TODOS OS SANTOS | Reflexão

 

TODOS OS SANTOS, Solenidade | Ano B

Ap 7,2-4.9-14 | Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6) | 1Jo 3,1-3 | Mt 5,1-12ª

 

A origem desta festa da esperança, objetivo da nossa vida, tem raízes antigas. No século IV, teve início a comemoração dos fiéis mártires. Os primeiros sinais desta celebração encontramos em Antioquia, no domingo após o dia de Pentecostes, sobre os quais fala São João Crisóstomo.

Entre os séculos VIII e IX, esta festa começou a se espalhar pela Europa e em Roma, onde o Papa Gregório III (731-741) escolheu o dia 1º de novembro como a data que coincidia com a consagração de uma capela, na Basílica de São Pedro, dedicada às relíquias "dos santos Apóstolos e de todos os Santos mártires e confessores, e a todos os justos, que descansam em paz no mundo".

Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2019-11/solenidade-de-todos-os-santos.html

 

Ao celebrar esta solenidade, somos convidados a questionar: quem são os santos e as santas de Deus? Ora, numa primeira resposta já podemos afirmar que são aqueles e aquelas que atingiram a glória celeste, isto é, os que hoje estão nos altares das igrejas para serem venerados. Assim, quando perguntamos sobre santos de devoção, existem vários que podem ser nomeados: Santo Inácio de Loyola, São Francisco de Assis, Santa Teresinha do Menino Jesus etc.

Todavia, aqui, vale um adágio bastante importante: “ninguém nasce santo, mas torna-se”. Em outras palavras, todo santo possui uma história, ou, como dizem “não existe santo sem passado”. Pensando assim, nós poderemos compreender que a santidade perpassa uma história de erros e acertos. Antes, trata-se de um caminho de santidade. E sobre este caminho, compreendemos na primeira leitura, a partir da visão apocalíptica de João: os santos são aqueles da veste branca, isto é, que são renascidos pelo batismo. Mas não apenas isto. Estes mesmos renascidos pelo batismo vieram de uma grande tribulação para serem alvejados no sangue do cordeiro (Ap 7, 14). Significa que para o caminho de santidade é necessário passar pelo sofrimento da cruz, como o próprio Cristo passou. A força para vencer as tribulações da vida está na veste batismal de modo que, pelo nosso batismo, somos impulsionados a superá-las.

Sendo assim, há em nós uma potencialidade de santidade, isto é, todos nós podemos ser santos à medida que nos deixamos ser alvejados no sangue do cordeiro. De modo poético e profundo o autor da segunda leitura garante que desde já somos filhos, mas nem sequer se manifestou o que seremos (1Jo 3, 2). Em resumo, a vocação de todas as pessoas é ser santo. Portanto, a celebração de hoje é um convite a todos nós para recordarmos aquilo que podemos e devemos ser. Santos somos nós quando deixamos a graça e o amor de Deus agir em nossa vida quotidiana.

Assim, em se tratando de um caminho de santidade, é necessário que nos perguntemos ainda, o modo como podemos atingir essa potencialidade de santidade. E a resposta está no evangelho.

O sermão da montanha é a “bula” para a santidade. São bem-aventurados, isto é, santos os pobres, os aflitos, os mansos, os misericordiosos, os de puro coração, os que são perseguidos... Vejam que Jesus coloca as bem-aventuranças justamente nas fraquezas. Isso mostra que para ser santo não precisa ser lunático. Não precisa ser de outro mundo. Para ser santo basta ser humano e deixar Deus ser Deus. Esta é a beleza trazida no anúncio de Jesus; a partir do momento que deixamos o Senhor vir em auxílio da nossa fraqueza, deixamos de ser autossuficientes e nos tornamos realmente filhos que buscam a santidade. Por isso que Santo Inácio de Loyola dizia que “ninguém sabe o que Deus faria de nós, se não puséssemos tantos obstáculos à sua graça”.

Olhemos para a nossa vida: quantas vezes em nome de uma “santidade de vida” nos tornamos arrogantes, nos julgamos melhores que os outros, nos achamos únicos dignos de salvação etc. A verdadeira santidade está em se colocar como servo a fim de compreender que recompensa nenhuma deste mundo nos satisfaz, mas somente a recompensa de viver um dia junto de Deus, no Reino Celeste.

Que o Senhor nos ajude neste caminho diário de santidade. Amém!

           

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista da Diocese de Jaboticabal/SP.

 

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