24º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B
Is 50,5-9a | Sl 114(115),1-2.3-4.5-6.8-9 (R. 9) | Tg 2,14-18 ou Lc 2,33-35 | Mc 8,27-35
Amados irmãos e irmãs, no Evangelho
deste 24º Domingo do Tempo Comum Jesus faz uma dupla provocação aos seus
discípulos: primeiro, queria saber o que diziam dele pela região e, depois, o
que os próprios discípulos diziam sobre ele. Na perspectiva dos homens, Jesus é
comparado às figuras do passado: João Batista, Elias ou algum dos profetas. Já
Pedro, em nome da comunidade dos discípulos faz a sua profissão de fé: “Tu és o
Messias” (Mc 8, 29). Trata-se, portanto, da identidade de Jesus. Ele, em
momento nenhum, queria fazer simplesmente uma pesquisa de campo ou sanar uma
curiosidade. Antes, com esta provocação, Jesus desejava questionar sobre sua
identidade na vida e no coração dos discípulos.
No entanto, parece estranho que o mesmo
Pedro que professou a fé de modo tão correto, seja depois, chamado de Satanás
pelo próprio Mestre. Acontece que, na mentalidade dos judeus contemporâneos de
Jesus, eles esperavam um Messias, mas que seria um libertador militar e
político. Desse modo, dizer que este Messias sofreria, seria rejeitado, morto e
ressuscitado, torna difícil a compreensão.
Satanás é quem faz de tudo para
descumprir a vontade do Pai. Nós podemos, em vários momentos da vida, fazer o
papel de Satanás: sempre que contrariamos os projetos de Deus em nossa vida. A
vida não se trata do que nós querermos fazer, mas sim, do que Deus quer que
façamos. Por isso que na primeira leitura temos a figura do servo sofredor. Jesus
é este servo que aceita o sofrimento, mas confiando na graça de Deus. Ele não é
masoquista, mas é alguém que conforma a sua vontade à obediência filial a Deus.
De fato ele era o Messias esperado, o “ungido de Deus”, o mensageiro da paz e
da misericórdia, mas não o revolucionário armado.
Às vezes, queremos encaixar Deus nas
nossas ideias, nos nossos padrões ou nos nossos modelos. Nesse sentido, é
preciso que constantemente nos perguntemos: Quem é Jesus para mim? Ora, não se
trata de uma resposta racional, mas antes, experiencial. Não basta dizer quem
ele é; mais que isto, precisamos nos configurar a ele de modo que compreendamos
a vida como de fato ela é: feita de altos e baixos, de erros e acertos, de
ganhos e perdas. A única coisa que nunca podemos perder são os olhos fixos em
Jesus.
O Senhor é claro ao dizer: “Se alguém me
quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8, 34).
Renunciar nossas mazelas, nossas vontades, nossos desejos é o desafio hodierno.
Tomar a cruz e aceitar que na vida haveremos de sofrer é um tanto quanto
desanimador. Contudo, somente quando renunciarmos o egoísmo e a autossuficiência
para fazer da nossa vida um dom a Deus e aos irmãos é que saberemos o valor da
vida. “Quer saber quanto você vale? Olhe para a cruz; você vale um Deus
crucificado” (Santo Agostinho).
A fé consiste em conformar o que
professamos com o que fazemos. Bem afirma o apóstolo Tiago: “que adianta alguém
dizer que tem fé, quando não a põe em prática?” (Tg 2,14). Seguir a Cristo é
comprometer-se com o Reino de Amor. Muitas vezes, quando nos perguntarem que é
Jesus, a nossa única resposta será o nosso próprio testemunho de vida, afinal
de contas, aquilo que fazemos diz mais de nós do que aquilo que falamos.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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