19º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B
1Rs 19,4-8 | Sl 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 9a) | Ef 4,30-5,2 | Jo 6,41-51
Amados irmãos e irmãs, graça e paz! Em
nossa vida cotidiana, sentimos tantas vezes o peso da fraqueza e do desânimo.
Aliás, são justamente nos momentos de dificuldade que se revela a nossa
capacidade de acreditar em Deus como Pai de amor. Ora, isto aconteceu também
com o profeta Elias:
No século IX a.C., durante os reinados
de Acab e de Ocozias, Elias profetizou no Reino do Norte (Israel) contra o
sincretismo religioso que causava confusão no povo, por cultuar o Deus Javé,
mas também Baal, o deus do povo pagão. Após o massacre dos profetas de Baal
(cf. 1 Re 18), no monte Carmelo, a rainha Jezabel (esposa de Acab) jurou matar
Elias. Então ele precisava fugir para o deserto, ocasião na qual, já cansado e
desanimado, não vê mais sentido em viver, então pede a morte e adormece. Deus,
ouvindo sua prece, dá-lhe uma experiência religiosa restauradora: o profeta é
visitado por um anjo, que o conforta oferecendo-lhe pão e água. Elias, comeu,
bebeu e dormiu de novo. Ora, Deus sempre sabe do que precisamos e na hora em
que precisamos! Contudo, mais uma vez Elias foi acordado pelo anjo com a ordem
de levantar-se, comer, beber e partir, pois haveria de percorrer ainda um longo
caminho (1Rs 19, 7). Portanto, Deus nunca desampara quem se dispõe a caminha
com ele, mesmo que esteja percorrendo tempos de deserto, perseguição e
sofrimento.
Nós já vimos desde a semana retrasada,
com a multiplicação dos pães; e também na semana passada, pela própria boca de
Jesus, que ele é o Pão descido do céu. Assim, somente ele pode saciar a nossa
fome de eternidade. Se não acreditamos nesta verdade nós corremos o risco de
ser como aqueles judeus: de coração fechados para a graça. Eles não foram
atraídos por Deus porque rejeitaram fazer esta experiência transformadora.
Por isso que a Eucaristia deve ser o
centro da nossa vida, porque ela é o sacramento de amor, que nos dá forças para
seguir o deserto da vida. Na verdade, a Eucaristia é “fonte e ápice da vida
cristã” (Lumen Gentiun, 11)
Constantemente, pela Eucaristia, nós ouvimos como o profeta Elias: “levanta-te
e come que o caminho é longo!”. Basta, pois, que creiamos nisto, diz Jesus: “Quem
crê possui a vida eterna” (Jo 6, 47)... Quando Jesus se revela a nós o “pão que
desceu do céu” (Jo 6, 41), ele não nos pede nada em troca, se não a graça de crer
nisto.
Quando cremos, a Eucaristia que
comungamos transforma a nossa vida, como nos diz o apóstolo na segunda leitura:
somos libertados de “toda amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias...”
(Ef 4, 31). A proposta é clara: “Sede imitadores de Deus, como filhos que ele
ama” (Ef 5, 1). Em outras palavras, quem comunga do próprio Cristo é uma pessoa
nova, isto é, com novas atitudes diante da vida e dos irmãos de fé.
É fácil reconhecer a humanidade de
Jesus: “é o filho de José” (Jo 6, 42), no entanto, reconhecê-lo como Senhor de
nossa vida é a exigência cotidiana. O fato de se dar a nós como alimento não
diminui em nada o seu ser divino, do contrário, só reafirma que somos
necessitados de uma graça que só pode vir do alto. Ora, os contemporâneos de
Jesus viviam instalados nas suas próprias certezas e convicções, de modo que
estavam vazios de Deus. Sejamos, nós, homens e mulheres que reconhecem na
pequenez do Pão consagrado, a grandiosidade da presença amorosa de Jesus em
nossa vida. Levantemos, comamos, porque o caminho é longo, mas não é impossível
de ser percorrido.
Enfim, neste dia dedicado aos pais e às
vocações familiares, recomendemos a Deus, que é Pai de todos e de cada um, as
nossas famílias. Assim seja!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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