33º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano A
Pr 31,10-13.19-20.30-31 | Sl 127(128),1-2.3.4-5ab | 1Ts 5,1-6 | Mt 25,14-30
Caminhando para o fim do ano litúrgico,
somos conduzidos para refletir sobre a segunda volta de Jesus. Esta é uma
verdade de fé: Jesus Cristo virá para nos julgar. Para tanto, nós rezamos em
toda profissão de fé: “Creio em Jesus Cristo [...], donde há de vir a julgar os
vivos e os mortos”.
Nesse sentido, a segunda leitura é clara:
não sabemos o dia e a hora em que o Senhor voltará, por isso, “sejamos
vigilantes e sóbrios” (1Ts 5, 6). São Paulo utiliza-se de duas imagens para
exemplificar: o dia em que o Senhor voltará será como um ladrão que chega de
noite, quando ninguém está à espera (v. 2); ou também, como as dores de parto
que surgem de repente (v. 3). O fato é que, este era um assunto de muita dúvida
para a comunidade Tessalônica, pois, como já vimos no domingo passado, aquela
comunidade cristã estava desanimada ao perceber que alguns de seus irmãos estavam
morrendo antes de volta de Cristo, que para eles, aconteceria logo.
Sendo assim, para estar preparado quando
o Senhor vier para nos julgar, vivos ou mortos, o que devemos fazer? Aqui,
entra o Evangelho deste domingo. Somos apresentados à parábola dos talentos. O texto nos diz que um homem, ao ausentar-se para uma
viagem, distribuiu talentos a três servos, para que tomassem conta deles e os
fizessem frutificar. A um deu cinco talentos, a outro, dois; e a um terceiro,
apenas um talento.
O talento, na perspectiva histórica, era
uma antiga moeda romana, de grande valor. Cada talento correspondia a um
salário de vinte anos de trabalho de um operário comum; portanto, uma grande
quantia. Logo, mesmo aquele que recebeu só um talento, recebeu uma enorme
quantia; o que sublinha a imensa generosidade de Deus nos seus dons dados a
nós, filhos seus.
A cada um o patrão deu “conforme a sua
capacidade” (v. 15), para que esses dons pudessem ser desenvolvidos e usados
para fazer o bem a si mesmo, aos outros e ao Reino de Deus. Deus conhece a
nossa história e sabe do que nós somos capazes de suportar.
Na perspectiva espiritual, o patrão é o
próprio Jesus que, que deixa a nós e a este mundo, bens valorosos: o próprio
Evangelho. Desse modo, os talentos são os dons que Deus, através de Jesus,
ofereceu a todos nós, cada qual com sua capacidade. Agora, é preciso que nós
façamos frutificar estes dons, isto é, que façamos Jesus ser conhecido e amado
pelos outros, simplesmente com a nossa correta conduta de vida. Não precisa
muito além disto.
O
medo, o comodismo e o conformismo podem nos paralisar e nos condenar ao
inferno, quando o patrão (Jesus) voltar. De um modo muito claro, neste fim de
semana, celebramos na Igreja o “Dia Mundial do Pobre”. Sabemos que a opção
preferencial de Jesus é e sempre foi pelos pobres, abandonados, esquecidos e
marginalizados. Se nós o seguimos, é também junto dessa parcela da população
que devemos fazer frutificar os dons do Evangelho. Toda vez que nós deixamos de
fazer o bem aos menos favorecidos, e o mesmo que se estivéssemos fazendo o mal.
Esta é a grande crítica do Evangelho de hoje.
O poema escrito por algum sábio
israelita da primeira leitura, no livro dos Provérbios, fala da mulher
virtuosa. Quem é a mulher virtuosa? É a mulher de coração generoso, que tem
piedade do infeliz e que partilha generosamente o fruto do seu trabalho com o
pobre que pede auxílio (cf. Pr 13, 20). Não somente aplica-se à mulher, mas ao
homem, ao jovem, à criança. É virtuoso quem, esperando a volta do Senhor se
prepara bem, ajudando aos pobres.
Assim, se quisermos estar preparados
para a volta de Jesus, é necessário que façamos frutificar os dons da esperança
no meio de um povo sofrido, abandonado e ferido. Não podemos ter preguiça,
afinal de contas, o buraco feito no terreno pelo servo mau e preguiçoso (v. 26)
indica o medo de arriscar, que bloqueia a fecundidade do amor. Portanto, o
grande tesouro que Jesus deixa em nossas mãos para fazer frutificar é sua
Palavra divina. Não podemos guardar na
gaveta a Palavra de Deus, mas, sim, fazê-la circular na nossa vida, nos nossos
relacionamentos, nos nossos ambientes e, sobretudo, junto dos mais pobres. É
nesse sentido que São Francisco de Assis dizia: “pregue sempre o evangelho. Se
preciso, use palavras.”.
Que o Senhor nos ajude hoje e sempre.
Amém.
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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