6º Domingo do Tempo Comum | Reflexão

 

6º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B

Lv 13,1-2.44-46 | Sl 31(32),1-2.5.11 (R. 7) | 1Cor 10,31-11,1 | Mc 1,40-45

 

Queridos irmãos e irmãs, hoje somos impulsionados pela liturgia a tomar consciência de um Deus amoroso que vem ao nosso encontro para curar as nossas feridas espirituais.

Na primeira leitura, somos apresentados às leis do Antigo Testamento (na verdade, parte dela): refere-se à forma de tratar os leprosos. Numa breve contextualização, a lepra era uma doença ou deformação na pele. Diferente do que comecemos hoje, a lepra, naquele tempo, era algo mais amplo como uma deformação, mancha, ferida etc. Ao fim e ao cabo, era algo desagradável de se ver, o que demonstra, mais uma vez, a preocupação farisaica com a aparência. O leproso era considerado um pecador e amaldiçoado por Deus; e, por isso mesmo, era indigno de pertencer ao templo e até mesmo de andar livremente pelas cidades. Desse modo, o livro do Levítico deixa claro que o leproso devia ficar isolado e morar fora dos muros das cidades (cf. Lv 13, 46); deviam até mesmo, andar gritando “impuro, impuro”, para que ninguém chegasse perto (cf. Lv 13, 45). Eram, verdadeiramente, marginalizados, esquecidos e abandonados da sociedade da época

É neste contexto que Jesus exerce seu ministério de Vida e de Amor: há muitos leprosos que são marginalizados. Um deles, cujo nome não nos é revelado (porque tanto fazia o nome do leproso, uma vez que ele não possuía dignidade alguma), se aproxima e pede a cura. Este pedido foi feito em uma perspectiva condicional “se queres”. Muitas vezes caímos na tentação de dar ordens a Deus em nossas orações. Nem sempre queremos que aconteça a vontade de Deus, mas sim, que ele faça o que nós queremos. Essa simples fórmula de oração feita pelo leproso mostra para nós a necessidade de rezar com humildade, buscando compreender o que Deus quer de nós, e não o contrário.

Interessante perceber que Jesus sente compaixão e toca no leproso. Nas leis do Antigo Testamento ele seria automaticamente considerado impuro também, no entanto, é o mesmo Jesus que diz que não é o que entra, mas o que sai do coração humano que o torna impuro (cf. Mc 7, 20). O sentimento de compaixão é diferente de dó: enquanto o primeiro exige atividade evangélica, o segundo implica em uma passividade sentimental. Tantas vezes, nós, sentimos apenas dó dos irmãos e ficamos por isso mesmo. A compaixão transcende, é de Deus e nos leva ao encontro das necessidades dos irmãos! Por isso que Paulo, na sua carta aos Coríntios (segunda leitura) nos diz que, para dar glórias a Deus, não devemos escandalizar nenhum dos irmãos. Em outras palavras, não buscar o que é vantajoso para nós, mas para todos (cf. 1Cor 10, 33) é viver a compaixão ensinada por Jesus. São três imperativos ensinados por Paulo: 1. Dar glórias a Deus; 2. Não causar escândalo; 3. Ser imitador de Cristo.

Todavia, Jesus não é um subversivo da lei. Aliás, ele não veio para abolir nada, mas para dar pleno cumprimento dela (cf. Mt 5, 17); tanto é verdade que ele ordena ao leproso que se apresente ao sacerdote, pois, como vimos na leitura primeira, somente o sacerdote é quem deve declarar alguém puro ou impuro.

Por fim, se aquele leproso não tem nome, é possível que nos coloquemos no lugar dele. Ele pode ser cada um de nós, que necessitados da cura de alguma deformação interior. Assim, se for da vontade de Deus, seremos tocados por ele e curados a fim de sempre mais dar glórias a ele.

Que assim seja. Amém!

           

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista da Diocese de Jaboticabal/SP.

 

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