DOMINGO NA OITAVA DA PÁSCOA | Ano C
Domingo da Divina Misericórdia
At 5,12-16 | Sl 117(118),2-4.22-24.25-27a (R. 1) | Ap
1,9-11a.12-13.17-19 | Jo 20,19-31
Dentro da oitava da
Páscoa do Senhor, celebramos o “Domingo da Divina Misericórdia”. Trata-se de
uma festa instituída por São João Paulo II no ano de 2000, a fim de valorizar a
experiência mística de Santa Faustina Kowalska. Neste domingo é possível,
também, lucrar indulgência plenária.
No relato joanino da
Paixão que ouvimos na sexta-feira santa há um detalhe muito importante: “Ao se
aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas;
mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (Jo
18,33-34). Ao morrer, brotou do lado aberto de Jesus o sangue e a água, que são
fontes de misericórdia para o mundo inteiro.
No evangelho de hoje, a
comunidade está reunida, no entanto, permanece fechada em si mesma por medo dos
judeus. De repente, Jesus, o Ressuscitado, aparece no meio deles. Ainda hoje,
em tantas situações da vida que nos causam medo, que nos fecham em nós mesmos e
em nosso egoísmo, o Senhor Ressuscitado continua sendo presença amorosa para
nos desejar a paz. Não existe barreiras para o amor e a graça de Deus, por
isso, mesmo com as portas fechadas, ele entra; e por três vezes no texto Jesus
deseja a paz. Ora, para que nesse tempo pascal tenhamos a tão sonhada paz em
nossas famílias, em nossa vida, em nosso cotidiano, urge que sintamos a paz que
vem do Cristo Ressuscitado. Paz esta que se concretiza com o sopro do Espírito:
“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão
perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23).
O gesto de soprar
recorda o texto de Gn 2,7, em que o homem se tornou um ser vivente; com este
sopro de Jesus, ele transmite aos discípulos a Vida Nova que, por sua vez, nos
torna pessoas novas para testemunharem o Ressuscitado. Assim, paz é saber perdoar!
Ressurreição é a festa do perdão; e perdão é misericórdia!
Podemos,
verdadeiramente, dizer como o salmista: “Dai graças ao Senhor, porque Ele é
bom! Eterna é a sua misericórdia”. Acontece que confiar a misericórdia de Deus
nem sempre é uma tarefa fácil para nós. Prova disso é a atitude de Tomé: para
ele, se não tocasse nas chagas do Mestre, não se contentaria.
Nós caímos, muitas
vezes, na tentação de julgar Tomé como sendo incrédulo. Todavia, mais que isso,
Tomé é um homem que busca a verdade. Ele é o “dídimo”, isto é, o gêmeo do
Senhor. Nesta sua busca, no entanto, é capaz de dizer a mais linda profissão de
fé: “Meu Senhor e meu Deus”. Confessar que Jesus Cristo é o Senhor e Deus da
nossa vida é uma verdadeira alegria. É a verdadeira fonte de paz e de
misericórdia.
“Meu Senhor e meu
Deus!” (Jo 20, 28): Com esta afirmação ele declarou perante todos que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus. Aquele mesmo Jesus de Nazaré Crucificado é o
Ressuscitado. O lado aberto que jorra a fonte de misericórdia precisa ser
tocado por nós, como Tomé o fez. Tenhamos esta coragem.
O toque de Tomé tem
muito a ver com os nossos toques, com nossas buscas, com nossas dúvidas.
Perguntemo-nos: como temos tocado a eucaristia? Como temos tocado na Escritura?
Como temos tocado nos irmãos? O que temos buscado na religião?
Aproveitemos deste
tempo novo de ressurreição para nos tornarmos pessoas capazes de experimentar e
testemunhar a misericórdia de Deus.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
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