Festa da Sagrada Família de Nazaré | Reflexão

 

SAGRADA FAMÍLIA DE NAZARÉ | Ano B

Eclo 3,3-7.14-17ª | Sl 127(128),1-2.3.4-5 (R. cf.1) | Cl 3,12-21 | Lc 2,22-40

 

“A família é chamada a compartilhar a oração diária, a leitura da Palavra de Deus e a comunhão eucarística, para fazer crescer o amor e tornar-se cada vez mais um templo onde habita o Espírito.” (Amoris Laetitia, n. 21)

 

Amados irmãos, ainda vivemos, na Igreja, o tempo do Natal do Senhor, isto é, o menino-Deus nasceu, e por isso, formou-se a Sagrada Família de Nazaré, festa litúrgica que hoje celebramos. Isto, para evidenciar também a importância, para Deus, das nossas famílias!

Na História da Salvação Deus sempre referenciou algum aspecto familiar: já no Antigo Testamento, a promessa divina de descendência a Abraão; também a celebração da Páscoa, festa judaica de libertação do povo, era uma festa de refeição familiar; enfim, a própria encarnação, nos apresenta um Deus tão grande que se fez pequeno, nascendo em uma família humana constituída por Maria e José.

Assim, o Evangelho de hoje mostra esta Família que vai ao Templo de Jerusalém para cumprir o que mandava a Lei judaica (cf. Nm 18,15-16). Oxalá todas as famílias, ainda hoje, fossem fieis aos mandamentos da lei de Deus! Quantos são os lares que têm espaço para tudo, menos para Deus?! Nesse sentido, a primeira leitura, tirada do livro do Eclesiástico, nos apresenta uma síntese da sabedoria de Israel, ou seja, para se ter uma vida sábia e feliz, é necessário um bom convívio familiar: honrar pai e mãe, pois, “quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração cotidiana” (Eclo 3, 4).

E como se honra o pai e a mãe? Além de ser um dos mandamentos (“honra teu pai e tua mãe”, Ex 20, 12), o verbo “honrar”, do hebraico pode ser traduzido como “dar glória”, “dar peso”, “dar importância”. Assim, honrar os pais é dar-lhes o devido valor e devida importância. Nesse sentido, Paulo responde a esta pergunta na segunda leitura. São duas as atitudes que sintetizam o que Paulo exorta sua comunidade: AMAR e PERDOAR.

Assim sendo, não celebramos hoje a festa das famílias perfeitas. Não! Celebrar a festa litúrgica da Sagrada Família de Nazaré é celebrar as nossas famílias em suas imperfeições e desafios diários, contanto que se coloquem à escuta da Palavra de Deus em busca de viver o amor e o perdão em seus lares. Afinal de contas, a própria Família de Nazaré sofreu em sua trajetória; basta lembrar:

·         As dificuldades da aceitação de José quando soube da gravidez de Maria (cf. Mt 1, 18-25): Quantas vezes nós somos incompreendidos dentro de nossa própria casa, pelos nossos próprios familiares?

·         Quando precisaram fugir para o Egito por medo de Herodes (cf. Mt 2, 13-23): Quantos são os medos que nos paralisam ou nos fazem fugir de nós mesmos? Ou então, fugir de quem amamos?

·         Quando não são acolhidos em Belém para o nascimento do menino (cf. Lc 2, 7): Quantas vezes nos falta aprender a acolher uns aos outros, em suas imperfeições, incoerências e angústias?

·         Quando se desesperam ao “perder” o menino na volta do templo (cf. Lc 2, 41-52): Quantas perdas fazemos ao longo da vida porque não aprendemos a amar e perdoar aqueles que moram no mesmo teto?

Estas todas são questões que a Palavra de Deus deve nos levar a refletir. Contudo, irmãos, há uma certeza que não pode sair do nosso coração e da nossa vida: Deus ama cada família que se coloca com “bondade, humildade, mansidão e paciência” (Cl 3, 12) diante dele. A festa da Sagrada família de Nazaré é um convite para olharmos as nossas atitudes dentro da nossa própria família e nos perguntarmos se estamos vivendo de forma virtuosa dentro do nosso lar, confiando sempre nos planos de divinos.

Família é sinônimo de “escola”, onde se aprende o amor, a solidariedade, a partilha, o serviço, o diálogo, o respeito, o cuidado, o perdão, o cuidado com o bem comum, a atenção aos mais necessitados etc. FAMÍLIA É ESCOLA DOS VALORES DE DEUS.

Portanto, HOJE É A FESTA DA FAMÍLIA! Não somente a família de Nazaré, mas a festa das nossas próprias famílias!        Que a Sagrada Família de Nazaré nos inspire hoje e sempre. Amém.

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista da Diocese de Jaboticabal/SP.

 

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