4º DOMINGO DA QUARESMA | Ano C
Js 5,9a.10-12 | Sl 33(34),2-3.4-5.6-7 (R. 9a) | 2Cor
5,17-21 | Lc 15,1-3.11-32
Chegamos ao Quarto Domingo
da Quaresma, chamado também o “Domingo da Alegria”. Isto porque se aproxima a
festa da Páscoa, centro de nosso calendário litúrgico e evento central da fé
cristã. Neste dia, a cor roxa cede lugar ao róseo na liturgia para indicar esta
alegre espera da Ressurreição do Senhor.
Na primeira leitura,
contemplamos o Povo de Israel que, após atravessar o Rio Jordão, acampa em
Guilgal para celebrar a Páscoa, isto é, a passagem/libertação. Ali comem os
primeiros frutos da terra, chamadas primícias; agora não precisam mais do maná,
pois podem cultivar seus alimentos em Canaã. A chegada na terra prometida,
liderada por Josué, é uma grande prova para o povo hebreu de que Deus cumpre
suas promessas e os reconduzem da escravidão para a liberdade.
Esta é a alegria do
povo; uma nova fase. A Páscoa celebrada na nova terra indica justamente esta
nova geração. Esta é proposta do tempo quaresmal: somos peregrinos em direção a
uma vida nova em Cristo. Sem escravidão, mas para a liberdade de verdadeiros
filhos amados. Assim sendo, Paulo explicita: “Se alguém está em Cristo, é uma
criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. E tudo vem de
Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da
reconciliação” (2Cor 5,17-18).
Em Jesus Cristo somos o
filho pródigo, que sempre pode retornar à casa do Pai, que por sua vez, é rico
em misericórdia. O filho mais novo, tendo matado o pai em seu coração com a
atitude de pedir sua parte da herança, vai embora e gasta tudo. No momento mais
crítico de sua miséria, resta-lhe a lucidez de que só o pai pode ajudar;
somente o pai tem condições suficientes para lhe restaurar a dignidade. Em
outras palavras, mesmo quando estamos no fundo do poço, a nossa dignidade de
filhos e filhas não é esquecida, afinal de contas “o homem caído não cai da mão
de Deus” (Santo Irineu de Lião).
Ao tomar consciência disto,
ele volta para a casa, arrependido. E a alegria do pai consiste no seu grito de
acolhida: “este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi
encontrado” (Lc 15,24). O amor do pai fez renascer vida onde só existia morte. Portanto,
a vida nova é o encontro com Deus.
A festa que o pai dá é
o gesto simbólico desta alegre acolhida, desta vida renovada. Também na festa
eucarística, renovamos a nossa aliança de amor e ternura com Deus, nos
reconhecendo como filhos do Pai de Misericórdia. Se fazemos parte desta mesa é
porque nos reconhecemos como filhos e filhas.
No entanto, maior que o
risco de ser o filho pródigo, é de nos identificarmos ao filho mais velho; aquele
que fica com o pai, mas murmura com o retorno do irmão. Em nossas comunidades
não pode mais haver inveja, ciúmes ou vaidades. Saibamos nos alegrar com o
retorno daqueles que se afastaram das coisas de Deus. Sejamos homens e mulheres
que reconhecem a grandiosa bondade do Pai, a ponto de perceber, no testemunho
dos irmãos, o quanto Deus é misericordioso. De nada adianta permanecer na casa
do Pai e não reconhecer como irmão aquele que errou; quem vive assim, precisa mais
de conversão àquele que se afastou.
Enfim, este é o domingo
da alegria porque é o domingo do reencontro. Deus quer nos reencontrar em
nossas misérias humanas para nos resgatar e fazer uma passagem da escravidão
para a libertação. A nós, resta-nos provar e ver quão suave é o Senhor... ele
sempre cumpre suas promessas. Alegremo-nos! Eis o tempo favorável!
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
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