30º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B
Jr 31,7-9 | Sl 125(126),1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R. 3) | Hb 5,1-6 | Mc 10,46-52
No evangelho deste domingo percebemos
que Jesus continua em movimento, ou seja, ele não fica parado em seu comodismo,
mas vai ao encontro daqueles que mais necessitam de luz, de vida, de esperança.
O evento de hoje é comum nos três livros sinóticos (Marcos, Mateus e Lucas). O
cego Bartimeu é o símbolo do encontro do homem com Deus, isto é, do nosso
encontro com o Senhor. “Jesus saiu de Jericó” (Mc 10,46): São Gregório Magno,
sobre este trecho, diz que Jericó traduzido é por “lua”; e na linguagem bíblica
a lua indica imperfeição, porque ela tem fases, cresce, diminui, some,
aparece... Em outras palavras, Jesus vai ao encontro da nossa imperfeição
humana para nos devolver a dignidade de filhos e filhas amados. É justamente esta
a mensagem de esperança e alegria trazida pelo profeta Jeremias na primeira
leitura: um Deus tão amoroso que é Pai e, por isso mesmo, cuida de TODOS os
seus filhos. Ele não deixará ninguém para trás, nem sequer os cegos, aleijados,
mulheres grávidas e parturientes (Jr 31,8). Deus ama a todos! Nunca nos
esqueçamos disto.
“Timeu” em grego significa honra; e “Bar”,
significa filho: Bartimeu era o “filho da honra”. Claramente, ele era cego
porque vivia apenas das honrarias humanas, mas não enxergava a verdadeira honra
que é Jesus Cristo. Por isso ele estava à beira do caminho, à margem (Mc 10,46).
O centro da sua vida era tudo, menos o Senhor. A pior das cegueiras que nós
podemos ter em nossa vida é a cegueira espiritual. Como dizem os antigos: “o
pior cego é aquele que não quer ver”. Há tanta gente no mundo que já ouviu
falar de Jesus e, no entanto, são poucos são aqueles que se dignam a deixar as
honrarias mundanas para seguir o Mestre. E nós, será que ainda estamos cegos
para Deus?
O fato é que, ao saber que Jesus
passaria, sua única chance era gritar. Acontece que muitos o repreendiam para
se calar (Mc 10, 48). Esses “muitos” podem ser tantos irmãos que pelo seu
contra-testemunho nos fazem desviar do caminho de santidade como pode ser
também nós mesmos que, tantas vezes, estando em situação de pecado, de apegos
humanos ou de afetos desordenados, tiramos Jesus do centro de nossa vida e nos
colocamos à margem do caminho de fé. Nesse sentido, às vezes, nossos piores
inimigos somos nós mesmos, quando tentamos dialogar com as tentações do
inimigo.
Bartimeu, além de cego era mendigo, ou
seja, tudo o que ele tinha como proteção era o seu manto, que servia para se proteger
das intempéries do tempo. E, no entanto, depois do encontro com Jesus de
Nazaré, ele deixa o manto para segui-lo. Ora, , quando ele decidiu deixar suas
seguranças/honrarias meramente humanas e apegar-se ao que era divino, ele foi
capaz de enxergar a vida com clareza e lucidez.
O apelo que Jesus faz ao mandar a
multidão chamar Bertimeu é o mesmo que devemos ouvir dos nossos irmãos de
comunidade. “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” (49). Interessante que a
mesma multidão que coloca empecilho para o cego se aproximar de Jesus é
provocada pelo Mestre para animar e chamar o mendigo. O nosso dever de cristãos
é sempre tornar Jesus mais próximo das pessoas e não o contrário. Nesse
sentido, mais do que o próprio Bartimeu, por um momento, aquela multidão estava
cega pelo egoísmo de acharem que só eles eram dignos da presença do Senhor.
Lembremos: Deus não é propriedade de
ninguém! E por isso mesmo, ele pode e faz maravilhas em nossa vida quando o
colocamos como centro de nossa vida. É por isso que podemos cantar como o
salmista: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!”. Este é o
motivo de nossa alegria: o Senhor nos tira de nossas cegueiras existenciais e
espirituais para nos devolver a luz da fé, da esperança e da caridade.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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