3º DOMINGO DA QUARESMA | Ano C
Ex 3,1-8a.13-15 | Sl 102(103),1-2.3-4.8.11 (R. 8a) |
1Cor 10,1-6.10-12 | Lc 13,1-9
Este é o terceiro
domingo do tempo quaresmal. Ainda é tempo de viver práticas de oração, jejum e
caridade! Aproveitemos para deixar a Palavra de Deus enraizar em nosso coração
e ecoar em nossa vida, a fim de que sejamos homens e mulheres que sabem experimentar
e transmitir a graça, o amor e o cuidado de Deus.
A parábola contada por
Jesus, no Evangelho, apresenta a infinita misericórdia do Pai. A figueira é
símbolo de Israel (cf. Os 9,10), que por tantas vezes, foi infiel aos projetos
de Deus e, por isso mesmo, não produziu frutos. A solução lógica, se tratando
de uma figueira infrutífera, seria arrancá-la. Contudo, o Senhor é
misericordioso e paciente, mesmo diante das infidelidades do povo. Quantas
situações da vida o Senhor já olhou para nós e nos perdoou, nos amou e nos
acolheu? Verdadeiramente, “o Senhor é bondoso e compassivo” (Sl 102[103], 8a).
Percebemos essa
paciência e misericórdia na atitude do vinhateiro que diz: “Senhor, deixa a
figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que
venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás” (Lc 13,8-9). A graça de Deus conta com o esforço humano.
É possível sim experimentar a paciência e a misericórdia de Deus, mas antes, é
necessário que aprendamos a cuidar. Nesse sentido, tudo o que cuidamos dura
mais: as relações, os objetos, a saúde etc. É preciso cuidar! Ora, não cabe na
vida dos seguidores de Jesus uma existência medíocre. É preciso que sejamos
figueiras cuidadas, isto é, que dêem bons frutos no mundo.
Quaresma é o tempo
propício de exercer o cuidado. Cuidar até mesmo de nossas práticas de
abstinência e de jejum. Para que não sejamos arrancados da vinha do Senhor, urge
que saiamos do comodismo e aprendamos a adubar bons sentimentos em nossa
existência. O cuidado para com nossa vida espiritual é tão necessário que o
apóstolo adverte, na segunda leitura: “quem julga estar de pé tome cuidado para
não cair” (1Cor 10,12).
Não podemos ser
moralistas. Deus não quer pessoas que sejam boas somente na aparência, mas sim
na essência. Todos nós, seres humanos, estamos passíveis de cair e errar,
contudo, é necessário que haja também o desejo de arrependimento, conversão e
reparação. Nisto consiste a paciência de Deus; não é apatia, não é esquecimento,
não é “fechar os olhos” para a nossa miséria, mas reconhecer que, apesar delas,
somos filhos e filhas amados.
É por isso que Deus se
faz presença, revelando o seu nome a Moisés na sarça ardente: “Eu Sou aquele
que sou” (Ex 3,14). E se revela com uma
finalidade, isto é, para o cuidado: “Eu vi a aflição do meu povo que está no
Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, conheço
os seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos egípcios, e fazê-los
sair daquele país para uma terra boa e espaçosa, uma terra onde corre leite e
mel” (Ex 3,7-8). Deus não está alheio às aflições do seu povo; ele
constantemente cuida de nós. Mas não faz tudo como um passe de mágica; ele
conta com a ajuda de Moisés: “E agora vai; Eu te envio ao faraó, e faz sair do
Egito o meu povo, os filhos de Israel” (Ex 3,10).
Acontece que para
entrar em contato com este Deus cuidador, é necessário “tirar as sandálias dos
pés” (Ex 3,5), isto é, despojar de tudo aquilo que é segurança humana, pecado e
miséria para encher-se a graça misericordiosa de Deus. Aprenderemos a cuidar
uns dos outros, cuidar da nossa casa comum, cuidar da vida em todas as suas
dimensões na medida em que nos dispusermos a abrir o coração e acolher a
presença do Deus sempre é, foi e será.
Enfim, com o cuidado
que Deus tem por cada um de nós, aprendemos também a cuidar uns dos outros.
Agora é o tempo favorável para conversão. Exerçamos o verdadeiro cuidado para
com a ecologia integral, para com a nossa santificação para com todos!
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
Amem
ResponderExcluir