10º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B
Gn 3,9-15 | Sl 129(130),1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R. 7) | 2Cor 4,13-18.5,1 | Mc 3,20-35
Neste 10º Domingo do Tempo Comum a
liturgia nos apresenta a identidade de Jesus, e, por conseguinte, a nossa
identidade de filhos e filhas amados de Deus.
Na primeira leitura (Gn 3,9-15), depois
do pecado de Adão e Eva, nossos primeiros pais, é Deus quem vai ao encontro
deles com uma pergunta bastante profunda: “Onde estás?”. Não se trata de uma
pergunta geográfica, pois Deus sabia onde eles estariam geograficamente
falando. Trata-se, antes, de uma pergunta existencial. Onde estamos nós, quando
nos afastamos da graça de Deus? Certamente estamos fechamos em nosso próprio
egoísmo, sendo desobedientes com os mandamentos do Senhor.
Ora, este trecho do livro de Gênesis
quer nos mostrar a origem do mal. O ato de comerem do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal indica a nossa atitude de egocentrismo ao querer
viver sem Deus. Onde estamos nós quando negamos a presença de Deus em nossa
vida? No pecado. E sempre que pecamos, nossa tendência é fazer como eles
fizeram: culpabilizamos tudo e todos a nossa volta, menos nós mesmos. Adão joga
a culpara Eva e ela, por sua vez, joga a culpa na serpente. Acontece que, de
fato, o diabo tenta sempre, mas a escolha de ceder ou não é sempre nossa, em
nossa liberdade humana; porque Deus não quer fantoches, mas quer filhos. E só
se ama na liberdade. O fato é que o mal nunca tem origem em Deus, mas sua
onipotência é tão grande que ele pode sim tirar um bem de qualquer mal.
Outra tendência nossa é de colocar na
conta do diabo tudo aquilo que não conseguimos outra explicação mais plausível.
Prova disso é o Evangelho, em que os mestres da Lei acusavam Jesus de ser
alguém possuído pelo príncipe dos demônios. Às vezes, nem tudo é culpa do
demônio, mas da nossa própria infidelidade. Por isso que Paulo garante que “Mesmo
se o nosso homem exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo
contrário, vai-se renovando, dia a dia” (2Cor 4, 16). Em outras palavras,
quando nos alicerçamos na graça de Deus, mesmo que nosso corpo frágil esteja
caindo aos pedaços, nosso espírito estará vivo e pulsante para testemunhar a
bondade divina. Precisamos, pois, voltar o nosso olhar “para as coisas invisíveis
e não para as coisas visíveis.” (2Cor 4, 18).
Ora, assim seremos da família de Jesus: “quem
faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3, 35). Nossa
pregação, nossa catequese, nosso dia a dia precisa deixar resplandecer mais o
nome de Deus e menos do nome do diabo. Precisamos tomar parte da nossa culpa a
fim de reconhecer nossos erros buscando uma mudança de vida.
Portanto, a atitude fundamental de Jesus
é a obediência à vontade do Pai, esta é sua identidade. Do mesmo modo, nós,
para fazermos parte da família de Jesus, é preciso que tenhamos as mesmas atitudes.
Assim, retomando a pergunta inicial: onde estamos nós? Ainda há tempo para
buscarmos uma vida nova em Cristo. Não fujamos do nosso compromisso batismal de
ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-16).
Que assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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