29º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B
Is 53,10-11 | Sl 32(33),4-5.18-19.20.22 (R. 22) | Hb 4,14-16 | Mc 10,35-45
Há momentos difíceis da vida que não
encontramos o fim, a saída. Parece que tudo é escuridão e tristeza. Assim vivia
o povo exilado na Babilônia, quando, surge um profeta anônimo discípulo da
escola de Isaias que profetiza o que estudiosos chamam de “Livro das
Consolações”, correspondente aos capítulos 40-55 de Isaias. O pequeno trecho de
ouvimos na liturgia deste fim de semana pertence a este Livro das Consolações e
apresenta uma parte do quarto cântico do Servo de Javé, que só é compreensível
à luz de Jesus Cristo. É ele quem, sofrendo no lenho da cruz, ofereceu sua vida
em expiação, isto é, em nosso lugar. Assim, fazendo a vontade do Pai, ele nos
tornou justos carregando as nossas dores. Em outras palavras, quando nada mais
parecer fazer sentido em nossa vida, a resposta estará sempre nele: JESUS
CRISTO.
Acontece que a nossa tentação, assim
como a de Tiago e João, é querer que Jesus faça as coisas do nosso modo. Com
isso, nos frustramos. Ambos queriam destaque: sentar um à direita e outro à
esquerda quando Jesus estivesse em sua glória. “Nós queremos”, diziam eles como
quem se apropriasse de um direito de exigir o que quer. Ora, querer nós até
podemos querer, mas a questão não é o que nós queremos de Deus, mas sim o que
Deus quer de nós.
Por isso que Jesus questiona se eles
poderiam beber do mesmo cálice que ele haveria de beber. O cálice indica, no
contexto bíblico, o destino de uma pessoa. Em outras palavras, Jesus queria saber
se eles estariam dispostos ao mesmo destino de entrega que o Mestre cumpriria
na cruz. O Senhor deixa claro que “quem quiser ser grande, seja vosso servo” (Mc
10, 43). Este é, sempre foi e sempre continuará sendo o projeto de Deus: amar e
servir.
Algo interessante de se notar é que,
além do desejo declarado pelo poder da parte de Tiago e João, os outros dez apóstolos
não são diferentes, mas apenas escondem isso. Ao ficarem “indignados” (Mc 10,
41) com os irmãos, eles deixam claro que no íntimo do seu coração desejavam
tanto o poder e o privilégio quanto os dois. Assim, os discípulos caminham com
Jesus, mas ainda não conhecem completamente o coração de Jesus.
Mas há uma consolação nisso tudo. Se os
apóstolos de Jesus demoraram a compreender que o real projeto de Jesus é o
serviço e o amor para com o próximo, nós ainda temos esta chance. Estamos na
escola de Jesus e isso é consolador para nós. É consolador saber que “temos um
sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi
provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4, 15). É com ele que aprendemos
a ser gente menos ambiciosa e mais serviçal. É com ele que aprendemos a superar
as dificuldades da vida, porque antes, ele passou pela dificuldade da cruz a
fim de nos devolver a dignidade de filhos e filhas amados.
Sejamos, pois, homens e mulheres que saibam
ler a vida com os olhos de Cristo, fazendo da vida um constante compromisso de
amor e serviço aos demais.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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