17º Domingo do Tempo Comum | Reflexão

 

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B

2Rs 4,42-44 | Sl 144(145),10-11.15-16.17-18 (R. cf.16) | Ef 4,1-6 | Jo 6,1-15

Queridos irmãos e irmãs, graça e paz!

As leituras da liturgia deste fim de semana parecem colocar em evidencia a desproporcionalidade. Ora, na primeira leitura, o profeta Eliseu manda distribuir vinte pães para cem pessoas, de modo que todos ficam saciados. Também no evangelho, Jesus multiplica e partilha os pães para saciar a fome da multidão, e ainda sobram doze cestos.

Hoje iniciamos a leitura do “discurso do pão da vida”, que corresponde ao capítulo 6 do evangelho de São João. A mensagem é clara e todos podem compreender: quando o alimento é partilhado, ninguém passa fome. Aliás, de fome ninguém morre, porque há muita comida no mundo para todos. O que mata é a indiferença, o desamor.

No tempo de Jesus, o pão como alimento era muito comum. Partilhar o pão significava reunir pessoas à mesa ou estabelecer laços íntimos. Era ainda, contexto pascal, isto é, mais uma referência bíblica de João ao pão, à comensalidade, à Eucaristia. Assim, quando viemos juntos fazer comunhão e comunidade uns com os outros, na celebração eucarística, trata-se de um compromisso muito grande: partilhar não só o pão, mas a vida, a existência, as dores e as alegrias uns com os outros.

Com este trecho do evangelho aprendemos que, com Jesus, o pouco se transforma em muito, mas não só isto:

·         Com Jesus, exercitamos a generosidade e a partilha: “tem gente que é tão pobre, que a única coisa que tem é dinheiro” (Mário S. Cortella). Mas isto não se aplica somente a dinheiro não! Tantas coisas, materiais ou imateriais nos prendem e nos fecham em nós mesmo fazendo com que não enxerguemos as necessidades dos irmãos. Títulos, cargos, sobrenome etc. são exemplos disto. A generosidade é dom de Deus e exigência para nós cristãos. Generosidade e partilha são atitudes maduras de quem sabe dar valor ao que tem, mas, sobretudo, sabe dar valor às pessoas.

·         Em Jesus, precisamos uns dos outros: veja que foi um menino que apresentou tudo o que tinha para partilhar aos demais. Não foi nenhum adulto, porque nós, adultos, somos mesquinhos. O menino representa a pureza, o despojamento e a bondade de coração. Assim, aprendemos também que para seguir Jesus é preciso ter o coração de criança! Precisamos oferecer o que temos e somos, ainda que seja pouco como cinco pães e dois peixes. Simplesmente entreguemos e deixemos Deus operar a multiplicação. Em outras palavras, não adianta esperar, de braços cruzados, que Deus faça milagres em nossa vida, se não levantarmos e arregaçarmos as mangas para cumprir com o nosso papel no mundo. Tenhamos a coragem do menino.

·         Para Jesus, evitamos desperdícios: isto vale para alimentos, mas também para o tempo e para as palavras. Jesus está alertando para que não tenhamos grandes desperdícios em nossa vida. Não podemos viver desperdiçando tempo, vida, amor, alegria... vivamos o hoje da nossa história, confiantes da graça de Deus.

Mas a liturgia não se trata somente de uma dimensão material, isto é, não se trata só de alimento para o corpo, mas também para a alma, para a fé, para a vida interior. Nesse sentido que cantamos com o salmista “saciai os vossos filhos, ó Senhor”. Ainda somos um mundo faminto de Deus, e precisamos ser saciados por este Pão Vivo descido do céu que é Jesus. Somente ele é capaz de saciar, no banquete celeste, a nossa fome de Deus.

Temos um só Deus e Pai de todos, como nos afirma Paulo, na segunda leitura. Sendo assim, creiamos neste Pai e tenhamos a coragem de pedir que ele sacie as nossas fomes físicas, mas também as espirituais. Sejamos pessoas inteiras para Deus.

Assim seja.

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal

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