32º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B
1Rs 17,10-16 | Sl 145(146),7.8-9a.9bc-10 (R. 1) | Hb
9,24-28 | Mc 12,38-44
A nossa vida é um dom de Deus, isto é,
um presente. Isso significa dizer que não somos frutos do acaso, mas fomos,
desde sempre, amados e queridos por Deus. Quando acolhemos esta verdade, nós
tomamos consciência de que não podemos ser passivos diante da vida. Em outras
palavras, se Deus nos quer aqui, é para que sejamos homens e mulheres que
correspondam positivamente e com generosidade.
Assim, na primeira leitura, ouvimos o
profeta Elias no caminho de Sarepta. Elias foi o grande defensor da fidelidade
a Deus, no Antigo Testamento. Ele representa os israelitas fiéis que se recusavam
a adorar outra divindade que não fosse o Senhor da vida. A viúva de Sarepta nos
ensina, com a ajuda de Elias, a sermos primeiramente gratos pelo que temos e,
consequentemente, a confiar em Deus a ponto de colocar em partilha aquilo que
temos, afinal de contas, se temos (mesmo que seja pouco) é por graça e bondade
de Deus. Aqui vale aquele antigo ditado: “Pouco com Deus é muito e muito sem
Deus é nada”. Não sejamos mesquinhos diante da vida; mesquinhez atrai
mesquinhez. Sejamos generosos com aquilo que Deus nos dá, até porque, se a vida
é um dom, ela não pode ser guardada, mas sim, partilhada com os demais.
No evangelho, a advertência de Jesus é
clara: “cuidado com os doutores da lei” (Mc 12, 38), não pelo fato de serem
doutores da lei, mas pelo fato de serem hipócritas, ou seja, embora soubessem
de modo até decorado toda a lei de Deus e exigia dos outros, eles mesmos viviam
o contrário; “gostavam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores
lugares nos banquete” (Mc 12, 39). Preocupavam-se apenas com os privilégios do
cargo. Jesus estava condenando, pois, a vida em aparência, afinal de contas,
ele sempre conhece o nosso coração e nossas intenções mais profundas. Não
sejamos nós, pessoas que vivam de aparência, de títulos, de cargos... Mas
sejamos íntegros, isto é, inteiros em tudo o que fazemos. Fazer longas orações
(Mc 12, 40) não significa ter um coração unido ao de Deus. Mais do que exagero
de palavras, o Senhor quer a verdade da nossa vida.
No mesmo instante, observando o cofre do
Templo, Jesus viu que muitos ricos davam grandes quantias e uma pobre viúva deu
apenas duas moedas que nada valiam. Engana-se quem pensa que o foco aqui é o
dinheiro. Não se trata de dinheiro! Trata-se de vida! “Todos deram do que
tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía
para viver” (Mc 12, 44). Já que a vida é um dom de Deus, o que temos dado de
retribuição para Deus? Tudo o que somos e temos ou o que nos sobra? Temos, na
vida, um tempo reservado para contato com o Senhor ou damos a ele o tempo que
nos resta da semana?
Não podemos oferecer migalhas para um
Deus que nos dá tudo o que há de melhor. E detalhe: refiro-me ao que há de
melhor para nós, mas sempre aos olhos de Deus; e não em nossa pequenez humana.
Se não, corremos o risco de comparar nossa vida com a dos outros e assim,
sempre nos daremos por insatisfeitos. Não importa se oferecemos pouco ou muito
a Deus, o que importa, verdadeiramente, é se o muito ou o pouco é o melhor que
nós podemos oferecer a ele. Deus não quer o melhor do mundo, mas quer o nosso
melhor possível!
Jesus critica em nós a mediocridade. Assim,
não podemos ser profissionais medíocres, cristãos medíocres, pais ou filhos
medíocres. Devemos sempre buscar o nosso melhor a cada dia, a fim de que Deus
reconheça a nossa oferta como a verdade de nosso ser e não a hipocrisia da
nossa existência. Portanto, com as duas viúvas da liturgia de hoje aprendemos
muito. Com a viúva da primeira leitura aprendemos a ser gratos a Deus pelo que
temos e somos; com a segunda viúva, do evangelho, aprendemos a dar sempre o
melhor de nós para Deus, para os irmãos e para o mundo. Que o Senhor nos ajude,
hoje e sempre. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
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