2º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C
Is 62,1-5 | Sl 95(96) 1-2a.2b-3.7-8a.9-10a.c (R. 1a.3b) | 1Cor 12,4-11 | Jo 2,1-11
Amados irmãos e irmãs,
graça e paz! Nutridos deste bonito caminho natalino que fizemos, recomeçamos,
agora, um ciclo litúrgico chamado “Tempo Comum”. É o período do discipulado,
isto é, de aprender com o Mestre a ser sempre mais seus discípulos. É, pois,
por Cristo, com Cristo e em Cristo...
A figura do casamento
esteve, desde muito cedo, presente na história do Povo eleito, isso porque a metáfora
do casamento descreve a relação de amor e comunhão entre Deus e o Povo. Tanto é
verdade que a primeira leitura aponta para isto: a profecia de Isaias de que o
amor infinito de Deus irá regenerar Jerusalém, a cidade destruída e saqueada.
Somente pela força do amor, semelhante ao amor de um esposo para com a esposa,
é capaz de recriar e transformar tudo. Precisamos crer que o amor transforma,
modifica e reconstrói. Do contrário, tornaremos a repetir frases infelizes
como: “isto não tem mais jeito”. Não importa que todos nós tenhamos dons,
carismas e atividades diferentes, como ouvimos na segunda leitura! O que
importa é que “um mesmo é o Espírito” (1Cor 12,4), “um mesmo é o Senhor” (1Cor
12,5), enfim, “um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos” (1Cor 12,6).
Sendo assim, em nossas maiores diferenças é que habita o poder da
transformação, o poder do amor, o poder do Espírito Santo de Deus.
No Evangelho, há tantos
sinais que poderíamos refletir, por isso, trataremos apenas de alguns. Também
em contexto matrimonial, somos transportados para as bodas de Caná, na
Galileia. Presentes estão Jesus, Maria e os discípulos. Contudo, diante de
tanta gente presente na festa, somente a sensibilidade materna de Nossa Senhora
que é capaz de perceber o que falta: vinho (Jo 2,4). Em nossa existência, é
preciso que saibamos reconhecer aquilo que nos falta. São tantos “vinhos
faltosos”: amor, esperança, fidelidade...
Depois de reconhecer o
que está faltando na festa da nossa vida, ainda não é o suficiente. Precisamos,
mais uma vez, aprender com Maria a busca soluções efetivas e verdadeiras: “fazei
o que ele vos disser” (Jo 2,5). Somente quando depositamos nossas faltas a
Deus, confiantes em sua abundante misericórdia, é que seremos capazes de
abandonar as nossas vontades para fazer as de Jesus. Quando nos falta aquilo
que é essencial, vamos colocando penduricalhos e amuletos no lugar de Deus.
Jesus manda que encham
talhas de água (Jo 2,7). Essas talhas eram seis, pois indica justamente a
falta, a não-perfeição. Está quase. Sete é o número perfeito na linguagem
bíblica. Nós podemos não estar prontos, perfeitos e santos hoje, mas também não
estamos longe da transformação, da vida nova, da conversão. Somos como essas
talhas, cheios de água, mas que necessitam de transformação. A água não tem
sabor, não tem cheiro, não tem cor; e tantas vezes estamos assim, apáticos
diante do sabor da vida abundante (Jo 10,10), sem exalar o “bom odor de Cristo”
(2Cor 2,15) e totalmente incrédulos da esperança que não decepciona (Rm 5,5).
Mas não podemos desanimar diante da possibilidade de vinho novo que se aproxima
em nossa existência, pois, diante da afirmação do mestre-sala: “tu guardaste o
vinho melhor até agora” (Jo 2,10), só podemos constatar uma coisa: tudo o que
Deus toca e transforma, é muito melhor ao que nós planejamos.
Portanto, deixemo-nos
ser tocados por Jesus e transformados pela tua Palavra de vida. Reconheçamos,
com Maria, o que ainda falta em nossa vida, para que, com a ajuda do Senhor,
sejamos transformados e transformemos o mundo em que vivemos num lugar melhor
para se habitar, mesmo em nossas maiores diferenças, afinal de contas, somos
“todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).
Assim seja! Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
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