25º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B
Sb 2,12.17-20 | Sl 53(54),3-4.5.6.8 (R. 6b) | Tg 3,16-4,3 | Mc 9,30-37
O tema que perpassa a liturgia de hoje é
a decisão entre viver a SABEDORIA DE DEUS ou a SABEDORIA DOS HOMENS. O livro da
Sabedoria, na primeira leitura, é o mais novo escrito do Antigo Testamento:
acredita-se que foi composto em torno do ano 50 a.C., por um judeu de língua
grega. Este autor pretende evidenciar, grosso modo, que a Sabedoria de Deus é muito
mais justa à sabedoria dos homens. De modo análogo, o objetivo da Carta de
Tiago, na segunda leitura, é ajudar os cristãos a viverem sua fé com coerência
e autenticidade. Nesse sentido, ele exorta os leitores para que vivam conforme
a “sabedoria que vem do alto, uma vez que a sabedoria dos homens gera inveja,
contendas, falsidade” (Tg 3, 14), “rivalidade, desordem e toda a espécie de más
ações” (Tg 3,16).
Qual seria, portanto, a Sabedoria de
Deus? Esta é “pura, pacífica, compreensiva, generosa, cheia de misericórdia e
boas obras, imparcial e sem hipocrisia” (Tg 3, 17). São enumeradas sete
características pelo escritor sagrado. Obviamente, o número sete é bastante
simbólico na Escritura, porque indica perfeição, completude e abundância.
Jesus deixava claro, desde a liturgia da
semana passada, a importância de compreender que o seu messianismo se conforma
ao caminho da cruz. Mas tudo isso é difícil de entrar na cabeça dos discípulos.
Afinal de contas, ninguém gosta de sofrer! Prova disso é que no caminho,
enquanto ele ensinava, os discípulos não compreendiam e tinham medo de
perguntar (Mc 9, 32). Nós somos como esses discípulos neste momento: carregamos
em nós muitas preocupações porque não compreendemos, tantas vezes, os mistérios
de Cristo. Por que cruz? Por que morte? Por que sofrimento? Na verdade, ainda
hoje não compreendemos muita coisa. Preocupamo-nos demasiadamente com as coisas
humanas, correndo o risco de deixar as coisas divinas de lado.
Mas Jesus conhecia o coração dos seus
discípulos, como também conhece o nosso coração; por isso, ao chegarem em casa,
o Mestre fez a pergunta do que eles estavam discutindo pelo caminho. Ora, não
adianta esconder do Senhor as nossas inclinações e os nossos desejos, pois ele
nos conhece por dentro. O fato é que, enquanto Jesus falava que seria entregue
à morte e ressuscitaria, os discípulos iam discutiam quem era o maior (Mc 9,
34). Mais uma vez, os seguidores de Jesus preferiam a sabedoria humana, isto é,
o poder, a glória e o cargo, em vez da Sabedoria divina, que é a entrega, o
sacrifício, a doação.
É nesse ponto que surge na cena uma
criança, chamada por Jesus. A criança é o protótipo de seguimento a Cristo
justamente porque na sociedade palestina da época, elas não tinham direitos legais;
eram símbolo de fraqueza, pequenez e insignificância. São esses que devem estar
no centro da vida dos seguidores de Jesus! Em outras palavras não são nas
glórias de quem é o maior, mas sim, no serviço de quem se faz menor em fator de
todos os irmãos e irmãs.
A criança é, sobretudo, quem mais
confia. A pureza de coração de uma criança a permite confiar e acreditar na
proteção e no cuidado dos seus pais. Nós adultos, muitas vezes, não confiamos
sequer em Deus, que é nosso Pai, por isso nos apegamos em coisas mundanas,
puramente humanas. Precisamos, urgentemente, aprender a ter um coração de
criança: puro, sem maldade e que sabe confiar em quem ama.
Em síntese, podemos dizer que o
evangelista São Marcos quer mostrar aos seus leitores que Jesus é sim o Messias,
o Filho de Deus (Mc 1,1); no entanto, deixa claro também que esse Filho de Deus
não veio ao mundo para as glórias humanas, mas antes, para cumprir a vontade do
Pai e oferecer a sua vida a todos. Esta revelação se cumprirá com a afirmação
do centurião romano na cena da crucificação: “Verdadeiramente este homem era
Filho de Deus” (Mc 15, 39).
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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