4º Domingo da Páscoa | Reflexão

 

4º DOMINGO DA PÁSCOA | Ano B

Domingo do “Bom Pastor”

At 4,8-12 | Sl 117(118),1.8-9.21-23.26.28cd.29 (R. 22) | 1Jo 3,1-2 | Jo 10,11-18

 

Amados irmãos e irmãs, nesta liturgia celebramos, no Brasil, o “Domingo do Bom Pastor”. Nesse sentido, somos convidados a rezar por todas as vocações, de modo especial, as vocações à vida religiosa e sacerdotal na Igreja. Todos aqueles homens e mulheres consagrados a Deus por uma vocação específica, na Igreja, são chamados a ser bons pastores para o rebanho que lhes foram confiados. Estes ministros, portanto, contam com a nossa oração e a nossa colaboração.

Quanto às ricas leituras propostas para este dia, temos muito que refletir. Um fato interessante, de início, é que Jesus diz por duas vezes explícitas ser o bom pastor (v. 11.14): “Ego sum pastor bonus”: o fato de Jesus dizer “Eu sou” é muito significativo nas páginas do Evangelho, pois, faz referência direta ao nome de Deus, no Antigo Testamento (Ex 3, 14). Indica, pois, intima relação do Filho com o Pai, por ação do Espírito Santo.  Ele não é simplesmente o Pastor, mas é o BOM PASTOR. “Eu sou” indica identidade: Jesus é! E por que ele é o Bom Pastor, por excelência? Ora, o próprio apóstolo Pedro responde na primeira leitura: “Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4, 12). É somente por Cristo, com Cristo e em Cristo que nós somos salvos, curados, cuidados e amados.

É verdade que este título de bom pastor não é exclusivo do Novo Testamento. Já em no livro do profeta Ezequiel (Ez 34), encontramos a chave para compreender o sentido do pastor e do rebanho: falando ao povo exilado na Babilônia, o profeta constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, maus pastores que conduziram o povo por caminhos de sofrimento, de injustiça e de morte, contudo, o próprio Deus viria em resgate do povo oprimido, a fim de assumir a sua condução. A profecia era de que Deus colocaria à frente do seu rebanho (povo exilado) um “Bom Pastor” (o “Messias”), que os livraria da escravidão e o reconduziria à vida. Portanto, o evangelho de hoje é o cumprimento desta profecia em Jesus.

Num mundo de tantos maus pastores, isto é, pessoas que roubam a nossa dignidade, a nossa felicidade, a nossa esperança, somente em Cristo é que recuperamos a força e a alegria de viver. Ora, nossa maior alegria é que somos chamados filhos de Deus, ainda que nem sequer se manifestou tudo o que seremos ainda, na glória celeste, como ouvimos na segunda leitura (1Jo  3,1-2). Esta é a beleza da nossa vida. Quando nos damos conta de que nada a nossa volta tem mais sentido por causa de tanta tragédia e coisa ruim, podemos somente ancorar a nossa fé no Verdadeiro, Sumo e Bom Pastor porque “eterna é a sua misericórdia”.

O fato é que Jesus Cristo é o modelo para nós. Ele é o protótipo de toda a humanidade. Assim sendo, a exemplo de Jesus, todos nós devemos ser pastores. Muitas vezes, achamos que ser “bom pastor” é ofício dos padres, bispos, freiras e consagrados. Mas não! Todos nós que somos chamados à vida, também somos chamados a sermos bons pastores uns dos outros: pais sendo bons pastores para os filhos; filhos sendo bons pastores para os irmãos; e assim por diante. Assim, o que faz este bom pastor, nas palavras do evangelho? Fundamentalmente, duas coisas:

a. “dá a vida por suas ovelhas” (v. 11.15): quantas vezes precisamos doar a vida pelos outros? Doar tempo, escuta, conselhos, gentileza. Seremos bons pastores, a exemplo de Jesus, quando aprendermos que nossa vida deve ser uma constante oferta de si mesmo aos outros.

b. “conhece as suas ovelhas” (v. 14): quantos pais, mesmo morando sob o mesmo teto, desconhecem seus filhos porque vivem desinteressados para com eles? Precisamos dedicar mais tempo para conhecer a história uns dos outros em vez de julgar aquilo que os outros demonstram ser. Lembremo-nos sempre que todos nós temos nossas histórias e nossas feridas; somente o bom pastor pode curá-las e nós podemos ser canais desta graça.

Enfim, o que guia o rebanho ao seu verdadeiro pastor é a voz: as ovelhas reconhecem, melhor que ninguém, a voz do seu pastor. Portanto, que por esta liturgia, sejamos impulsionados a distinguir, dentre tintas vozes que a sociedade apresenta, a única e verdadeira voz de Deus. Assim seja.

Amém!

           

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista da Diocese de Jaboticabal/SP.

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