Jesus foi condenado pelos sumos sacerdotes como “o humano que se fazia de
Deus”. Todavia, isso não seria suficiente para condená-lo, mas era preciso uma
armadilha de nível político. Daí surge a oportunidade ardilosa narrada no
evangelho deste fim de semana.
A pergunta pode, aparentemente, ser muito simples e
direta, mas não é. “É lícito ou não pagar o imposto a César?” (Mt 22, 17). Se
Jesus respondesse “sim”, seria acusado de conivência com os opressores romanos;
se respondesse “não”, seria acusado de revoltoso anti-romano; se respondesse
“não sei”, seria desmoralizado como incompetente e estulto. A armadilha era
perfeita! Mas, a resposta de Jesus foi mais perfeita ainda!
PRIMEIRO entendemos aqui que a maldade humana, às
vezes, vem disfarçada de palavras bonitas ou doces questões. Mas, quando estamos
em sintonia com o Pai, não seremos vencidos. É preciso
que estejamos em constante prudência e discernimento no agir e no falar.
DEPOIS, somos tentados a entender que Jesus deseja dividir
o mundo em duas realidades antagônicas: uma para Deus e outra para César, isto
é, de um lado as coisas divinas, e do outro as mundanas. Não! Nada disso! Ao
ensinar a “dar a César o que é de César”, Jesus nos convida a respeitar as
estruturas da sociedade em que vivemos, a levá-las a sério, a bem viver nelas,
trabalhando pelo bem de todos (Rerum
Novarum) e cuidando da casa comum (Fratelli
Tutti). César, aqui, significa o mundo em que vivemos e toda sua complexidade.
César é a política, a Pátria, a família; César é o trabalho, o emprego, o
esporte que praticamos; Césares são os amigos e até os nossos sonhos e projetos…
Nada disso podemos deixar de lado, desde que, em nossa vida, haja espaço e
tempo para aquilo que é de Deus.
Em suma, muito mais vale o modo que lidamos com as
coisas, do que as coisas em si. Portanto, Demos a César o que é de César, mas
recordemos que também os “Césares” da nossa vida pertencem a Deus!
A nossa grande tentação é colocar no lugar de Deus
os tantos césares que nos são apresentados ao longo de nossa existência. Nesse
sentido, diz a primeira leitura: “Eu sou o Senhor e não há outro; fora de mim
não há deus” (Is 45, 5). O contexto deste trecho de Dêutero-Isaías se dá entre
550 e 539 a.C., quando o povo está na fase final do exílio na Babilônia; com
sua fé abalada, porque acreditavam que o rei Ciro, que já dominava muitos
povos, seria também o libertador do povo de Israel. Com isso, o povo esfriou na
sua fé no Deus único e verdadeiro e começou colocar sua confiança no rei
poderoso. Em outras palavras: Deus suscita sim homens para mediar a salvação,
mas é somente ele próprio, isto é, Deus, a salvação e a esperança de nossa
vida.
Irmãos, se na moeda do imposto estava a impressa a
imagem de César, a imagem de Deus foi impressa em cada ser humano, por meio do
nosso batismo: ousamos vivê-lo, diariamente!
Queiramos nós, ouvir de Cristo o que a comunidade de
Tessalônica ouviu de Paulo, seu fundador: “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos
sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da
vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts, 1, 3). Trata-se de um
elogio à comunidade que, mesmo diante de tanta provação, nunca deixou de
louvar, agradecer e esperar em Deus, como o próprio apóstolo havia pregado, não
somente com palavras, mas com o seu testemunho de vida, impelido pelo Espírito
Santo.
Enfim, a liturgia deste final de semana quer nos
dizer que Deus é a prioridade de nossa existência, mas avisa-nos também que ele
nos exige um compromisso afetivo e efetivo com a construção do mundo em que
vivemos, a fim de que seja um mundo mais humano, mais justo e mais fraterno – SEM GUERRAS. Diante da resposta de
Jesus aos fariseus, precisamos nos perguntar se estamos dando a ele o que é de dele,
isto é, a nossa própria vida.
Que o Espírito Santo nos ajude a entender e viver
estas palavras. Assim seja.
Luis Gustavo da
Silva Joaquim
Seminarista na
Diocese de Jaboticabal.
Glória a vós, Senhor.
ResponderExcluirGlória a vós senhor
ResponderExcluirAmém! Obrigado por nos ajudar a compreender e a viver a Boa Nova de Jesus! Deus o abençoe meu "filho".
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