3º DOMINGO DA PÁSCOA | Ano C
At 5,27b-32.40b-41 | Sl 29(30),2.4.5-6.11.12a.13b
(R. 2a) | Ap 5,11-14 | Jo 21,1-19
Amados irmãos e irmãs,
estamos no tempo pascal e o Evangelho desta liturgia nos apresenta a pesca
milagrosa no mar de Tiberíades, acontecida depois da ressurreição de Jesus:
trata-se da terceira aparição do Ressuscitado (Jo 21,14).
O fato interessante é
que, depois do “fracasso” da morte de Jesus, os discípulos resolvem, junto de
Pedro, pescar. Ora, a pesca era a profissão que alguns deles exerciam antes de
serem chamados pelo Senhor. Portanto, o ato de ir pescar significa voltar para
a vida antiga, voltar para o que faziam antes do chamado. O fracasso gera isso
em nós: não nos permite enxergar a missão futura, mas somente se apega às
seguranças do passado.
A fé pascal quer nos
mostrar que não se anda para trás, mas sempre para frente. Por isso que o
Senhor Ressuscitado aparece no meio deles para dar-lhes força, ânimo e alegria
na missão. Na ausência de Jesus os discípulos não pescaram nada. Somente quando
amanheceu, isto é, ressurgiu um dia novo, na presença do Senhor Ressuscitado, é
que a missão foi frutífera, isto porque, sem Jesus, nada do que fazemos tem
sentido!
Pescaram 153 peixes:
São Jerônimo comenta este número explicando que representa o número total de
espécies de peixes conhecidas na época de Jesus. Em outras palavras, o desejo
de Jesus, com a sua presença viva é de que seu projeto de amor chegue a todo o
mundo e em todo lugar. Assim, quando ele está junto, a missão se torna
frutífera. Coloquemos a foca do ressuscitado em nossas ações pastorais, em
nossas atividades cotidianas, em nossas situações familiares, pois, somente com
ele é que modificamos o que é noite, em dia; o que é rede vazia, em pesca
abundante.
Num segundo momento do
texto bíblico, Jesus se dirige a Pedro com uma pergunta feita por três vezes:
“Tu me amas?” (Jo 21,15). Antes da cruz, Pedro negou Jesus por três vezes.
Agora, diante do ressuscitado, ele afirma seu amor também por três vezes. Pouco
importa que tenhamos fraquejado na fé em algum momento da vida, o que importa
mesmo é a nossa disposição para mudar as atitudes e afirmar o amor verdadeiro
pelo projeto do Reino.
A missão é confiada a
Pedro somente depois de professar o seu amor a Jesus: “Apascenta as minhas
ovelhas” (Jo 21,17). Irmãos e irmãs, sem amor não podemos fazer nada. Para
apascentar o rebanho de Jesus, isto é, para sermos cuidadores uns dos outros,
não é preciso ser o mais bonito, o mais inteligente, o mais alto ou quaisquer
outras características triviais; mas é preciso amar Jesus.
É claro que amar e
seguir a Cristo é uma tarefa bastante exigente, sobretudo em tempos como os
nossos. Prova disto é o sofrimento sofrido pelos apóstolos que vemos na
primeira leitura: os guardas do Templo levaram os apóstolos, depois de já terem
sido presos e soltos por intervenção divina (At 5,19-21), para o Sinédrio, isto
é, um conselho judaico que administrava a justiça à partir da Torá (Lei de
Deus). É Pedro que, em nome da comunidade como um verdadeiro Pastor que ama e
obedece ao Senhor, testemunha a fé: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos
homens. O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes,
pregando-o numa cruz. Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia Supremo e
Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados”
(At 5,29-31).
Um detalhe muito
interessante é que “os apóstolos saíram contentes por terem sido considerados
dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus” (At 5,41). Realmente, quem vive
nos caminhos do Senhor está contente, mesmo diante de perseguição e
incompreensão. A presença de Jesus, e somente ela, é capaz de transformar o que
é noite escura em dia ensolarado; fracasso em pesca abundante; angústias e
medos em fé e esperança. Tenhamos esta convicção, hoje e sempre.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
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