5º Domingo da Quaresma Reflexão

 

5º DOMINGO DA QUARESMA | Ano C

Is 43,16-21 | Sl 125(126),1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R. 3) | Fl 3,8-14 | Jo 8,1-11

 

Neste quinto e último domingo da Quaresma somos chamados, mais uma vez, a experimentar a graça e a misericórdia de Deus, a fim de uma mudança concreta de vida para viver o mistério pascal que se aproxima.

Isaías, na primeira leitura, escreve para o povo que ainda estava sofrendo os flagelos do exílio na Babilônia. É, pois, uma mensagem de ânimo e esperança: o mesmo Deus que libertou o povo do Egito, fazendo-o atravessar o mar vermelho, é o Deus que libertará este povo escolhido. Ele diz: “eis que eu farei coisas novas” (Is 43,19). O Senhor mostra, com esse oráculo de Isaias que, a promessa sempre se renova; mas não significa que devamos ficar presos às coisas do passado. Em outras palavras: sim, é verdade que o Senhor libertará o povo da Babilônia assim como já libertou o povo do Egito antigamente, porém, reduzir toda a libertação ao passado não é bom; trata-se de “coisas novas”.

Neste tempo quaresmal, não podemos ficar presos às mágoas e ressentimentos do passado. São justamente esses sentimentos que nos tornam escravos do pecado. Deus quer fazer coisas novas em nossa vida, mas para isso, é necessário que tenhamos também atitudes novas perante a vida. “Maravilhas fez conosco o Senhor” (Sl 125[126], 3), é verdade! No entanto, quantas maravilhas ainda ele certamente fará se nos abrirmos à sua graça?

Em suma, tudo depende do quanto da misericórdia de Deus estamos dispostos a acolher; porque da parte dele, sempre há disposição para nos amar e perdoar. Nesse sentido, o Evangelho ilumina a reflexão: pecado todos nós temos; no entanto, não podemos nos tornar escravo deles, afinal de contas, “é para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).

No fato narrado pelo evangelista, os fariseus e mestres da lei assumiam um ofício que não lhe são próprios: de julgar. Só pode julgar quem conhece por dentro, quem conhece o coração e as intenções, isto é, somente Deus. Toda vez que desejamos tomar o lugar de Deus cometemos o mesmo erro de Satanás. A postura de Jesus é de misericórdia e justiça: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8,7); “Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8,10-11).

Desde textos normativos como Lv 20 e o Dt 22, sabemos que o castigo pelo adultério seria a morte. No entanto, Jesus não pode ser conivente com a postura daqueles que só queriam apontar o erro dos outros publicamente, a fim de esconder as suas próprias incoerências.

Em nossa caminhada cristã, somos tentados a agir do mesmo modo, ainda que de forma menos agressiva, tantas vezes, nos colocamos como julgadores uns dos outros a ponto de dizer quem é ou não digno de pertencer ao grupo. Aproveitemos a semana santa que se aproxima para buscar no Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, a nossa conversão.

As sós com o mestre, a mulher aprende o verdadeiro sentido de misericórdia e é chamada a não mais pecar. Eis a proposta de vida nova: uma vida sem ressentimento, sem mágoas, sem marcas que expressam somente o que já foi. Com a postura de Jesus, aquela mulher aprendeu, não a ignorar o seu erro, mas a perceber que “um erro na vida não significa uma vida de erros” (Pe. Zezinho, scj).

Enfim, as pedras podem servir para construir um sólido alicerce, mas podem também servir para atacar alguém até a morte, como queriam aqueles fariseus do Evangelho. A escolha cabe a cada um de nós. Não fiquemos remoendo mágoas e erros do passado, mas abracemos a vida nova em Cristo.

Assim seja. Amém!

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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