5º Domingo da Páscoa | Reflexão

 

5º DOMINGO DA PÁSCOA | Ano B

At 9,26-31 | Sl 21(22),26b-27.28.30.31-32 (R. 26a) | 1Jo 3,18-24 | Jo 15,1-8

 

Queridos irmãos e irmãs, a palavra de ordem da liturgia de hoje é PERMANECER. Assim, no evangelho, Jesus se apresenta como “a verdadeira videira” (Jo 15, 1), sendo os discípulos seus ramos. Estes, por sua vez, devem produzir bons frutos. É preciso que façamos, pois, uma breve recuperação do significado da “videira” (ou vinha) na história do povo de Israel: como sabemos, sobretudo pelos salmos, Israel era apresentado como uma videira que o Senhor arrancou do Egito para a Terra Prometida. Era, desse modo, a vinha plantada por Deus com cepas escolhidas para dar bons e abundantes frutos. Contudo, por sua infidelidade às leis do Senhor, em vez de ser a videira de bons frutos, só produziu frutos amargos e ruins (cf. Is 5,1-7; Jr 2,21; Ez 17,5-10; Os 10,1).

Quanto ao contexto desta leitura, trata-se da noite de quinta-feira, em Jerusalém, um dia antes da Páscoa judaica (provavelmente no ano 30). Era, portanto, um discurso de despedida de Jesus aos seus discípulos. Ele, sabendo que morreria, deixa um conselho aos seus seguidores para que sejam reconhecidos pelos frutos, isto é, pelas suas boas obras. Aliás, há um ditado que representa muito bem a liturgia de hoje: “a arvore é conhecida pelos seus frutos”.

De fato, nós somos herdeiros deste conselho, justamente porque somos nós os discípulos e discípulas de hoje. Contudo, para dar bons frutos não basta que sejamos de uma boa videira, mas é preciso que permaneçamos unidos à ela. O verbo “permanecer” (“ménô”, em grego) é uma das palavras-chave do nosso texto, já que aparece sete vezes em nosso texto.

“Não luto para vencer, mas para permanecer fiel” (Pe. Júlio Lancelotti): Permanecer unido a Cristo nem sempre é fácil. Ele mesmo diz que “quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele” (Jo 6,56). Permanecer é uma oferta generosa de si mesmo a Deus, e isso exige renúncia e conversão diárias. Jesus diz que “todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda” (Jo 15, 2b): permanecer com ele não nos blinda das dificuldades. Para dar mais frutos, precisamos ser limpos por Jesus. Isso significa ser aparado nas arestas, ser podado naquilo que é podre em nós, as misérias, pecados, ressentimentos.

Também diz: “porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5c): não queiramos ser autossuficientes. Este por foi pecado de Adão, querer viver sem Deus. Se já erramos muita na vida com Deus, imagine sem ele! Precisamos nos entregar com confiança ao dono da vinha para que demos bons frutos. Do contrário, seremos uvas podres, queimadas e jogadas fora (Jo 15, 6).

Precisamos “amar não só com palavras, mas com ações e de verdade” (1Jo 3, 18), porque somente assim daremos testemunho de permanência com Jesus. Afinal de contas, foi esse o seu maior crime nesta terra: amar. Para isso, será preciso muitas vezes “cair por terra”, como aconteceu com Paulo. Na primeira leitura vemos o que a conversão, isto é, mudança de vida, pode fazer com um homem chamado Saulo (que depois passa a ser chamado de Paulo). Quem antes perseguia os discípulos, se torna um deles. A igreja “cresce em número com a ajuda do Espírito Santo” (At 9, 31) quando cada fiel faz a sua parte; quando cada um dá testemunho de permanecer no amor de Cristo junto dos irmãos.

Sejamos, pois, homens e mulheres que busquem a permanência com Deus, diariamente. Amém!

           

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista da Diocese de Jaboticabal/SP.

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