1º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA |
Ano B
Gn 9,8-15 | Sl 24(25),4bc-5ab.6-7bc.8-9 (R. cf. 10)
| 1Pd 3,18-22 | Mc 1,12-15
Amados irmãos e irmãs, estamos na
Quaresma! Tempo de oração, caridade e jejum. Este é um tempo favorável para
pensar e repensar a nossa vida de cristão, de irmão, de família, de amigo,
enfim... nossa vida como um todo. Conversão é mudança de mentalidade; é
caminho, é adesão à pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Neste tempo, é bastante significativo o
número 40: foi o tanto de dias e noites que Deus fez chover no tempo de Noé
(cf. Gn 7, 4); foi o tanto de dias do jejum de Moisés no Monte Sinai (cf. Ex
24, 18); lembra-se também dos 40 anos do povo no deserto (cf. Nm 14, 33); do tempo
de dias em que Elias passou caminhando até o Monte Horeb (cf. 1Rs 19,8); os 40
dias entre a ressurreição e ascensão de Jesus (cf. At 1, 1-3) etc. Portanto, o
número 40 (daí o termo quaresma), sempre nos recorda tempo de penitência,
transformação e crescimento. Tanto é verdade que, no evangelho de hoje,
descrito por São Marcos, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto para ficar
durante 40 dias (cf. Mc 1, 12-13).
Somos nós, neste tempo quaresmal,
levados para o deserto com Jesus. Quais são as semelhanças entre o deserto de
Jesus e o nosso deserto?
1.
Deserto é lugar do encontro: “o Espírito levou Jesus para o deserto” (Mc 1,
12). Ele não foi sozinho ao deserto, mas
foi com o Espírito Santo. Nós também precisamos, nos tempos de provação,
deixarmo-nos ser encontrados por Deus através da oração. As tentações da vida
serão superadas a medida que nós, homens e mulheres, nos permitamos ser
encontrados por aquele que conduz a nossa história. Sendo encontrados por Deus,
saberemos também encontrar os nossos irmãos necessitados de amor, carinho e
proteção.
2.
Deserto é lugar de simplicidade: “vivia entre os animais selvagens, e os anjos o
serviam” (Mc 1, 13). No deserto não há conforto e esbanjamento. Nesse sentido,
o nosso deserto deve ser pautado também no jejum e a caridade, pois, a vida
sóbria reflete a concretização do Evangelho. É preciso, neste tempo quaresmal,
se lembrar daqueles irmãos e irmãs que pouco ou nada tem para comer. Não é
possível fazer um caminho de quaresma sem viver também o caminho de
fraternidade e amizade social, como nos propõe a Campanha da Fraternidade deste
ano.
3.
Deserto é lugar da Palavra de Deus: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está
próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1, 15). No deserto só podemos
superar as adversidades alicerçados na Palavra de Deus. Aproveitemos desta
quaresma para ter um encontro mais fiel e amigável com a Sagrada Escritura, que
tantas vezes, serve apenas de enfeite nos altares de nossa casa.
Nesse sentido, a nossa vida é sempre
quaresma. Não pela tristeza, mas pelas condições de encontro, simplicidade e conversão.
Afinal de contas, é o próprio Deus quem estabelece, desde Noé, uma aliança de
amor com os seus filhos (cf. Gn 9,8-15).
Podemos nos perguntar, contudo: se Deus
nos ama a ponto de estabelecer uma aliança de amor, como pode permitir a
tentação? Ora, Santo Agostinho, em um de seus escritos, diz que Jesus veio para
assumir nossa morte nos dando vida. De modo análogo, ele assumiu no deserto as nossas
tentações para nos dar a vitória sobre elas. Portanto, se em Cristo somos
tentados, nele também somos vitoriosos. Confiemos nisto!
Se não bastassem as referências
bíblicas, há um significado biológico muito bonito para o número 40: trata-se do
número total de semanas para a gestação de um ser humano. Em outras palavras, o
40 simboliza vida nova, vida plena, renovação. Assim, a quaresma é a
oportunidade de tomarmos consciência da nossa filiação divina a fim de voltar o
nosso coração, verdadeiramente, para Deus. Este
é o tempo favorável!
Uma santa e abençoada quaresma a todos e
todas!
Que assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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