12º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B
Jó 38,1.8-11 | Sl 106(107),23-24.25-26.28-29.30-31 (R. 1b) | 2Cor 5,14-17 | Mc 4,35-41
Amados irmãos e irmãs, graça e paz! Depois
de um forte convite à esperança, na liturgia da semana passada, agora Jesus
pede de nós, através das leituras deste domingo, uma atitude de confiança total
a ele.
Na primeira leitura, lemos um trecho
breve de Jó. Este livro, famoso na literatura bíblica sapiencial, não quer ser
um relato histórico fidedigno, mas antes, uma bonita reflexão sobre o nosso
modo de compreender a Deus. Para a concepção de Jó, as relações com o Senhor
pautavam-se na “teologia da retribuição”, isto é, Deus concede coisas boas a
quem é bom e coisas ruins a quem é ruim. Todavia,
não é assim, a lógica de Deus não é esta. Ele é bom, justamente porque eterna
é a sua misericórdia! Deus faz cair a chuva sobre justos e injustos, faz
nascer o sol sobre bons e maus (cf. Mt 5, 45). Como sabemos a história,
depois de Jó perder quase tudo, ele questiona a Deus sobre o motivo isso tudo
acontecer com ele, sendo que ele era um homem tão bom e justo. Assim, o trecho
de primeira leitura de hoje é parte do discurso com que Deus responde aos clamores
de Jó, colocando uma série de questões sobre a terra, o mar, os grandes
mistérios da natureza e da vida.
Isso tudo Deus faz para levar Jó a perceber os seus limites, a sua ignorância, e,
sobretudo, a sua incapacidade para compreender em plenitude os projetos que
Deus tem para o mundo e para as pessoas. Mesmo ele sendo uma pessoa boa e justa,
Deus quer lhe mostrar que é somente o Senhor quem domina o mar e conhece todos
os segredos do universo e da vida; desse modo, cabe a nós, homens e mulheres, nos entregarmos nas mãos desse Deus
amoroso com humildade e confiança. Confiança esta que deve gerar atitudes
novas diante das tribulações da vida. Em outras palavras, a nossa fé não nos
blinda das dificuldades cotidianas.
Por isso que no evangelho os discípulos
estavam no meio da tempestade e somente Jesus tem o poder de acalmá-las com a
força de sua palavra. A atitude de dormência do Mestre não indica ausência, mas
sim que as suas ações são na hora certa. Temos bastante dificuldade de esperar
a hora certa da ação divina, até porque somos filhos da rapidez tecnológica
deste século e queremos tudo para ontem! Assim,
ao ordenar para que o mar e o vento se calassem (cf. Mc 4, 39), Jesus demonstra
que ele não desampara ninguém em suas dores e angústias. Nunca teremos a
ausência de Jesus em nossa caminhada cristã porque ele mesmo prometeu que
estaria conosco todos os dias (cf. Mt 28, 20).
No entanto, o medo não saiu da vida dos
discípulos, mesmo depois da calmaria. E de fato, não podemos viver de modo
imprudente a vida. Somos conscientes de nossas fraquezas, contudo, a fé deve
ser o lançar-se, mesmo com medo. A
travessia para o outro lado da margem é necessária; precisamos sim atravessar
as nossas tempestades da vida para encontrarmos o outro lado, mas isso exige
fé, coragem e confiança!
Irmãos, a nossa vida é cheia de mares
bravios e tempestades. São tantas coisas que surgem pata nos desanimar,
contudo, a nossa confiança precisa estar em Jesus para superar tudo. Com ele em
nossa barca podemos seguir a viagem da vida tranquilos, afinal de contas, é
isto que move a fé de Paulo na segunda leitura: o amor de Cristo. Tudo é novo
quando alguém está em Cristo (cf. 2Cor 5, 17). Não significa, porém, que as tempestades da vida sejam acalmadas como
num passe de mágica, mas, em Cristo, somos pessoas tão novas que, quando
confiamos verdadeiramente nele, somos capazes de transformar a realidade em que
vivemos.
Que assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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