2º Domingo do Tempo Comum | Reflexão

 

2º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B

1Sm 3,3b-10.19 | Sl 39(40),2.4ab.7-8a.8b-9.10 (R. 8a.9a) | 1Cor 6,13c-15a.17-20 | Jo 1,35-42

 

Amados irmãos e irmãs, percebemos que toda a liturgia de hoje possui um caráter vocacional. Isto não é por mero acaso. Na verdade, trata-se de uma mudança no tempo litúrgico. Na segunda-feira encerrou-se, na Igreja, o ciclo do Natal do Senhor, e por isso, agora, vivenciamos o Tempo Comum, isto é, tempo ordinário para aprender com Jesus a ser um pouco mais como ele. Sendo assim, marcando o início de um tempo catequético, nada mais digno e justo que nos darmos conta de que somos vocacionados, ou seja, chamados por Deus para uma grande missão: dar testemunho dele no mundo.

Na primeira leitura, de Samuel, ouvimos o seu chamado para ser profeta. Samuel ainda não conhecia a Deus (cf. 1Sm 3, 7), e por isso não conseguiu, de imediato, discernir quem o estava chamando. Foi preciso chamar três vezes para que ele reconhecesse o Senhor, com a ajuda de Eli. De modo análogo em nossa vida, tantas e tantas vezes não conseguimos discernir com precisão quando somos chamados por Deus para fazer algo. Contudo, há uma certeza: ele sempre nos chama; e nos chama pelo nome! Esta é a beleza, porque Deus nos conhece! É preciso, portanto, que a exemplo do jovem Samuel, respondamos positivamente ao convite do Senhor: “Fala que teu servo te escuta” (1Sm 3, 10).

Com Samuel aprendemos a estar sempre de prontidão para o Serviço do Reino, que consiste em viver um verdadeiro profetismo: denunciar as injustiças do mundo e anunciar o Amor de Deus por cada um de nós. É preciso coragem e disposição para aclamar como o salmista: Eis que venho, Senhor! Com prazer faço a vossa vontade.

No Evangelho, por sua vez, João apresenta e aponta para Jesus, o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1, 36). Interessante desse fato é que os dois primeiros discípulos (que aqui não são nomeados) começam a seguir Jesus imediatamente. O seguimento é urgente! A adesão é necessária! O mundo seria completamente diferente se mais pessoas fizessem a opção de seguir os caminhos do Senhor. Era preciso ir ver onde o Senhor morava. É neste sentido que os dois discípulos foram e permaneceram com Jesus (cf. Jo 1, 39): trata-se de uma experiência, porque ninguém pode oferecer aquilo que não tem. Aqui, não se trata de uma moradia física, mas espiritual.

A prova real de que o seguimento a Cristo é impactante em nossa vida se dá no relato de que os dois primeiros discípulos não guardaram para si aquele profundo encontro, mas foram anunciar. André (nesse ponto do texto, é revelado o nome de um dos discípulos) foi chamar seu irmão Simão (que se tornaria, futuramente, Pedro). Esta é a relação que existe entre o papel de Eli na vocação de Samuel e a necessidade de se fazer uma experiência de Deus, no Evangelho: “a fé vem do ouvir” (Rm 10, 17). Isto significa que ninguém nasce com fé; não é um dom infuso. A fé é um dom que deve ser pedido constantemente: “eu creio, Senhor, mas aumenta a minha fé”.

Do mesmo modo que Samuel precisou de Eli para compreender seu chamado, os discípulos precisaram de João para apontar o Cordeiro de Deus e nós também precisamos de bons testemunhos dentro da Igreja. Precisamos de bons pastores, bons cristãos, bons irmãos e irmãs! Assim, tendo bons testemunhos, também nós, daremos bons testemunhos de Deus aos outros.

Enfim, meus irmãos e minhas irmãs, “encontramos o Messias” (Jo 1, 41): que esta profissão de André seja também a profissão da nossa fé, do nosso testemunho de vida. Que, verdadeiramente, encontremos Jesus. Façamos deste Tempo Comum uma verdadeira catequese; um caminho de encontro, adesão e experiência profunda com Deus.

            Que o Espírito Santo nos explique todas estas palavras. Amém.

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista da Diocese de Jaboticabal/SP.

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