IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA,
SOLENIDADE | Ano C
2ª Semana do Advento
Gn 3,9-15.20 | Sl 97(98),1.2-3ab.3cd-4 (R. 1a) | Ef
1,3-6.11-12 | Lc 1,26-38
Breve
contextualização histórica e dogmática desta solenidade:
Embora seja celebrada liturgicamente há mais tempo, o dogma da Imaculada Conceição
de Maria só foi proclamado pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854, através
da Bula Ineffabilis Deus. Este dogma afirma
que a Virgem Maria foi preservada do pecado original desde o início de sua
existência.
Amados irmãos e irmãs, o livro do
Gênesis não quer ser, para nós, um texto jornalístico fiel ao modo como Deus
criou o mundo; longe disso. O intuito desta narrativa é poder afirmar com fé:
Deus é o autor e princípio de tudo o que existe. Mesmo assim, a humanidade caiu
na desobediência e cometeu o primeiro pecado. Neste contexto, o próprio Senhor
vai ao encontro deste Adão ferido pela desobediência e pergunta: “onde estás?”.
Trata-se, não de uma questão geográfica, mas interior, espiritual e
psicológica. O homem está nu diante de Deus. Está nu porque perdeu a sua
dignidade, perdeu o seu juízo, perdeu a sua capacidade de reconhecer a ternura
e a misericórdia de Deus. Nós, tantas vezes, não somos capazes de responder
onde estamos para Deus porque nos vemos perdidos, mergulhados no pecado e na desobediência.
Também a mulher, Eva, participa deste ato de nudez, e por isso mesmo, foi
estabelecida uma “inimizade ente a mulher e a serpente” (Gn 3,15).
O que esta leitura tem a ver com a festa
da Imaculada Conceição? Ora, o Senhor nunca nos desampara; ele sempre vem ao
nosso socorro, e por isso, neste tempo de Advento podemos dizer: “Maranathá, vem Senhor Jesus!”. Tanto é
verdade que, mesmo tendo entrado o pecado no mundo, Deus, em seu admirável poder,
preservou uma menina de Nazaré chamada Maria deste pecado original, ou seja, do
pecado de Adão e Eva. Maria foi preservada, tendo em vista os méritos de
Cristo, e por isso é a Imaculada Conceição.
A prova mais bela desta preservação foi
o relato que ouvimos no Evangelho, da anunciação: a virgem prometida a José
recebeu o anjo com uma saudação. “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está
contigo!” (Lc 1, 28). Ora, alegria é atitude de quem tem Deus na vida. Ser
cheio da graça de Deus nos permite estarmos alegres diante das situações da
vida, pois, nunca podemos perder de vista que Deus está conosco e este é o
maior presente que podemos receber, diariamente.
Diante da perturbação de coração, por tomar
consciência do grandioso projeto de Deus para ela, isto é, de ser mãe do Filho
do Altíssimo, Maria somente foi capaz de perguntar ao anjo: “Como acontecerá
isso, se eu não conheço homem algum?” (Lc 1,34). Irmãos e irmãs, se quisermos
aprender com o coração Imaculado de Maria a fazer sempre a vontade de Deus em
nossa vida, precisamos parar de tanta nudez espiritual, parar de tanta desobediência.
Em vez de perguntar o porquê das coisas acontecerem em nossa vida, num gesto de
pessimismo e vitimismo, devemos levantar a cabeça e perguntar a Deus: “mas como posso fazer tua vontade, Senhor?”. Quando tomarmos esta postura diante da vida,
aí sim compreenderemos que “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37).
Diante da presença do Senhor em nossa
vida, não podemos nos fechar e nos esconder como fez Adão e Eva no jardim do
Éden. Do contrário, como Maria, devemos nos apresentar ao Senhor confiantes de
que ele sempre pode realizar prodígios. Como é difícil dizer igual a Maria “Eis
aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38),
porque queremos sempre agir conforme a nossa vontade, e não a de Deus.
Enfim, este é um tempo propício para transformar
nossos corações, na certeza de que o Natal se aproxima e, por isso, Deus nasce
e renasce em nossa vida nos trazendo paz, alegria e esperança. Aprendamos com a
Virgem Maria que, sendo preservada do pecado para colaborar com a obra da Redenção,
nos ajuda a compreender que, mesmo diante de nossa pequenez, temos também que
colaborar com o Reino de Deus neste mundo carente de amor e de perdão. Não nos
escondamos, mas digamos sempre: “Eis-me aqui, Senhor”.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
Eis me aqui Senhor! Que belíssima e maravilhosa reflexão. Deus o abençoe, querido amigo.
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