5º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA |
Ano B
Jr 31,31-34 | Sl 50(51),3-4.12-13.14-15 (R. 12a) | Hb
5,7-9 | Jo 12,20-33
Amados irmãos e irmãs, já estamos próximos
de celebrar a Semana Maior, centro da nossa fé cristã. Sendo assim, a liturgia
deste fim de semana já nos encaminha para tal. A profecia de Jeremias, na
primeira leitura, apresenta aos seus contemporâneos uma mensagem de esperança,
destinada a animar esse povo que há anos tinha perdido a independência de sua
terra, estando sob domínio assírio. É importante recordar que Jeremias
profetizou no reino de Judá, até depois da destruição de Jerusalém pelos Babilônios
(586 a.C.).
Eis que haverá uma “nova aliança” (Jr
31, 31), afirma o profeta. Não a mesma aliança feita no Sinai, mas uma Nova e Eterna
Aliança! Isto porque no Sinai, com Moisés, foi uma lei gravada em pedras, ao
passo que, a Nova e Eterna aliança será grava no coração humano. Certamente o
profeta está falando de Jesus, que, ao entregar-se no alto da cruz, entrega
livremente o seu sangue que será o sangue da Nova e Eterna aliança derramada
por nós e por todos (cf.). Por isso cantamos no salmo responsorial: “criai em
mim um coração que seja puro” (Sl 50, 12).
Ora, as leis da nova aliança, para que
sejam gravadas em nosso coração, é preciso que o purifiquemos. Não se trata de gravar
meros mandamentos, mas internalizá-los e vivê-los com amor e verdade. Aí sim,
com a lei de Deus no coração, é que seremos capazes de compreender o escândalo da
cruz, da entrega, do sangue derramado, da nova aliança.
Esta Nova Aliança é como o grão de trigo
que cai na terra e precisa morrer para dar frutos, como vimos no Evangelho.
Portanto, a glorificação que Jesus veio trazer ao mundo comporta, primeiramente,
a entrega e livre e amorosa na cruz. É o próprio Cristo quem diz: “ninguém tira
a minha vida, mas eu a dou livremente” (Jo 10, 18). Pensar nesta entrega, sobretudo
numa sociedade hedonista como a nossa, em que ninguém mais suporta a dor, o
sofrimento ou a rejeição é quase loucura! Escândalo! A nossa cultura, principalmente
com as redes sociais, se tornou num verdadeiro “espetáculo de sorrisos”; parece
que o mundo virtual é composto de pessoas perfeitas e com vidas perfeitas. Mas
a realidade não é assim. Precisamos aceitar as asperezas da vida que muitas
vezes nos ensinam a ser gente. Dizer “não” ao filho pode ser causa de sua
santificação, por exemplo.
Contudo, não se trata de um desprezo
total à vida. Se assim o fosse, Jesus estaria legitimando o suicídio, o uso de
drogas etc. Antes, Jesus anuncia que o cuidado com esta vida deve ser em vistas
de uma vida glorificada, isto é, da Vida Eterna no Reino dos Céus, onde o
veremos “face a face” (1Cor 13, 12).
Depois, oura questão importante que esta
liturgia nos leva a refletir é: como compreender o sofrimento a partir de um
Deus que é amor (cf. 1Jo 4, 8)? É muito difícil falar que Deus é amor sendo que
há tantas guerras, desemprego, fome, morte, doenças incuráveis etc. O fato é que
Jesus também se sentiu angustiado, mas a sua consciência de entrega livre e
amorosa foi capaz de nos redimir. “Agora sinto-me angustiado. E que direi? 'Pai,
livra-me desta hora!'? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim.” (v. 27).
Quando não pudermos controlar os sofrimentos do mundo, podemos uni-los ao
sofrimento de Cristo, na certeza de que este é o único e verdadeiro caminho de
glorificação. Até porque, ele também diz: “Se alguém me quer servir, siga-me, e
onde eu estou estará também o meu servo” (v. 26).
Enfim, o Evangelho termina com a voz do
céu que glorifica Jesus (v. 28-32). Significa que o caminho da cruz de Jesus
tem a confirmação do Pai, ou seja, todos aqueles que oferecerem a vida por amor
e liberdade não trilharão um caminho de fracasso e de morte, mas de
glorificação e de vida eterna. É nesse sentido que a carta aos Hebreus nos
exorta: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por
aquilo que ele sofreu” (Hb 5, 8).
Que o Senhor nos ajude e nos dê forças para
compreender as cruzes diárias a fim de uma plena glorificação com a Trindade
Santa. Preparemo-nos para a Páscoa de Jesus!
Que assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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